Banner LG_Set 24
Audio e Cinema em casa QUAD__GRANDE
Banner vertical Imac 30-04-25
Exaudio 10-24
Banner vertical Ultimate Fever 24
Banner vertical Imac 30-04-25
Banner Imacustica horizontal  30-04-25
Banner horiz Ultimate_20-03-25
Banner Logical Design_26 Jun 24

Wattson Audio Emerson Analog e Digital

Wattson Audio Emerson Analog e Digital

Miguel Marques

20 junho 2025

Quando a simplicidade ganha ou, uma ode ao minimalismo.


Foto 6 Emersons

Para finalizar, decidi ouvir o disco de 1967 The Doors, da banda homónima, na sua versão editada pela DCC em CD (aqui escutei o rip em FLAC desse mesmo CD, através do MinimServer e do protocolo UPNP), remasterizada por Steve Hoffman - inspirado por uma peça jornalística em que se relembrava o filme clássico Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, onde o tema The End, parte integrante deste disco, está incluído. Este tema em particular, é uma espécie de trip LSD em forma de música, com 12 minutos de duração (um bálsamo para quem vive numa era em que as músicas pop já começam pelo refrão) e um monólogo (aparentemente) ilógico que nos leva numa viagem ao mundo muito pessoal de Jim Morrison. Também aqui o Emerson Analog se portou muito bem, repetindo-se um bom palco, com uma precisão notável na colocação de cada instrumento, e mais uma vez com boas dinâmicas (algo que infelizmente também desapareceu do mundo da música comercial), com o streamer da Wattson a acompanhar muito bem as constantes mudanças de volume dos The Doors - já agora, para quem não saiba, fica a curiosidade: o nome da banda americana provém do livro The Doors of Perception, do escritor inglês Aldous Huxley. Nesta gama de preço, seria difícil pedir melhor performance ao Emerson Analog.


Emerson Digital



Como já escrevi no passado, tenho sempre um pouco mais de dificuldade em escrever sobre transportes digitais, porque me parece que, se tudo funcionar devidamente, não devem ter um «som» - simplesmente devem entregar ao DAC um sinal bit-perfect, isento de ruído e jitter. Neste caso, como ambas as saídas digitais são sincrónicas, os relógios do transporte terão mais influência no som final, mas mesmo assim nunca será tanto como no caso de uma saída analógica de um DAC (esta sim, pode influenciar significativamente o som de um sistema).

Foto 7 Emersons

Comecei então o meu tese usando a saída coaxial do Emerson Digital para ligar tanto a um Eversolo A6 Master Edition Gen 2 como ao DAC interno do amplificador integrado ECI 80D da Electrocompaniet e em ambos os casos o Eversolo Digital foi exemplarmente transparente (e, como seria de esperar, nos vários temas que fui ouvindo, a amostragem apresentada por ambos os DACs foi sempre a correcta, mostrando assim ser sample-perfect - infelizmente nenhum destes DACs mostra os bits). A minha escuta inicial debruçou-se sobre alguns temas avulso, como Girl from the North Country, de Bob Dylan (aqui em dueto com Johnny Cash, na versão 24 bits/192 kHz) ou Dogwood Blossom, do cantautor irlandês Fionn Regan, uma das melhores canções, no verdadeiro sentido do termo, lançadas no século XXI, aqui escutada em 16 bits/44,1 kHz (se este tema lhe soar familiar, é porque fez parte da banda sonora das séries Normal People e This is England ‘88) - e em ambos os casos o Emerson Digital reproduziu muito bem os temas, ao nível do melhor que tenho ouvido neste sistema nos últimos casos.

Foto 8 Emersons

Passei depois para o disco Love Endures (2025, Cellar, 24 bits/96 kHz), do pianista Tyler Henderson (que tem aqui um excelente disco de estreia) - e o Emerson Digital volta a entregar os «bits» com precisão e timing, retirando o melhor dos dois DACs usados (e são dois DACs que tenho ouvido muito nos últimos meses e que conheço bem). Não há qualquer vestígio de jitter ou ruído, e pelo menos subjectivamente o Emerson Digital volta-me a parecer absolutamente transparente - com bons timbres em todo o registo do piano, bastante corpo no som do contrabaixo e bons transientes na bateria, tudo o que se pede para um disco de trio de piano jazz.

Para concluir, ouvi ainda o mais recente disco do guitarrista Slash,
Orgy of the Damned (24/96, Gibson Records & Snakepit Records, 2024), numa (inesperada) veia mais «blueseira» que não lhe conhecia até agora. Sem sofrer dos excessos de compressão tão comuns hoje em dia, é um disco bem gravado e que permitiu testar mais o lado rítmico e de «bater o pé» do Emerson Digital - não chega apenas ter transparência e resolução, também os transientes e as dinâmicas têm de ser «entregues» por um transporte digital. E o Emerson Digital cumpriu mais uma vez muito bem a sua função, com excelentes transientes e dinâmicas, e um bom sentido de ritmo, não faltando nenhuma energia a este excelente disco de rock’n blues. Aproveitei aqui também para colocar o LEEDH com o volume no 94, atenuando o sinal para evitar «clipagens» digitais, e é de facto um processo muito transparente, e isso nota-se mesmo em atenuações tão pequenas como 3 dB, - e recomendo vivamente o uso de LEEDH, particularmente a todos os que oiçam muita música gravada nos últimos trinta anos (colocar o volume a 94 será, em princípio, mais que suficiente para evitar problemas).

