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Eversolo DMP-A10

Eversolo DMP-A10

Miguel Marques

27 fevereiro 2025

Uma compra fácil de recomendar – nenhum outro produto oferece tantas coisas numa só caixa e por este preço.


O A10 como streamer/servidor


Eis aqui a principal função deste produto e, creio, a principal razão pela qual a maioria das pessoas o comprará. No papel o A10 é praticamente imbatível, como referi acima no ponto dois, não tendo quase falhas a nível de protocolos ou integração de serviços (a mais notável será a ausência de Chromecast Audio, particularmente estranha numa marca cuja casa-mãe, a Zidoo, se especializou em produtos para Android).

Foto 6 Eversolo DMP-A10

A minha primeira impressão do A10, com as LS50, foi uma lição em sinergia - se o meu MXN10, da Cambridge Audio, combina na perfeição com as LS50 (e outros da mesma marca que já aqui passaram), não achei o mesmo do A10 - com o som um pouco “fechado” e excessivamente “polido”, como poucos transientes. Uma mudança para umas B&W 606 S3, um produto bastante desadequado do ponto de vista de preço mas que serviu apenas como teste, revelou um som muito mais adequado ao que eu esperava do A10. Mudei depois para umas Quad ESL-63 Pro, com um amplificador de potência KR Audio VA300, e aqui já foi possível ouvir o A10 a brilhar em toda a sua extensão - mantendo no entanto algum do carácter polido e romântico que referi acima, com transientes suaves e aveludados, contrariando o som mais em “U” ou “V” do MXN10, com graves e agudos proeminentes, como um som muito aberto e com transientes muito presentes. Creio que outros dos factores que contribuiu para esta melhoria do som foi a pouca eficiência dos altifalantes e a pouca potência do amplificador, ainda por cima só com entrada RCA - o que me levou a ter de puxar bastante pelo volume do A10, e creio que é assim que ele soa melhor, bem aberto e perto do fim da “roda”.

Foto de abertura Eversolo DMP-A10

No disco Where Are You? (1957, 16 bits-44,1 kHz, edição Mobile Fidelity), de Frank Sinatra, o timbre da voz inconfundível do cantor americano é reproduzido de forma irrepreensível, com uma presença emocional notável - também as cordas se apresentam timbricamente e espacialmente correctas, sem nunca tomarem conta dos acontecimentos (uma pequena nota pessoal: que pena Sinatra ter gravado tantos discos com orquestras de jazz, leia-se metais, e tão poucos com orquestras “clássicas”, leia-se cordas, já que a sua voz combina perfeitamente com cordas). Particularmente impactante foi a reprodução de There’s No You, com os magníficos crescendos a mostrarem todas as capacidades dinâmicas do A10.

No clássico de rock Brothers in Arms (16 bits-44,1 kHz), dos Dire Straits, o Eversolo tem um som grande e impactante, que me enche a sala e a alma - mas volta a mostrar o seu lado “romântico”, não apresentando este clássico de forma crua e directa, mas antes de forma mais suavizada e idealizada, o que se nota particularmente nos transientes do rimshot da bateria e torna também a escuta no longo prazo muito menos cansativa. A guitarra eléctrica de Mark Knopfler soa muito bem, com o seu som sempre muito peculiar, por ser tocada com os dedos - e as partes com distorção soam particularmente convincentes e realistas.

Foto 8 Eversolo DMP-A10

No tema mais pop de Rita Lee, Lança Perfume (16 bits-44,1 kHz), o A10 reproduz sem falhas a complexa produção (muito inovadora para a época) do tema da cantora brasileira, com os muitos sintetizadores e instrumentos extra muito bem colocados espacialmente, sem nunca se embrulharem. O grave do baixo, tal como já descrevi acima, brilha muito mais pela definição que pelo «peso» - embora, novamente, uma subida de volume ajude a dar mais corpo. Como nota final, uma pequena curiosidade que muitos portugueses desconhecem, e que a minha passagem pelas terras de Vera Cruz ajudou a compreender - o nome desta música é calão para uma droga muito em voga na época, e muito similar ao «spray aranha» português, algo impensável em época de plena ditadura militar brasileira, e que mostra bem o arrojo de Rita Lee (e por falar em ditadura militar, recomenda-se e muito a visualização do filme Ainda Estou Aqui, ainda nas salas portuguesas, que permite não só conhecer os muitos horrores daquele regime, como fazer as pazes com o apelido Montenegro).

