Uma compra fácil de recomendar – nenhum outro produto oferece tantas coisas numa só caixa e por este preço.
Em Agosto de 2023, o Eversolo A6 foi o meu primeiro teste para a Audio (publicado em Setembro) e, na altura, tratava-se de um produto e de uma marca completamente novos, embora já houvesse bastante falatório por essa Internet fora - tendo posteriormente também testado o A8 (e houve também um teste do A6 Master Edition, feito por um colega). Aliás, o impacto da Eversolo no mercado dos streamers foi notável, quiçá equivalente ao da Bluesound na década anterior, e é hoje comum vermos streamers (ou mesmo DACs) com vuímetros digitais e ecrãs grandes e luminosos. Acompanho a marca nas redes sociais, vou vendo as muitas actualizações ao software, e estou até a considerar um A6 Master Edition Gen2 como transporte para o meu sistema - por isso quando Delfin Yañez, da Delaudio, sugeriu um teste a este A10, aceitei com agrado. E se a Eversolo começou pelo segmento alto do segmento baixo da alta-fidelidade, tem vindo nos últimos anos a apostar em produtos que já tocam o segmento médio, primeiro com o A8 e agora com este A10 (e o «companheiro» F10, amplificador de potência classe A/B), e nestes segmentos a exigência já é outra… Será que o A10 corresponde?
Descrever (e testar) o A10 não é tarefa fácil, tal é a imensidade de coisas que este produto faz… Mas vou dar o meu melhor:
1) é um pré-amplificador analógico, com um controlo de volume R2R e uma saída completamente balanceada, e ainda duas entradas / saídas por RCA e uma por XLR (e +10 dB de ganho), para além de um cuidado extremo com a separação eléctrica entre as diversas placas do circuito, reduzindo assim muito o ruído inerente ao contacto entre essas placas (e que conta também com dois transformadores lineares de baixo ruído na alimentação, suponho que um para a parte digital, outro para a parte analógica).
2) é um streamer com DAC incluído, que conta com Eversolo Original Sampling-rate Audio Engine (EOS), que faz bypass à saída de som do sistema Android, mantendo assim o formato de saída igual ao de entrada, e que é compatível com os habituais protocolos: UPNP, Roon Ready, Tidal Connect, Spotify Connect, Qobuz Connect (já lá vamos) e AirPlay - contando ainda, através da aplicação, com uma imensidão de serviços (Qobuz, Tidal, TuneIn, HIGHRESAUDIO, Amazon, Deezer, Idagio, etc etc…).
3) é um servidor, sendo possível instalar dois discos SSD de 4TB, mas é também possível aceder a servidores externos como Plex, Emby ou Jellyfin - ou aceder a ficheiros numa nuvem, como o Dropbox ou o One Drive, ou num NAS ou PC, através de protocolos como o WebDav, o SMB ou o NFS.
4) é um transporte digital, com saídas USB, óptica e coaxial.
5) é um DAC, com entradas USB, ARC (para televisões) e duas ópticas / coaxiais, em que tanto a entrada USB para computadores, como a saída USB para DAC, contam com isolamento galvânico para assegurar a melhor qualidade de som possível - e temos ainda os já habituais relógios OCXO, desenvolvidos pela própria Eversolo, e mais imunes às mudanças de temperatura, assim como o mais recente conversor da ESS, o ES9039PRO, no qual teoricamente a Sabre já corrigiu o famoso problema de distorção por intermodulação.
6) é um DDC (Digital to Digital Converter), permitindo fazer conversão entre algumas entradas e saídas, e aplicar DSP às mesmas.
7) é um ADC (Analog to Digital Converter), permitindo converter os sinais analógicos de entrada para digitais e aplicar DSP aos mesmos.
Para além disto contamos ainda com uma entrada de rede por fibra SFP, com total isolamento de ruído (para além da tradicional RJ45), dupla saída para subwoofer, e de um DSP que conta com igualizador, compressor, room correction, Eversolo Volume Control (controle de volume digital disponível apenas nas saídas digitais), etc.. (estando aqui «limitado» a PCM, 24 bit/192 kHz, o que significa que sinais DSD ou DXD não dão acesso ao DSP). Cansado? Também eu… Vamos lá então, por partes:
O A10 como pré-amplificador
Comecemos então pelo mais simples, o A10 ligado a um amplificador de potência da TEAC, o AP-505, e com um Eversolo A6 como fonte, tanto por saídas single-ended RCA (2,5V) como por XLR (5V) - curiosamente, exactamente os mesmos valor que o A10 indica como limites máximos para as respectivas entradas.
Diferentes pessoas terão diferentes teorias sobre o papel de cada componente num sistema - na minha opinião o préamplificador deve ser o mais neutro de todos e o que menos contribui para o som do mesmo (deixando a coloração muito mais para o amplificador de potência e para os altifalantes, ou até mesmo para o DAC). E o do A10 é tão neutro quanto possível - num sistema em que conheço muito bem cada componente, senti que o A10 em nada mais contribui que para atenuar, com zero presença de ruído ou distorção (imagino que ainda melhor com um amplificador de potência completamente balanceado). A precisão do controle de volume, bastante ruidoso por sinal, e que pode ser regulada entre 0,5 dB e 2 dB, (mantive sempre em 0,5 dB), é notável e permite regular de forma absolutamente precisa o volume - recomendei aliás, no contacto que mantive com a marca, que a Eversolo lançasse um produto apenas baseado neste circuito de préamplificação, completamente analógico e por volta dos 1000 €. Esperemos que o façam, porque não há muito poucos produtos nesta categoria.
Uma nota final para o controle remoto, um grande salto em relação ao anterior (inclusive do A8) - pequeno, ergonómico, com possibilidade de usar em modo Bluetooth (o que reduz muito os problemas de directividade), é uma opção que espero que a Eversolo mantenha (e, para quem queira o upgrade, posso afiançar que funciona com o A6, e assumo que funcione também com o A8). É ainda possível regular o volume na aplicação, evitando-se assim a utilização de dois dispositivos.