Inovação da tradição
As colunas em si
Estas elegantes twenty5.24i são estreitas para o que é normal da sua classe. Têm apenas 20 cm de largura, 33 cm de profundidade e 1 metro de altura. Não são verticais quando observadas de lado, tendo, uma inclinação para trás, formando um paralelogramo. Assim, o tweeter, situado como é natural na parte superior da coluna, está, num plano vertical, ligeiramente atrás do woofer, o que garante um alinhamento de fase da coluna para o ouvinte.
As twenty5.24i estreiam um novo tweeter, projectado em colaboração com a SEAS. Esta é uma das inovações aludidas pelo “i” no nome do modelo, e constitui um de vários melhoramentos introduzidos em todos os modelos da série twenty5i. Este tweeter incorpora tecnologia utilizada nas PMC Fact Fenestria, o modelo principal da série de referência da marca. Tem 19 mm de diâmetro, e incorpora uma cúpula de tecido de fibra SONOMEX, sintética leve, ágil, macia e ao mesmo tempo robusta. Situa-se no centro de uma grande grelha metálica encurvada, que pretende actuar como uma lente, aumentando a dispersão até ao seu limite de 25 kHz. O objectivo é o de conseguir imagens mais nítidas em toda a sala, ampliando o ponto ideal de audição (sweet spot) e reduzindo a necessidade de inclinar as colunas para dentro (toe-in).
Os desenvolvimentos adicionais da nova série “i” também incluem o crossover, porque o uso do novo altifalante de agudos possibilita um acoplamento mais profundo do woofer, que só assume o controlo aos 1,7 kHz. Além disso, com esta medida, a unidade de graves é aliviada – afinal, sendo um transdutor de médios e graves, é a si que compete o verdadeiro trabalho duro.
Este woofer tem um cone de 17 cm de diâmetro, e é dotado de uma membrana rígida g-weave, uma trança fina de fibra de vidro leve, durável e extremamente rígida. O cone tem uma longa excursão e encontra-se alojado num chassis de liga fundida, de alta resistência, sem a qual o diafragma se poderia deformar, devido à grande pressão a que é exposto pela linha de transmissão. Com esta forma de utilização da energia, as 24i parecem ter uma segunda unidade de graves.
A boca da linha de transmissão é formada por duas portas de ventilação dupla aerodinâmica Laminair situadas na base frontal da coluna. O fluxo de ar provindo da ATL é dividido e endireitado por várias ripas, a fim de reduzir o ruído do fluxo e a turbulência, que deterioram o som na área da saída para o exterior. Essas aberturas são inspiradas na optimização aerodinâmica dos carros de corrida de Fórmula 1. É ainda importante observar que a saída da linha de transmissão está em fase com o woofer. Nas nossas twenty5.24i, a linha acústica dobrada tem 3 metros, e opera até aos 27 Hz.
Na traseira das colunas existe uma grande placa metálica, que acomoda um par de terminais universais de muito boa qualidade, capazes de receber cabos com secção de até 4 mm², também eles produzidos pela PMC. Estes terminais são feitos de metal banhado a ródio, o que a PMC alega garantir uma melhor condutividade e uma menor resistência de contacto.
Usando ainda mais tecnologia das Fact Fenestria, as 24i vêm com outra inovação. Incluem-se duas barras metálicas de aço antivibração, uma espécie de pedestal, para acoplar à base das colunas, e uns discos moles, uma espécie de espaçadores que actuam como uns amortecedores sintonizados. Estes são colocados entre a base da coluna e a parte superior do pedestal e, segundo a PMC, procuram eliminar um pico de ressonância indesejado na gama média, cerca dos 470Hz, que foi descoberto nas colunas anteriores. Os espigões também fornecidos são então acoplados à barra, havendo ainda um toque adicional, a inclusão de pequenos discos de metal protectores, para colocar entre os espigões e o solo, para proteger soalhos de madeira.
As colunas vêm com uma grelha protectora magnética das unidades, que optei por não utilizar.
