Banner LG_Set 24
Banner Sarte_Wiim_Fever 24
Banner Imacustica Julho 22
Exaudio 10-24
Banner vertical Ultimate Fever 24
GIF Imacustica 2_Agosto 24
 Aniversario Ultimate 24
Banner Logical Design_26 Jun 24

Diesis Musica

Diesis Musica

Jorge Gonçalves

5 janeiro 2025

A música tocada como deve ser


Audições


O Diesis Musica foi inserido no meu sistema habitual, substituindo assim o conjunto de electrónica de amplificação Inspiration 1.0, da Constellation, sendo a fonte digital o Roon Nucleus Plus, alimentado pela fonte de alimentação Ferrum Hypsos, com o iFi Audio Pro iDSD como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme, sendo o prévio de gira-discos o Nagra CLASSIC Phono. As colunas foram inicialmente as QUAD ESL 63, substituídas mais tarde pelas Diptyque DP 140MkII, e os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber, com o AudioQuest Thunderbird ligado entre o iFi Audio Pro DSD e o Musica. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum, à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, sendo o amplificador de potência da Constellation alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. O Silent Power LAn iPurifier Pro que testei recentemente, acabou por ficar residente no meu sistema, tendo na saída para o Nucleus+ o cabo de Ethernet AudioQuest Cinnamon.

Foto 5 Diesis Musica

Depois de um amplo número de horas de rodagem, ouvi um vasto número de faixas de que irei destacar apenas algumas, para evitar repetir-me e cansar quem me lê. Começo então por falar em Goi’n to Chicago, interpretada por Van Morrisson e Georgie Fame, e presente no disco Roll With The Punches, uma música de blues ao estilo de Chicago, onde pude detectar uma fabulosa destrinça entre as vozes dos dois intérpretes, isto depois de uma maviosa entrada de harmónica, em contraponto com o contrabaixo. Um maravilhoso jogo de contrastes entre a espontaneidade das duas vozes e uma instrumentação quase minimalista, com o órgão a ser quase uma 3.ª voz. Saiu tão bem que me pareceu muito mais uma interpretação ao vivo que uma gravação de estúdio a 16 bits/44,1 kHz.
Passo agora a falar de Manhattan, de Blossom Dearie. Esta cantora tem uma voz que a espaços faz lembrar Kate Bush, renascida das cinzas após a sua música Cloudbusting ter aparecido na série The Handmaid’s Tale. E como foi bonito ouvi-la cantar, perceber todas as sílabas de cada palavra, sem instrumentos a níveis sonoros avassaladores, como que a quererem ser os «donos da festa», como acontece em muitas outras obras. O piano estabelece um diálogo harmonioso e cheio de emoção, quase que canta também, e o contrabaixo diz as suas frases musicais no tempo justo, sem exageros exuberantes. Uma excelente interpretação a que o Musica deu ainda mais lustro, realçando tudo o que era realmente bonito, deixando passar a música sem nela tocar nem do modo mais ínfimo.
Mas se querem ritmo ouçam Como Trago la Yuca, gravado ao vivo no Village Vanguard, uma faixa tocada ao piano por Chucho Valdés. Mais uma bela edição da Blue Note onde se realça a música de Chucho, com muito de Keith Jarrett combinado um irresistível swing e o sensual calor cubano. Há aqui um aroma tropical a que o Musica correspondeu com toda a alma, ondulando tal qual uma bailarina de salsa cubana. Tudo isto no formato FLAC a 44,1 kHz, sem qualquer «Hi-Rez».

Foto 6 Diesis Musica

E, para fechar em beleza, nada como um LP, ouvido a partir do gira-discos Basis com a configuração atrás referida e com o Nagra PHONO CLASSIC como prévio de gira-discos.
Uma vez mais ouvi muitos discos, até porque senti que o Musica se sentia como peixe na água com música oriunda dos discos de vinilo, recriando um palco sonoro amplo em todas a três direcções mas sempre muito focado e uma gama média bonita até mais não. E um dos discos onde eu consegui apreciar melhor este comportamento foi o o Bennie Wallace Plays Monk, na faixa Round Midnight. O contrabaixo de Eddie Gomez aparece-nos repleto de harmónicas, com cada poderoso dedilhar das cordas a assumir uma envolvência e mesmo quase uma emotividade que me cativava. Em termos de gama média quase que posso dizer que a PC-1 escreveu poesia ao descrever perante mim belas frases musicais que se entrelaçavam, em ritmo perfeito e, muito mais que
isso, como uma métrica e rima inexcedíveis. Essa gama média era tão perfeita, tão elogiosa da música que ouvia e do Musica, de uma comunicabilidade tão grande que era quase como se ela própria chegasse para se compreender e apreciar a música: as vozes muitas vezes me fizeram despertar a tal famosa pele de galinha que não é tão vulgar como isso tudo de ocorrer.
E o Musica é bem versátil, diria mesmo camaleónico, pois tanto «conduz» umas QUAD ESL63 Pro com toda a beleza e espacialidade que a elas são inerentes, como agarra com vigor nas Diptyque DP140 MkII, levando-as a níveis energéticos bem marcantes, sempre sem perder a graça. E, ao mesmo tempo, tanto se sente à vontade com um quarteto de jazz intimista, como coloca a abertura da 5.ª Sinfonia de Beethoven, dirigida por Richard Tognetti, a famosa luta entre a esperança e o desespero, ali quase ao nosso alcance numa sala de 19…20 m2. É uma versão em alta resolução (24 bits/96 kHz) da Qobuz, com uma clareza enorme e quase intocada em termos de igualização por DSP. O 2.º andamento foi mesmo deslumbrante, com os seus arroubos energéticos à la Handel, combinados com os mais ínfimos acordes dos violinos, obrigando o Musica a passar para o meu lado variações dinâmicas de muitos dB sem que ele mostrasse qualquer sinal de «agastamento», ou mesmo apresentar-me o modo subtil como intervém o piano, com um timbre belíssimo, no início do Concerto n.º5 para Piano (Imperador), uma vez mais de Beethoven, tocado por Tamara-Anna Cislowska, uma premiada pianista australiana, acompanhada pela Orquestra de Câmara Australiana.

Foto 7 Diesis Musica


Conclusão

Sendo um amplificador integrado de classe A, o Musica acaba por ser como que um jack of all trades, como dizem os anglo-saxónicos, ou um homem dos sete ofícios, como se diz por cá. Tanto se sente como peixe na água em músicas de carácter mais intimista e com umas colunas electrostáticas, como debita energia suficiente para colocar umas Diptyque a soarem bem alto, sem nunca perderem, nem elas nem o amplificador, a compostura inerente à situação. Mais que recomendado, agora é só esperar que a Diesis o fabrique em números suficientes para as encomendas que seguramente vão chover. Se não acredita, vá ouvi-lo.

Amplificador integrado Diesis Musica
Preço           16000 €
Distribuidor Logical Design