O streamer Munich M1, a fonte de alimentação Forester F1
e o comutador de rede Bonn N8 da Silent Angel
Audição
Liguei o M1 à rede doméstica LAN (Powerline) e ao servidor DLNA WDMyCloudex4100 ou ao serviço Qobuz da Net e ao meu DAC através da ligação USB, um Holon DSD Cyan (que curiosamente não é compatível com a ligação I2S do M1 segundo um aviso num manual) e ainda ao DAC ao meu amplificador residente, um Rotel RA1592 e a umas colunas B&W 705 S2.
A ligação através da App Vitos Orbiter foi muito simples e intuitiva. Quando liguei o M1 à fonte de alimentação F1, as melhorias foram substanciais, sobretudo na presença e na ausência de ruído de fundo. A adição da interface do N8 não teve um impacto audiófilo evidente. Como tinha sentido melhorias do desempenho sonoro do meu equipamento quando o testei noutro contexto, usei-o em conjunto com o meu streamer, um Auralic Aria Mini e aí realmente notei algum acréscimo de limpidez. De qualquer modo, a partir daí a minha audição inclui o pacote completo (M1 + F1 + N8).
As principais características do perfil sonoro do M1 + F1 + N8 são a presença e a dimensão do palco sonoro, a acuidade dos timbres e apreciável ausência de ruído de fundo. Junte-se a estabilidade do streaming (só com alguns “pára-arranca” em ficheiros muito pesados, DSD 256) e temos um belo desempenho.
Playlist
Enghave Barok (dir. CD Bang– Bach live – HD edition 2 - download FLAC 24 bits/ 96 kHz Sound Liaison.
Camerata Grimani (dir. J Vinikour) – Ester, Liberatrice del Popolo Ebreo Stradella - download FLAC 24 bits/ 96 kHz Presto Music.
Hadouk (Didier Malherbe & Loy Ehrlich) – Le Concile des Oiseaux – download FLAC 24 bits/ 44,1 kHz Qobuz.
Righteous Rooster – Fowl Play – download FLAC 16 bits/ 44.1 kHz Bandcamp
Aayushi Karnik – Troublemaker – download DSD64 (David Chesky speaker mix) The Audiophile Society.
Amythyst Kiah – Still + Bright – download FLAC 16 bits/ 44,1 kHz Bandcamp
Mas passemos ao detalhe da audição.
Música Clássica. Os Enghave Barok são um grupo dinamarquês com grande potencial que nesta gravação se dedicam a reviver algumas das mais brilhantes cantatas de Bach. O resultado é límpido, emotivo, mas sóbrio. O desempenho do M1 & Companhia é muito bom. Soube separar as vozes dos instrumentos, deixá-los respirar, dar-lhes ar e distância, mas mantendo a coerência e sobretudo a correcção dos timbres e o seu equilíbrio. Os Camerata Grimani apresentam a primeira gravação completa do oratório Ester de Allessandro Stradella. A Camerata é um grupo italiano sob a direcção de um teclista americano, Jory Vinikour. A interpretação é excelente. As vozes são todas excepcionais e italianas, mas contam o grande contratenor brasileiro José Lemos. O desempenho do M1 captou os detalhes dos diversos timbres com mestria e durante os recitativos (instrumentalmente minimalistas), a ausência de ruído de fundo foi fundamental.
Jazz. Os Hadouk, de Didier Malherbe e Loy Ehrlich, são um duo francês de grande versatilidade. Malherbe nos sopros tem uma carreira recheada de experiências no rock progressivo, jazz e música do mundo. Ehrlich nas teclas, guitarras e kora, é um explorador musical. Este «concílio dos pássaros» faz jus ao nome oferecendo encantamento, melodia e espontaneidade. O M1 reproduziu este universo particular, suave e subtil, de forma a garantir a presença dos instrumentistas bem perto de nós. Hipnótico. Os Righteous Rooster são trio de órgão (um tipo de grupo imortalizado por Jimmy Smith ao leme do seu Hammond B-3, nós temos os Mr. Mónaco). Luke Sagadin é o motor (na bateria) e Henry Dickhoff, no órgão, e Kenny Richert, na guitarra, fazem a magia acontecer. A reprodução dos trios de órgão é sempre difícil porque o equilibro entre o órgão e a guitarra é difícil e o evitamento de estridências nem sempre é possível. Aqui a gravação é excelente e o M1 garantiu a individualidade das vozes e a sua combinação, às vezes, tonitruante, sem estridências nem cansaço. Brilhante.
Rock/Blues/Folk. Aayushi Karnik é uma jovem guitarrista e cantora de blues americana. Uma estrela a nascer para os blues. Muito forte quer nas composições, quer nos solos, quer na voz. A gravação e a mistura são da responsabilidade de David Chesky, um certificado de qualidade. No entanto, aqui a reprodução do M1 deixou a desejar por uma menor clareza e por soar algo distante. Tal não aconteceu com outros ficheiros DSD que experimentei, por isso não é estritamente incapacidade do M1 lidar com o formato. A voz de Amythyst Kiah é um portento e, se mais provas fossem necessárias, a presente e mais recente gravação de Kiah, seria mais do que suficiente para justificar tal afirmação. A gravação feita em Nashville com os inevitáveis banjos, violinos e de guitarras q.b. é muito boa. O M1 captou de forma excelente a acústica e a atmosfera do estúdio com alguns ecos a esmorecer no silêncio e as cordas a não tropeçarem umas nas outras. Reprodução muito correcta.
Conclusão
A concorrência entre as propostas de streamers é feroz a todos os níveis de preços. A modularidade dos equipamentos Silent Angel parece uma excelente ideia, embora na presente combinação se pudesse talvez poupar a aquisição do comutador (mas só se não existirem outros equipamentos que necessitem de ligação à rede LAN, caso contrário e dada a qualidade do N8, a sua aquisição continua a justificar-se). A fonte de alimentação F1 acrescenta ao desempenho do M1 e apresenta a vantagem de poder ser utilizada por outros equipamentos. A presença de uma saída de auscultadores é outra vantagem, já que a qualidade da amplificação é bastante boa.
Resumindo, a este nível de preço, com esta qualidade de reprodução, esta estabilidade do sinal, esta modularidade e flexibilidade, bem podemos deixar o Silent Angel ser o anjo da guarda da nossa música e do nosso silêncio. Recomendo vivamente.
Streamer, fonte de alimentação e comutador de rede Silent Angel
Preços:
Streamer Munich M1 1499 €
Fonte de alimentação Forester F1 549 €
Comutador de rede Bonn N8 499 €
Representante Ultimate Audio