Qualidade
Ao retirar as colunas, a primeira coisa que me impressionou foi a sua qualidade. São feitas a partir de HDF, e o folheado de nogueira do exemplar que me foi entregue tem um granulado muito bonito. Após a construção, as colunas são lacadas com spray e acabadas à mão para garantir a qualidade que é espectável nesta faixa de preço. Os acabamentos disponíveis são o folheado de nogueira ou de carvalho, ou um lacado de alta qualidade em preto ou em branco.
Apesar do peso considerável, de 23 kg, e das dimensões das caixas, as 24i não são muito difíceis de montar por uma só pessoa. O rodapé composto pelas barras metálicas é facilmente montado de cabeça para baixo ao abrir a caixa. As 24i são fáceis de movimentar no chão, usando os espigões e os discos sobre as quais assentam.
Instalação
A PMC refere que as colunas da série Twenty5i podem ser colocadas a um metro de distância da parede traseira, e, após várias experiencias, foi assim que acabaram por ficar, e a cerca de 2 metros das paredes laterais. Recomenda posicionar as colunas de forma que os feixes imaginários dos dois tweeters se cruzem meio metro atrás da cabeça de quem as ouve. Na minha actual sala, de 40 metros quadrados, mas com bastantes limitações (lareira, TV, sofá e móveis atrás, etc.) a recomendação funcionou. Decidi-me por um posicionamento que se aproximasse de um triângulo equilátero, com as colunas a cerca de 2,20 m de distância entre si, e a sua distância ao meu sofá a ser um pouco mais do que isso. Em boa verdade, tivesse eu podido recuar o sofá um pouco mais (e talvez afastá-las um pouco mais) e o resultado teria sido ainda melhor. De facto, as 24i gostaram quando recuei o sofá em mais um metro; com isso, o grave ganhou definição, sem prejuízo da focagem e do palco. Infelizmente esse posicionamento não era prático, pelo que apenas foi testado por meia dúzia de vezes. As experiências com o posicionamento levam-me a crer que, embora não me parecessem exigentes em termos de espaço, ainda assim, se pudessem optar, as Twenty5.24i iriam preferir salas generosas para poder esticar bem os braços e as pernas; em termos musicais, claro.
Embora um posicionamento cuidadoso traga melhorias, o característico som PMC de ampla dispersão significa que o prazer não se limita a quem consegue o ponto ideal no sofá. Como já antes referi, a PMC descreve as suas colunas como tendo um ponto ideal de audição amplo e aberto. Pois foi essa a minha experiência, ao deslocar-me, como fiz várias vezes, para um lado e para o outro do sofá. Na prática, em vez de um ponto ideal, parece que há um sofá ideal. O palco sonoro é amplo e disperso, para que mais pessoas possam desfrutar, e sem perdas de clareza e de precisão para quem está afastado do ponto ideal tradicional.
Audições
O teste que fiz às PMC é necessariamente algo subjectivo. Não disponho de equipamentos para medir o seu desempenho sónico, pelo que a minha avaliação depende do meu sistema, da minha sala, dos meus gostos e preferências, tendo um grau de subjectividade semelhante ao da esmagadora maioria dos testes que se fazem a componentes áudio.
Para o teste a que submeti as PMC, usei gravações – em CD, que em LP agora não me é possível – que costumo utilizar para testar as capacidades de um componente ou de um sistema, às quais, com o tempo, vou acrescentando mais algumas obras.
As twenty5.24i chegaram até mim já com cerca de 50 horas de rodagem, que é o que a PMC recomenda para realmente dar vida aos altifalantes. Contudo, a minha experiência foi um pouco diferente, como veremos.
Na primeira semana, usei as 24i como as colunas do meu sistema, sem fazer comparações, nomeadamente com as minhas Sonus Faber Electa Amator II, ou com as Dynaudio Contour 3.0 que mais tarde se lhes juntaram. E, rapidamente percebi que poderia viver com as PMC. Às primeiras horas, fiquei logo impressionado com a sua sonoridade. A dinâmica, o palco, a imagem 3D, a fluidez da musical, a textura, todas estiveram a muito bom plano. Foram notórios o bom equilíbrio na apresentação da música, as 24i não sendo nem projectadas (on your face) nem relaxadas (laid back). Ah… e o grave? O tal da linha de transmissão? Pois bem, de modo algum o grave é o aspecto dominante da sonoridade destas colunas. Sim, é bem notório, é bem presente, é bem credível a especificação da PMC segundo a qual as descem até aos 27Hz; mas o grave não domina os procedimentos. Cria, isso sim, uma boa fundação sobre a qual a música se pode desenvolver com beleza, subtileza, dinâmica e naturalidade.
