São cabos, senhor
Conclusão - Bigger, bolder, better
Os cabos da série Carbon da Kimber Kables que aqui analisei não são baratos. Mas também estão longe - muito longe mesmo - de ser os cabos de coluna mais caros do mercado, ou até da própria marca. Ora, se o seu preço afastará alguns logo à partida, outros haverá que farão a habitual análise: conseguirei eu melhor do que isto, por um preço semelhante? Dinâmica de alto nível? Silêncio e nível zero de ruído de fundo? Grande transparência? Detalhe? Riqueza tímbrica? Clareza? Velocidade de reprodução da música? Naturalidade dos agudos médios e graves, sim, mas mais, sendo eles precisos e explícitos, mas ao mesmo tempo controlados? Sim, sim e sim em todos os três cabos testados. Embora nuns mais do que noutros, como antes referi.
Durante a sua passagem pela minha casa, os três cabos da Kimber tocaram com vários amplificadores (de válvulas e estado sólido) e com várias colunas, algumas delas uns furos acima das minhas actuais. O facto - facto - de os Carbon se terem dado bem com todas as parcerias que fizeram (inevitavelmente melhor com algumas do que com outras) atesta bem da sua boa aproximação à neutralidade e da sua universalidade. Ora, não sendo esquisitos, os três Carbon revelaram ainda assim as diferenças trazidas pelas colunas e pelos amplificadores que fui trazendo para o sistema. E, já agora, fizeram o mesmo quando as mudanças que introduzi foram as de outros cabos. Sim, afirmo, sem margem para dúvidas: os Carbon deixaram ver muito bem a diferença trazida para o sistema pela introdução de outros cabos, no caso com outros cabos de interconexão.
Os Kimber Carbon não serão os cabos mais neutros; o seu equilíbrio tonal está mais para o lado quente, mas isso não faz com que os graves não sejam correctos, de todo, nem com que os médios não apresentem uma grande naturalidade e que os agudos não tenham muito boa extensão. Estes Carbon agregam na mesma proposta refinamento e subtileza em doses que habitualmente se ouvem em cabos mais caros (já ouvido não no meu sistema, mas em Audioshows, salas de distribuidores e casa de amigos).
O Carbon 8 é um excelente cabo para quem queira evoluir de cabos mais acessíveis para algo já muito dinâmico e revelador. Para que não restem dúvidas, é claramente um cabo high end. Surpreendeu-me ao entrar no meu sistema, que elevou para outro patamar. Contudo, uma vez ou outra, o grave não foi tão definido e controlado como sucede no 16 e no 18XL.
O Carbon 16 trouxe o maior salto ao meu sistema. A evolução do 8 para o 16 foi muito grande. Adorei cada segundo da sua presença a ajudar a tocar música na minha sala. Todavia, há que reconhecer que a sensação de imersão e aquela ilusão misteriosa da presença física dos músicos na sala, como referi, tão facilmente sentida com o Carbon 18XL, também com ele foi ouvida, mas de forma ligeiramente reduzida (ligeiramente).
O Carbon 18XL pertence a outro campeonato. Tudo o que o Carbon 16 fez, o Carbon 18XL fez um pouco melhor e de forma mais convincente. Não se trata de “cópias de carbono”, por assim dizer, um do outro. O Carbon 18XL aproveitou os pontos fortes do Carbon 16 e aprimorou ainda mais o seu desempenho. Um excelente cabo, senhores ouvintes, o melhor que já tive na minha casa (e nos últimos tempos tive cá alguns de preços semelhantes).
Mais uma vez o constato: os cabos importam. Um cabo de coluna (ou de interconexão, ou outro) pode alterar muito - MUITO - a sonoridade de um sistema. Já tive oportunidade de ver isso no meu sistema por várias vezes. E noutros, também. Durante os testes destes Kimber, tive oportunidade de o constatar em casa de um amigo, em casa de quem estávamos três amigos a ouvir música. E ver a grande mudança - grande mesmo - da mudança, no seu sistema de nível médio-alto, de um cabo de coluna, primeiro, de um cabo de interconexão, depois, e finalmente da inserção simultânea dos dois cabos (um dos quais um dos que aqui foram testados). O espanto era generalizado, e unânime! Nada de subjectivo, muito objectivo mesmo, parecia que o sistema tinha mudado, e mudado muito. Leitor de CDs, amplificador, colunas. Tudo novo; e melhor. Ou assim aparentava ser. Tudo parecia ter subido dois ou três patamares. Por isso, sim, os cabos importam. Sim, são cabos, senhor. Por isso, não compreendo aqueles que, dizendo-se audiófilos, quando não reclamando-se mesmo do high end, rejeitam a importância que os cabos podem ter. Se um sistema não for suficientemente revelador, então sim, a mudança de cabos pode não fazer diferença, caso contrário, pode fazê-la, e muito. Quantas vezes não se decide trocar de amplificador, ou de colunas, quantas vezes não se é crítico e desgosto com o que se tem em casa, quando tudo se poderia resolver ou atenuar com mudanças nos cabos.
