Um segundo balanço com os melhores discos de jazz de 2024, depois do primeiro feito em Julho.
Estando o ano de 2024 a concluir, é chegada a altura de um segundo balanço com os melhores discos de jazz de 2024, depois do primeiro feito em Julho.
Rasmus Sørensen - Balancing Act (April Records)
Pianista dinamarquês, radicado em Nova Iorque, Rasmus Sorensen apresenta neste disco um jazz claramente americano (até pelo repertório, parcialmente baseado no cancioneiro americano dos anos 40 e 50, vulgarmente conhecido por standards), mas de inspiração nórdica evidente (nos três originais incluídos). Com Alexander Claffy no contrabaixo e Kendrick Scott na bateria, dois nomes sobejamente conhecidos no meio, este é mais um bom disco para o extenso repertório do trio de piano jazz.
Aaron Parks - Little Big III (Blue Note)
Como o nome indica, esta é já a terceira edição de um disco dos Litte Big, grupo formado pelo pianista norte-americano (radicado em Portugal) Aaron Parks, com Greg Tuohey (guitarra), David Ginyard (baixo) e Jongkuk Kim (bateria), este último uma novidade neste grupo, substituindo Tommy Crane. Muito baseado na electrónica e no pop/rock, é curiosamente um lançamento da Blue Note - para quem goste de um jazz mais aventureiro e menos tradicional, é um excelente disco (assim como as duas primeiras edições, que ficam também em link), e que pela primeira vez incorpora composições de outros membros do grupo para além de Aaron Parks.
Avishai E. Cohen - Ashes to Gold (ECM)
Neste disco importa, antes de mais nada, clarificar que estamos a falar do Avishai Cohen trompetista e não do Avishai Cohen contrabaixista, ambos músicos de jazz e ambos israelitas - o que torna a confusão muito comum, tão comum que o trompetista passou recentemente a «assinar» Avishai E. Cohen. Depois de uma fase mais dedicada ao bop com o seu trio Triveni (com Omer Avital e Nasheet Waits), Avishai iniciou em 2016 um muito frutuoso percurso na ECM (que começou depois de ter gravado Lathe of Heaven em 2012 para a mesma ECM, com o saxofonista Mark Turner, e deixado uma impressão bastante positiva). Música espacial e pensativa, apesar de achar que Ashes of Gold não chega ao nível absolutamente superlativo de Naked Truth (2023), é ainda assim mais um excelente disco de um dos trompetistas de jazz mais importantes das últimas décadas - e conta com a habitual qualidade de gravação do selo germânico.
Jerome Sabbagh - Heart (Analog Tone Factory)
Falei deste saxofonista francês recentemente, num dos últimos testes realizados - vive há muito em Nova Iorque e tem uma relação de grande proximidade com a alta-fidelidade (e se quiser saber mais vai ter de ler o artigo sobre a NAD/PSB). Neste Heart, Jerome faz-se acompanhar de uma secção rítmica de luxo (Joe Martin no contrabaixo e o veteraníssimo Al Foster na bateria) e apresenta um selecção de standards, temas originais e algumas improvisações livres (sendo que há aqui a curiosidade de ter sido a primeira vez, em toda a sua extensa carreira, que Al Foster gravou improvisações livres). Muito bem gravado (e tocado), é um dos melhores discos deste ano.
https://open.qobuz.com/album/xpl2wrn6hx52a
Kenny Barron - Beyond this Place (Artwork Records)
Pianista sobejamente conhecido dos amantes deste estilo de música, Kenny Barron abandonou temporariamente o formato trio que tanto tem explorado nos últimos anos e apresenta-nos um quinteto de luxo, com a sua habitual secção rítmica (Kiyoshi Kitagawa no contrabaixo e Jonathan Blake na bateria), acrescentado o já lendário Steve Nelson no vibrafone e uma das maiores estrelas em ascensão no jazz actual, o saxofonista alto Imannuel Wilkins (de quem falaremos novamente neste artigo). Por entre alguns standards, Barron apresenta aqui também alguns dos seus melhores originais, como Sunset e Innocence - um bom disco de um dos maiores pianista de jazz vivos, que poderia estar um pouco melhor gravado.
https://open.qobuz.com/album/iiyc7jwdxzyzb