As PMC entenderam-se lindamente com o meu Conrad Johnson Premier 11. Os 70 W de potência deste foram mais do que suficientes para garantir uma reprodução sonora de muito bom nível, nunca evidenciando o menor sinal de esforço ou de estridência.
As 5.24i oferecem um som de gama completa. Os graves são estendidos, mas rápidos e melodiosos, os médios são lúcidos, presentes, e os agudos são incisivos e arejados, o respeito pelo tempo e o ataque a transientes são impressionantes. Todas estas qualidades destacam-se em maior ou menor grau, dependendo do equipamento a montante, e de hipotéticas melhorias que lhe possam ser introduzidas. Por exemplo, a selecção dos parâmetros de upsampling do excelente DAC incorporado no leitor de CDs NuPrime CDP-9 que tive cá por casa, do standard CD PCM 44,1 kHz para 192 kHz, ou, mais ainda, para 768 kHz, trouxe sempre benefícios sonoros perceptíveis, tanto mais quanto os discos em escuta tivessem uma boa gravação: mais ar, maior separação entre os instrumentos, um palco ainda maior. O mesmo aconteceu, p.ex, quando, com o não menos apetecível leitor de CDs da Denon DCD A-110, que também é um leitor de SACD, passei da escuta da camada CD para a camada SACD do sampler deste formato da Linn, Linn Selektions; e de imediato a audição se alterava, parecia que estava a ouvir música através de um LP e do meu gira discos Basis, tudo ficava mais natural, mais musical. Da mesma forma, com a substituição do meu pré-amplificador CJ PV-12, de que tanto gosto, pelo prévio CAT SL-1 Reference Mk2, que por cá infelizmente só passou umas semanas, e que em tempos foi considerado por muitos como um dos melhores do mundo, isso fazia com que a escala aumentasse, o ar entre os músicos também, os silêncios cada vez mais silenciosos; é impressionante a diferença que um excelente pré-amplificador pode trazer para um sistema. Portanto, ficou claro, as twenty5.24i são capazes de responder favoravelmente a uma melhoria no sinal ou nas componentes que as antecedem no sistema.
A PMC reivindica uma faixa de frequência de 27 Hz a 25 kHz para as 5.24i, e eu não encontrei motivos para duvidar dessa afirmação. A música inundou a sala conta durante todo o período de testes, e nunca me cansei do som. Das vezes em que tive a casa só para mim durante o dia, foram várias aquelas em que não resisti à tentação de aumentar o volume, e as PMC não distorceram nem endureceram nada, mesmo em níveis que para mim já se tornavam desconfortáveis. Assim, gostei mais das 24i a um nível de pressão sonora realista, mais próximo daquilo que fazem os músicos quando tocam em conjunto, pois nessas circunstâncias a música é um pouco como um botão de uma flor: bonito mesmo quando está fechado, mas belíssimo quando abre, e então o prazer proporcionado é ainda maior. Se a normalmente a música proporciona maior prazer quando se deixa de ouvir mais baixo ou se passa a ouvir mais alto (nem sempre é assim, experimente-se puxar pelo som do telemóvel ou do rádio a pilhas…) mais assim é quando entramos em território high-end. E as twenty5.24i, posicionadas já bastante adentro nesse caminho, confirmam essa regra.
Inversamente, também gostei da maneira como as 24i conseguiram prender a minha atenção com volumes sonoros mais baixos, algo importante em audições nocturnas ou quando se está (ainda mais) preocupado em não incomodar a família ou os vizinhos.
As 24i não são apenas para fãs de um determinando tipo de música. Dei-lhes a beber rock, muito jazz, do mais melódico ao mais ritmado, música coral e clássica e tudo saiu muito bem, sem que as PMC mostrassem ter alguma preferência estilística. Mesmo em grandes peças orquestrais houve sempre um excelente sentido de escala, e de mais realismo do que se poderia esperar de colunas com um tamanho e um preço não muito alto, como é o caso.