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Marantz CD 60

Marantz CD 60

João Carlos Anselmo

24 março 2023

O Homem da Maratona


Marantz… Uma marca mítica, que está no cimo das marcas de áudio mais reconhecidas do mundo. E tudo começou nos anos 50 com Saul Marantz, a lenda que deu início a esta experiência, e que foi um pioneiro do Hi-Fi. Saul, engenheiro electrónico e também guitarrista de guitarra clássica, concluiu que não existia no mercado nenhum sistema que satisfizesse o seu padrão de audição de música. Assim, desenvolveu e construiu para o seu uso pessoal o pré-amplificador Audio Consolette. Em 1953, a paixão transformou-se num negócio e a Marantz Audio Company nasceu na sua casa de Nova Iorque. Depois de várias mudanças ao longo do tempo, a Marantz acabou por mudar-se para o Japão, onde ainda se encontra.
O Japão do pós—guerra passou por um forte crescimento económico. Inspirando-se nos EUA, criou produtos que arrasaram a competição norte americana e europeia, aliando design, marketing, qualidade e preço. Antes de os coreanos e depois os chineses lhes terem dado a provar do mesmo remédio, conceberam e venderam por todo o mundo os seus automóveis e motas, máquinas fotográficas e de filmar, electrodomésticos, televisores, e, claro, aparelhos de alta-fidelidade. A Marantz veio a enquadrar-se perfeitamente neste movimento.

Na minha fase de adolescente e de jovem adulto, na viragem dos anos 70 para os 80, lembro-me bem do respeito e admiração que eu e os meus amigos, quase todos melómanos, tínhamos pela marca Marantz. Que, apesar de quase nada sabermos, considerávamos uns furos acima dos seus competidores, quase todos eles oriundos do país do sol nascente, com algumas marcas que ainda hoje proliferam, e outras que já cá não moram, como Sansui, Sanyo, Kenwood ou Onkyo, esta última desaparecida já em 2022. Em particular, recordo uma loja de electrodomésticos em Almada, a Bepaliz, à porta da qual passava muitas vezes. Às vezes entrava… E ficava a deleitar-me com aqueles Marantz, com os seus vuímetros azuis, as suas inconfundíveis rodas horizontais de sintonia de rádio, as palavras escritas em itálico… Ainda sinto o cheiro…

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A partir dos anos 80, já bem firme em terras nipónicas, a Marantz esteve no início do CD, lançando o seu primeiro leitor, o CD-63, logo em 1982, nos passos do que fizeram os seus co-criadores, a Philips e a Sony. Logo nesses primeiros anos, com a aposta no lançamento de novos leitores de CD, aos quais acrescentava constantes melhoramentos, a Marantz ficou conhecida como grande especialista em leitores de CD., tendo em Ken Ishiwata o seu guru audiófilo e ícone mundial. Responsável pelo desenvolvimento de produto, Ken veio também a modificar um número infindável de aparelhos das séries standard, às quais era acrescentada a sigla KI e, em alguns equipamentos de topo, KI Signature. No Audioshow de 2019 tive o prazer de o conhecer e de trocar com ele algumas impressões. Tenho até uma fotografia que regista esse encontro e que agora revi. Estava eu então muito longe de adivinhar que Ken nos iria deixar passado pouco tempo, e que eu iria estar a escrever sobre um produto da sua marca… curiosas, as voltas que a vida tece.
Com o passar dos anos, o advento do streaming, sobretudo nos últimos 20 anos, fez com que o CD viesse a perder importância no mercado mundial de venda de música gravada, sendo o formato que mais se ressentiu. Ora, ao contrário de outras marcas, a Marantz nunca abandonou a reprodução de CD: a sua actual gama inclui 7 propostas, desde o básico CD 6007 até ao porta-estandarte SA 10. É neste enquadramento que surge o CD 60.


CD 60


A Marantz apresentou o CD 60 na edição do High End Munich de 2022. Nesse show, a Marantz lançou mais três produtos com a nova linha de design que se pode observar no CD 60. Disse Joel Sietsema, presidente da marca Marantz: “Com tanta atenção dedicada ao crescente mercado de discos de vinil, acrescida da popularidade do conteúdo streaming, esquecemo-nos por vezes que toda uma geração de amantes da música construiu colecções consideráveis de amados CDs (…) A Marantz esteve presente no início da tecnologia de CD com o nosso leitor original, o CD 63. Agora, o CD 60 lembra-nos porque nos apaixonámos pelo formato há 40 anos – proporcionando mais calor, musicalidade e detalhe do que qualquer leitor da sua classe.”
A Audio e Cinema em Casa deu em tempo conhecimento deste facto, a 1 de Junho de 2022, e, bem assim, também já testou um outro produto da mesma gama, o amplificador integrado Model 40n, o que fez a 27 de Junho de 2022.

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O lançamento pela Marantz de um leitor de CD de preço acessível é mais relevante hoje do que seria há alguns anos. Embora hoje haja muita gente a ouvir música via streaming (nalguns países para os quais há dados é mesmo a maioria), ainda há muitos amantes de áudio que possuem colecções consideráveis de CDs. Na decisão da Marantz não é alheio o facto de, nos últimos tempos, o formato CD ter recuperado importância, com as vendas de CDs a subir em 2021 pelo primeiro ano depois de 17 anos de quedas, a ponto do formato ser ultrapassado pelo LP, cujas vendas não cessam de aumentar.
Por outro lado, a Marantz está convencida de que a posse é algo de importante para a geração mais jovem. Esse é aliás um dos motivos pelos quais há cada vez mais jovens a comprar LPs e gira discos. No que respeita aos audiófilos mais velhos, a posse continua decididamente a ser um factor importante para aqueles que coleccionam discos há várias décadas. Orgulho da posse (pride of ownership) é certamente um dos factores em que a Marantz aposta com o CD 60.
Aqueles que já cá andam há mais anos, podem recordar-se de que a Marantz já há uns 20 anos teve um aparelho com a designação CD-60. Na altura, era considerada uma boa máquina, com preço acima da média e com a melhor construção que a Marantz então disponibilizava nalguns modelos. É sintomático que a Marantz tenha recuperado esta designação do seu passado.
Este Marantz CD 60 é assim um leitor de Compact Disc, oferecendo também uma porta USB-A no painel frontal, o que permite a reprodução de ficheiros digitais de formatos tais como MP3, WMA, AAC e WAV, FLAC HD, ALAC, AIFF (até 192 kHz/24 bit), e DSD nativo (até 5,6 MHz) a partir de um dispositivo de armazenamento USB. Lê CD-R e RW, mas não DVD, SACD ou qualquer outro formato em disco de policarbonato. Também possui uma saída para auscultadores.

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O CD 60 é construído em torno de um mecanismo de CD dedicado, num tempo em que a maioria dos leitores recorre a um transporte de DVD do tipo usado num computador ou em car audio. Isto permite que o leitor seja optimizado para reproduzir com maior precisão os dados existentes nos CDs. A conversão Digital para Analógico presente no CD 60 não é a solução interna Musical Mastering da Marantz encontrada noutros leitores da marca, mas sim uma solução comercializada pela ESS. O CD 60 oferece duas opções de filtros digitais na saída áudio: o Filtro 1 oferece aquilo que qualifica como o clássico som Marantz, com uma pendente suave, enquanto o Filtro 2 tem um roll-off mais nítido, e uma imagem mais precisa.
O CD 60 herda o circuito Marantz HDAM-SA2 de amplificador de auscultadores de alto desempenho com três configurações de ganho (baixo/médio/alto) para uma ligação a auscultadores, que pode ser desligada quando não está a ser utilizada.

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