O Homem da Maratona
Primeiras impressões
“Um leitor de CDs de alta qualidade com um design moderno”, diz a Marantz acerca do CD 60. Esta poderia ser uma das minhas conclusões sobre este equipamento; mas há mais para dizer.
O CD 60 poderia ser de outro planeta de muitas maneiras, uma espécie de nave espacial. É uma máquina que parece fantástica e que pode realmente passar por um design japonês de ponta. Não só é bonito, na minha opinião, como também é construído surpreendentemente bem para o preço, em termos de solidez geral, acabamento e detalhes. Mas isso pode ser também um problema, pois o CD 60 parece que está em verdadeiro território high-end, quando não está… De facto, em termos de aparência, este leitor de CDs podia bem custar o dobro, que ninguém se sentiria escandalizado. Mas isto cria também um problema à Marantz…
E eu próprio senti isso a primeira vez que vi o CD 60 numa prateleira. E pensei: uau, que coisa bonita. A Marantz tem aqui um aparelho para competir com máquinas de alguns milhares… Até que depois perguntei o preço… E o que ouvi fez-me pensar “só?”. Assim, quando o testei pela primeira vez, já não estava à espera de feitos hercúleos; o que até poderia ter acontecido, bastava que o tivesse testado sem saber o preço.
O CD 60 não lê DVD nem SACD, e pode ser comprado por uma pouco menos de1000 €, o que é basicamente a nova referência de preço budget plus para leitores de CD. Em dinheiro antigo, do início dos anos 90, quando a Marantz liderou o mercado de leitores de CD de preço «acessível», o actual preço do CD 30 equivaleria ao seu CD63 KI Signature, que naquela época custava algo parecido. O meu Meridian 506.24, que é francamente superior ao CD 60, hoje custaria bastante acima dos três milhares (3300 euros), com a devida correcção monetária, o que é 3 a 4 vezes o que custa este CD 60. E isso nota-se, mas, como diria o outro, é a vida.
O CD 60 apresenta um design industrial impressionante e uma construção robusta, que também contribui para um desempenho livre de vibração. O seu chassis é grande! Ora, a Marantz apresenta um chassis semelhante para todos os componentes desta linha de produto, não só porque há uma identidade de design entre as várias componentes, de que a maioria dos compradores irá gostar, mas também porque é mais fácil e, sobretudo, mais económico, fabricar dessa forma, com redução dos custos unitários de produção obtidos através da curva da experiência e das economias de escala. Há uns tempos, tive oportunidade de experimentar em casa o leitor de SACD e CD Denon DCD-A110, marca que faz parte do mesmo conglomerado do que a Marantz, e que me impressionou muito. Pois este, encontrando-se muitos degraus acima do Marantz em termos de desempenho – e de preço – possui dimensões semelhantes às do CD 60.
Mas onde terá a Marantz economizado para conseguir chegar a este preço moderado? A resposta passa certamente pela remoção dos extras digitais que fazem parte da generalidade dos actuais leitores de CD. Não há entradas digitais, nem porta HDMI, nem leitura de DVD, ou SACD, nem opções de streaming. Para quem desejar um leitor que faça streaming e / ou ler SACD, a Marantz disponibiliza na mesma gama o leitor SACD 30n, com um preço bem superior. O CD 60 é um leitor de CD clássico, com uma saída analógica e duas digitais, e pouco mais. Haverá mais onde a Marantz tenha poupado? Note-se até que, valha isso o que valer, o CD 60 é Made in Vietnam, e não o omnipresente Made in China.
O CD 60, tal como as outras máquinas da mesma gama, tem duas opções de acabamento, prateado), e preto, a versão que me foi atribuída. São ambas muito bonitas, embora eu prefira a prateada (não sou apreciador de equipamentos em preto). E contudo, gostei muito deste acabamento do CD 60. É um prazer olhar para ele; e tantas vezes o tenho feito, e outras tantas o tenho sentido. Pride of ownership, sem dúvida.
O CD 60 é grande; é sobretudo mais profundo que o habitual, o que pode causar algumas dificuldades a quem tiver um espaço mais exíguo onde tem o seu sistema. A construção está cheia de pormenores, tais como a existência de parafusos dourados nos painéis laterais e traseiro.
O painel frontal inclui os comandos principais, que assim, não se encontram apenas no comando, como hoje se vê cada vez mais. Neste painel há também quer uma entrada USB para ligar uma pen com ficheiros musicais digitais, quer uma saída para ligar auscultadores, uma vez que possui amplificação própria para o efeito referido. Nas traseiras, espartanas, pouco mais do que saídas coaxiais para o amplificador e saídas digitais coaxial e óptica para ligar a um DAC, por exemplo. Nada de entradas digitais, portanto. Não se compreende que o CD60 não possua iluminação no painel frontal como sucede noutras unidades da gama, até porque o leitor também se destina a ser combinado com esses amplificadores.
O painel de informações apresenta informação sobre o que está a acontecer, mas é dotado de caracteres bastante pequenos e com pouca iluminação (que pode ser desactivada), e que só de perto conseguem ser lidos. De dia, a um metro sim, do sofá, não os consegui ler.
O controlo remoto padece de um problema semelhante: os botões não são iluminados, o texto é muito pequeno e é realmente difícil de ler se tem olhos menos jovens. E, como não é retro iluminado, de noite é impossível de ler sem iluminação artificial. De resto, trata-se de um comando anódino, plástico preto. A Marantz podia ter gasto (investido!) mais uns yens num comando digno do CD 60. No entanto, ao contrário de tantos outros, tem um alcance decente. Curiosamente, o comando do CD 60 também faz trabalhar o meu Meridian… (e vice versa). Finalmente, refira-se que este comando também serve para controlar o amplificador 40n.
Como vai sendo hábito, o manual que acompanha o CD c0 é muito básico, remetendo o proprietário para a descarga do manual completo na internet. A garantia do CD 60 é de 5 anos (mediante registo).