Para terminar, o primeiro prelúdio de Tristão e Isolda, de Richard Wagner, com direcção do austríaco Herbert von Karajan - o teste mais arrojado para o A10, até agora. E o A10 mostrou aqui que já é um produto capaz de se bater neste segmento de mercado, com uma reprodução de dinâmicas notável, algo que só os sistemas mais capazes conseguem - também os timbres e a colocação de cada instrumento na orquestra se revelaram exemplares, tendo o A10 passado este teste com distinção.

Foto 9 Eversolo DMP-A10

Em termos de utilização, a Eversolo tem uma boa aplicação que funciona, em geral, muito bem, mas encontrei um ou outro problema ocasional:

a) A partir da memória interna tudo funciona sem problemas e senti inclusive que soava talvez um pouco melhor que usando protocolos externos; é possível ter fotografias de artistas, e inclusive editá-las, gostaria apenas que, tal como as capas dos discos, fossem um pouco maiores - com um telefone não se nota, mas num tablet as imagens ficam demasiado pequenas. Gostaria também que na queue fosse possível visualizar a duração de cada faixa, sugestões estas que enviei para a Eversolo. Para quem não se queira chatear com protocolos e servidores e afins, e tenha uma colecção larga de ficheiros que oiça com regularidade, instalar um, ou dois, discos SSD no A10 e ouvir música a partir daí, usando a aplicação Eversolo, é uma excelente opção (e fica a nota, porque tive de pesquisar na Internet - para passar ficheiros para a memória interna do A10, através de Windows, é necessário introduzir os seguintes dados: utilizador: Root e password: 123).

b) Os protocolos Roon Ready, Spotify Connect e Qobuz Connect (Beta) funcionam na perfeição, o Qobuz Connect ainda com um ou outro problema ocasional que certamente será resolvido, e que trará finalmente aquele que é, para mim, o melhor serviço de streaming,  para o ano de 2025, cumprindo uma promessa antiga. Suponho que o Tidal Connect também funcione sem falhas, mas não tive como experimentar. Reside também aqui outra vantagem competitiva da Eversolo: é quase sempre das primeiras a integrar novidades, como o Qobuz Connect, mesmo que em fase Beta.

Foto 5 Eversolo DMP-A10

c) As aplicações internas, nomeadamente o Qobuz, funcionam também sem quaisquer falhas, e com excelentes menus: Discover, My Weekly Q, My playlists, Genres, Favourites. Quase não sentimos falta da aplicação nativa e do Qobuz Connect.

d) Os protocolos de acesso a ficheiros num servidor, seja num PC ou num NAS, como o UPNP, WebDav, NFS, SMB têm falhas ocasionais e precisam de ser melhorados - especialmente o UPNP, base de quase todos os servidores, e que é essencial que funcione bem. Uma curiosidade aqui: é muito mais simples e isento de erros aceder a um NAS pelo ecrã táctil do A10 ou usando a opção cast da aplicação, do que usando a própria aplicação - com este método acedi ao NAS, quer por SMB quer por NFS, sem nenhum problema, o que nem sempre aconteceu com a aplicação. Quanto ao UPNP, a Eversolo tomou nota e irá certamente resolver o assunto, até porque hoje em dia é muito raro as marcas terem problemas com este protocolo - e é a única crítica digna de registo que tenho a fazer a este produto.

e) Não consegui perceber se o A10 tem uma boa relação com intersample overs (o DAC Z8, da mesma marca, já foi medido e não é preciso nenhuma atenuação digital, tem amplo headroom digital), mas seria uma boa ideia, tendo em conta que a Eversolo desenvolveu o Eversolo Volume Contral, permitir controlar tanto o volume digital como o volume analógico quando se usam as saídas analógicas, como, por exemplo, faz o Ferrum Wandla.


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