Estes cabos Carbon da causaram diferenças muito audíveis no meu sistema face aos cabos de coluna que tenho tido em acção. Uns mais do que outros, como deixei claro. Só não fico com nenhum deles - pelo menos para já - porque o meu sistema se encontra em reavaliação, e só após isso haverá lugar a decisões.
A teoria económica explica porque é que os produtos melhores são tendencialmente mais caros que os restantes. Envolvem uma conjugação de melhores (e mais caros) materiais, melhor qualidade de construção (e mais cara) mais horas de fabrico (maiores custos com mão de obra), custos fixos menos diluídos na mais reduzida quantidade produzida, um design mais apurado (e mais caro), etc. Mesmo noutros domínios mais comezinhos, os melhores restaurantes são mais caros, os melhores automóveis também, os melhores casacos, camisas e sapatos também. Dito isto, todos sabemos que não é sempre assim; é assim quase sempre, mas não sempre. Ser mais caro nem sempre é ser melhor; há coisas que são muito boas e não são muito caras. Mas essas são as excepções que confirmam a regra: o melhor é mais caro. O áudio não foge a estes princípios. É assim que umas colunas que têm um preço de X são (quase) sempre melhoradas por outras que custam 5X, estas por outras que custam 10X, e assim sucessivamente. Ora os princípios aqui enunciados aplicam-se claramente a esta série Carbon da Kimber: O melhor cabo é o mais caro, o Carbon 18XL.
No geral, qual seria o Carbon que eu escolheria? Se o preço não for um impedimento (e acima, ainda há os Select… que farão eles?), então escolheria o 18XL, por uma unha negra (está bem, por algumas unhas negras). Mas o meu favorito foi sem dúvida o Carbon 16. Mudou o meu sistema de forma extraordinária e muito impactante. Preço não obstante - aqui também, apesar de tudo - podia bem ficar a viver com ele, se podia.
Ninguém que eu conheça constrói um sistema em torno de cabos, mas ninguém pode se dar ao luxo de os ignorar. É tudo uma questão de ajuste fino – o processo de mineração, aprimoramento e refinamento para recuperar o último pedaço de dinâmica, resolução e transparência. E isso é algo que os Kimber Carbon permitem fazer tão bem.
Os cabos importam.
São cabos, Senhor. E estes Kimber Carbon importam, muito, oh se importam. Muito recomendados.
Cabos Kimber Kable Carbon Series
Preços:
Carbon 8 - 2m: 1806 €
Carbon 16 - 2m: 3442 €
Carbon 18XL - 2m: 5462 €
Representante Ajasom
Sistema
Fontes:leitor de CDs: Ayre Evolution CX-7, Primare i21; Meridian 506.24; streamer Aurender A-15.
Amplificação: pré-amplificador: Conrad Johnson PV-12AL; amplificador de potência: Conrad Johnson Premier 11A, NuForce Reference 8/8B, upgrade version 8.02 (monoblocos). Amplificadores integrados: Accuphase E-5000 e E-380; Primare 30.1.
Colunas: Sonus faber Electa Amator II; Kef Reference II; Kroma Mimi; Audiovector R3 Avantgarde; Proac Tablette Ten Signature.
Cabos: Interconexão: Tara Labs Prism 55, Analysis Plus Solo Crystal Oval, Kimber Hero, Kimber PBJ, Cardas Iridium, Straight Wire LSI Encore, Siltech Classic Legend 380i. Cabos de coluna: Analysis Plus Oval 9 (2,5m); Audioquest Robin Hood Zero, 3m; Nordost Heimdall, 3m; Oyade OR-800 Advance, 3m; Kimber Kable 4TC, (2,5m).
Outros: mesa de áudio: Atacama Evoque; quadro eléctrico geral com fusível HiFi-Tuning Supreme 3 Rev. 2.0 30A, quadro eléctrico dedicado na sala de audições, com fusíveis HiFi-Tuning Supreme 3 Silver/Copper 16A, e Supreme 3 Rev. 2.0 16A. Cabos de corrente Ölflex Classic 110 do quadro eléctrico da sala até às tomadas de corrente.
Especificações
Carbon 18XL: 16 (19.5AWG), topologia VariStrand de condutores de cobre puro cobertos com polímero infundido de carbono e dielétrico de Teflon. 2 condutores de cobre (14AWG) com dielétrico de Teflon. Fichas WBT Plasma Protect, forquilhas 0661 CU e 0681 CU
Carbon 16: 16 (19.5AWG), topologia VariStrand de condutores de cobre puro cobertos com polímero infundido de carbono e dielétrico de Teflon. Fichas WBT Plasma Protect, forquilhas 0681 CU, bananas 0610 CU
Carbon 8: 8 (19.5AWG), topologia VariStrand de condutores de cobre puro cobertos com polímero infundido de carbono e dielétrico de Teflon. Fichas WBT Plasma Protect , forquilhas 0681 CU