São cabos, senhor
Os cabos de coluna Carbon
A gama de cabos Carbon tem o propósito de oferecer alguma da tecnologia e performance dos cabos da gama de topo, Select, a preços menos incomportáveis pelo comum dos mortais.
Os cabos de coluna Carbon surgem em três variações, Carbon 8, Carbon 16 e Carbon 18XL:
O Carbon 8 (13 AWG) usa na sua construção 8 condutores entrelaçados. Segundo a Kimber, destina-se a colunas de mesa e a colunas monitoras de pequena dimensão. Por ser leve e muito flexível, tem a vantagem de colocar pouco stress mecânico nos terminais das colunas mais pequenas.
O Carbon 16 (9 AWG) utiliza a mesma geometria do Carbon 8, mas recorrendo ao dobro de condutores entrelaçados, 16. Foi concebido para ser utilizado em colunas de chão e em monitoras maiores, montadas em suporte. Continua a ser um cabo leve e bastante flexível.
O modelo de topo, Carbon 18XL (8 AWG), fortemente revestido, recorre à mesma geometria entrelaçada dos seus irmãos mais novos, mas com cabos paralelos rectos. Com isto, a Kimber pretende optimizar a reactância, por um lado, e obter uma maior largura de banda no sinal, por outro. A Kimber afirma que este formato ajuda o amplificador a alcançar um factor de amortecimento ideal, o que produz quer transientes mais rápidos, quer a não-limitação dos registos mais altos. Segundo a Kimber, este cabo foi desenhado sobretudo a pensar em utilizações em aplicações de alta corrente e ampla largura de banda. Ao contrário dos seus irmãos, este é já um cabo bastante rígido e inflexível.
Apesar da designação Carbon, não são os filamentos condutores dos cabos que são feitos de carbono, pois estes continuam a ser feitos de cobre puro, mas sim o revestimento que lhes é aplicado. Ora, porquê o carbono? É o próprio Ray Kimber que responde, justificando a utilização de carbono nos seus cabos com os testes realizados em laboratório, afirmando que o seu uso nalguns dos seus cabos mais ambiciosos é “electrostaticamente dissipativo”, ao reduzir o ruído eléctrico induzido mecanicamente, melhorando a “uniformidade do gradiente de tensão dentro do dielétrico isolante”. A parte externa dos cabos também é impregnada com carbono, o que reduz a acumulação de carga. Segundo ele, a utilização deste mineral proporciona uma assinatura sonora natural, do que resulta que estes cabos produzem um som que “não é nem excessivamente brilhante nem excessivamente escuro”.
Portanto, o que sucede é que os filamentos continuam a ser de cobre puro; onde o carbono vai entrar é no revestimento, mais concretamente sob a forma de um polímero de carbono. Como já antes foi referido, este polímero foi adoptado dadas as suas propriedades de dissipação electroestática. Por outras palavras, este novo isolamento reduz em muito o ruído eléctrico induzido mecanicamente nos condutores, além de que também contribui para a uniformizar a tensão no dielétrico.
Em concreto, o processo inicia-se com os fios de cobre puro VariStrand a serem revestidos com o referido polímero condutor com infusão de carbono, aplicado a alta pressão. O polímero preenche os espaços entre os fios de cobre, ajudando a manter a sua geometria entrelaçada. Desta forma, os fios adquirem um comportamento semelhante ao de um condutor de núcleo sólido, mas com a vantagem de assim não adquirirem peso e rigidez, pelo contrário. Após isto, este formato intermédio que junta os condutores de cobre e o polímero de carbono é isolado com Teflon. Finalmente, a camada externa dos condutores vai também ser tratada com carbono, com o objectivo de baixar a acumulação de carga na superfície do cabo. Com esta associação, diz a Kimber, consegue-se o melhoramento do desempenho do isolamento externo do cabo, com a redução de quaisquer ruídos eléctricos que possam ser mecanicamente induzidos.
À primeira vista, os Carbon, sobretudo o 8 e o 16, são semelhantes aos cabos que a Kimber fabrica há muito, há pois uma semelhança de família.
Os Carbon 8 e 16 são uns cabos relativamente finos, tendo o 16 quase o dobro da espessura do 8, dada a duplicação do número de condutores que o compõem. Assim, são também bastante flexíveis, e, por isso, apropriados para situações em que as colunas, a sala, a mesa da aparelhagem ou outros objectos que existam de permeio exijam essa flexibilidade. Já o Carbon 18XL é um cabo muito mais grosso, e portanto dotado de bastante rigidez e pouca flexibilidade. Contudo, estas características deste cabo não têm nada de extraordinário, há no mercado muitos cabos com essas características fisiológicas, e muitos até em que elas são mais exacerbadas.
Todos os cabos que me foram fornecidos tinham 2,5 metros de comprimento e eram dotados de ligações do tipo RCA. O Carbon 8 e o Carbon 18XL eram dotados de forquilhas em ambas as extremidades, enquanto o Carbon 16 tinha forquilhas num lado e bananas no outro. Quer as forquilhas quer as bananas são da mais alta qualidade, oriundas da conceituada marca WBT Plasma Protect.
Procedimentos
Os procedimentos para as audições foram os seguintes: não sabendo se os cabos estavam rodados ou não, dei a todos eles cerca de 72 horas de “queima” prévia, antes de me sentar a começar a ouvir a música que eles - e o resto do meu sistema, bem entendido - iriam reproduzir. Durante o período dos testes, fui-os deixando a tocar à noite, indo sempre intercalando uns com os outros. Finalmente comecei as audições, fazendo uma primeira audição ao cabo mais acessível, o Carbon 8, e depois saltei para o lado oposto, para o Carbon 18XL, para ver ser encontrava grandes diferenças com o que tinha detectado com o cabo supostamente menos dotado. Em seguida, retornei ao 8, e voltei ao 18XL, para procurar confirmar as notas que tinha tirado. Noutra audição, recomecei com o 8, passando depois ao 16, procedimento que repeti. Terminei essa audição com o 18XL. Nas audições seguintes, comecei e acabei quase sempre com o Carbon 16, intercalando pelo meio o 8 e o 18XL.