Furutech LAN 8 NCF Plus

Apesar de ainda aguardar uma experiência revelatória com cabos, andava já com curiosidade de experimentar com um cabos de Ethernet do tipo CAT6 ou CAT8 desde que li uns posts de Jussi Lasko (criador do HQPlayer e que desenvolveu também recentemente filtros de upsampling para os Wandla) a justificar a melhor performance técnica deste tipo de cabos em relação aos cabos «normais» de rede, não apenas na mais velocidade de transmissão de dados mas também no melhor isolamento de ruído. Deu-se então o acaso da Ajasom ter um Furutech LAN 8 NCF Plus disponível, o qual acabou por fazer parte do pacote deste teste. E, depois de ter instalado o cabo num dia já de noite e nunca mais ter pensado nisso, no dia seguinte, ao ouvir o disco Rediscovery, da dupla Bill McHenry (sax tenor) e John McNeil (trompete), que tem andado em repetição constante aqui por casa, comecei a notar uma substancial maior presença e definição dos graves (num disco que precisa bastante dessas melhorias, como infelizmente é tão comum nos discos de jazz). Verifiquei a equalização do meu Eversolo A6 Master Edition Gen 2, e sim, estava ligada, mas com os mesmos parâmetros de sempre. Intrigado, continuei a ouvir o disco e continuei a notar mais e melhor graves - e isto num disco que tenho ouvido diariamente nas últimas semanas… E foi então que me lembrei do Furutech - só aí poderia estar a explicação, tendo então ligado e desligado várias vezes o Futurtech, comparando com cabos «normais» de rede, e a maior presença e definição dos graves é inegável. Fica então a forte recomendação para este Furutech LAN 8 NCF Plus - nesta era em que tantos audiófilos usam streamers, o cuidado com os cabos de rede não deve ser descurado e o impacto sonoro mais do que justifica o investimento.

Foto 9 - Furutech LAN 8 NCF Plus


Conclusão

O conceito less is more, na música muitas vezes associado ao trompetista Miles Davis (entre outros), costuma implicar as vantagens inerentes de conceitos (ou produtos) mais simples, ou seja, nem sempre quantidade significa qualidade. Existem aliás, dentro das diversas correntes que populam a alta-fidelidade, pessoas que defendem que circuitos mais simples, mais pequenos e com menos componentes resultam num «signal path» significativamente reduzido, e isso traduz-se em ganhos sonoros relevantes, como me foi também referido pela marca (embora haja, claro, muitos mais factores a ter em consideração). E ambos os Emerson simbolizam na perfeição este conceito de less is more, com circuitos simples que se traduzem em produtos pequenos e leves e que serão facilmente «invisíveis» num sistema em que tal seja necessário - e que permitem, ainda por cima, ter um cheirinho do high-end suíço a preços mais acessíveis a carteiras lusas. O Emerson Analog é particularmente adequado para o caso de audiófilos que possuam sistemas completamente analógicos e que queiram adicionar um bom mas descomplicado streamer para se iniciarem nas lides digitais; já o Emerson Digital, parece-me destinar-se a qualquer pessoa que tenha um bom DAC sem streamer mas, principalmente, às muitas pessoas que tenham um bom amplificador integrado com DAC mas sem streamer (e muitos se terão vendido nos últimos dez / quinze anos, como o Electrocompaniet ECI 80D usado neste teste) e que queiram adicionar streaming a um aparelho desses - e o Emerson Digital, tal como o seu irmão, fará isso de fora muito simples e discreta, mas com total garantia de qualidade de som e, ambos com a vantagem de contarem com uma ferramenta tão transparente e útil como o LEEDH. Concluindo, temos aqui uma excelente ode ao minimalismo por parte destes dois «irmãos» suíços, que recomendo sem reservas.

Foto 10 Emersons

PS 1 - Fica uma nota final de agradecimento para Alexandre Lavanchy , da Wattson Audio, que respondeu pronta e pormenorizadamente às variadas perguntas que lhe fiz. Um excelente sinal e que indica não só que a Wattson Audio sabe muito bem o que está a fazer, como me parece que o serviço ao cliente estará garantido não apenas pela Ajasom, aqui em Portugal, mas também pela Wattson, na Suíça.

PS 2 - Notei, muito ocasionalmente, que, se deixasse os Emerson algumas horas ligados mas sem reproduzir música, ao tentar voltar a tocar música, os Emerson não tinham som. Em ambos os casos, ligar e desligar os Emerson, um processo que demora menos de um minuto, resolveu imediatamente o problema.


Wattson Audio Emerson Analog e Emerson Digital
Preços
Emerson Analog     1750 €
Emerson Digital       1750 €


Furutech LAN 8 NCF Plus
Preço                       185 €       
Distribuidor             Ajasom