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PMC twenty5.24i

PMC twenty5.24i

João Carlos Anselmo

2 fevereiro 2023

Inovação da tradição


Baixo, baixo, baixo. Toda a gente quer ter baixo. Ou grave. As PMC twenty5.24i usam uma linha de transmissão. Então, o grave é a grande proposta de valor das 5.24i. Ou mesmo da PMC em geral. Se não é, aparenta ser. Ora… será mesmo? E se não for?
Colunas… São elas as derradeiras responsáveis pela música, são elas que fazem chegar até nós os sons de que tanto gostamos. São uma peça fundamental em todos os sistemas. Mas… serão elas a peça mais importante da cadeia? Não vou tão longe. Recordo-me, a este propósito, de Ivor Tiefenbrun, criador e líder da Linn, defensor da tese “garbage in, garbage out”, segundo a qual a peça mais importante de um sistema de áudio estava no início da cadeia, na fonte do sistema, com o seu icónico gira-discos Sondek LP12 à cabeça. Na minha experiência, uma cadeia é tão forte quanto o seu elo mais fraco, um conceito que terá sido enunciado pela primeira vez pelo filósofo escocês Thomas Reid, na obra Essays on the Intellectual Powers of Man, de 1786, e que é aplicável a sistemas humanos, mas também físicos de todos os tipos. Ora, numa cadeia, no caso, um sistema de áudio, em cada momento o elo mais fraco pode ser qualquer um dos seus componentes. Nalguns casos serão as colunas, noutros será a fonte – gira discos, leitor de CDs, etc. – noutras será a amplificação, ou os cabos; poderá ainda ser a sala de audições, ou o móvel de suporte do sistema. Logo, é no domínio da componente que mais limita o desempenho do conjunto que é preciso actuar em primeira instância, procedendo ao seu melhoramento ou mesmo à sua substituição por algo com melhor qualidade e melhor integração no colectivo; está-se então no domínio do chamado upgrade.
É assim que o processo de melhorar um sistema de Hi-Fi, ou Alta-fidelidade - ao quê? Pois ao som original criado pelos músicos - leva a que se vá paulatinamente removendo véus. Véus esses que antes de experimentar o tal componente que os revela nem sabíamos que existiam; que a audição é mais complexa que a visão… E assim chegamos mais perto da fruição do tesouro que está guardado lá no fundo do disco.
As peças hoje em análise são justamente umas colunas, as PMC twenty5.24i.

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A PMC foi fundada já em 1991 por Peter Thomas, antes na BBC, e Adrian Loader. Apesar dos seus mais de 30 anos de vida, e de já estar presente no mercado português há alguns anos, pela mão da Ajasom, este conceituado distribuidor de equipamentos de Áudio e cinema reforçou agora a sua ligação à marca, disponibilizando a sua gama completa de soluções.
PMC são as iniciais de Professional Monitor Company, designação que levanta logo o véu sobre a empresa e a sua missão. A PMC é conhecida no mercado internacional pela qualidade dos seus monitores, em particular, e das suas colunas, em geral. É que a marca começou por actuar no mercado do áudio profissional, o da gravação, quer a nível dos estúdios quer dos músicos que possuem sistemas de gravação e reprodução de áudio. Bem, mas nós estamos num universo distinto, o da reprodução doméstica da música; e é por isso que a PMC tem um posicionamento invulgar no mercado. De forma não muito comum, a marca actua quer no mercado profissional quer no doméstico; e em ambos oferece ainda soluções para cinema em casa e para colocação dentro ou sobre a parede (In-wall / on-wall).
A maioria dos estúdios de cinema e música da EMI, Sony e Warner e outras, de emissoras como a BBC e a ORF e editoras como a Decca e a Harmonia Mundi usam colunas PMC. As produções produzidas com colunas PMC incluem filmes como Independence Day, Titanic, Pearl Harbor, Game of Thrones, os Skyfall, e tantos outros. Muitos temas de filmes de compositores como Thomas Newman, Henry Jackman e Tyler Bates foram elaborados com colunas PMC. O portfólio de bandas e músicos que trabalham com a PMC no rock e da pop é numeroso, contando com artistas como Peter Gabriel, Kraftwerk, ou Robbie Williams. A PMC foi mesmo um dos poucos fabricantes de áudio a ganhar um Emmy.
No mercado doméstico, que é aquele que nos interessa, observa-se que a PMC escolheu estar ausente das faixas que sobem até à gama média alta. O seu portfolio é bastante vasto, oferecendo neste momento 31 produtos, quase todos colunas, que vão desde a gama média alta até à gama muito alta do mercado, todos recorrendo à linha de transmissão, que faz parte da sua raison d’être. A gama twenty5i, em que as twenty5.24i se inserem, beneficia bastante, conforme iremos ver, da aprendizagem e de materiais desenhados para a gama doméstica mais alta, Fact Fenestria, que tem preços de largas dezenas de milhares de Euros.
As colunas com linha de transmissão já existem há décadas. Recordo-me de nos anos 80 ter tido vários encontros com colunas da marca TDL, as quais recorriam a essa metodologia. Das primeiras vezes, fiquei excitado com o grave – o “baixo”! - que essas colunas produziam, a um preço simpático. Esse grave era fantástico, a guitarra baixo era bem mais notória, audível, do que na generalidade das colunas de preço e tamanho equivalente; ou pelo menos eu assim então pensava. Contudo, com o tempo apercebi-me de que esse grave tinha vários problemas, de integração com a gama média, de definição, de controlo, de recorte, enfim. Ainda assim, várias vezes me perguntei se uma linha de transmissão moderna, bem executada, poderia oferecer as qualidades que me atraíram neste design e resolver os seus problemas.
Este princípio de reforço de graves que é a linha de transmissão tem várias vantagens, mas só é seguido por um número reduzido de fabricantes, em boa parte devido às suas complexidade técnica e elevado custo de produção.

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A primeira série com o nome twenty foi lançada em 2011 para o 20º aniversário da marca, seguida pela twenty5 para o seu 25º aniversário. Esta nova versão twenty5i, sem alterações visuais aparentes está agora de volta numa versão “i”, de “improved”, ou “melhorado”. É que de facto foram feitas várias alterações, no tweeter, na filtragem e na conexão ao chão, no intuito de causar uma melhor reprodução da música.
As colunas em análise, as twenty5.24i, fazem parte desta série twenty5i, de que são as segundas maiores, num modelo de 2 vias que, como todas, recorre a uma linha de transmissão. A série inclui quatro outros modelos, duas colunas monitoras, 21i e 22i, um modelo de chão compacto, as 23i de duas vias, e o modelo maior, as 26i de chão e de 3 vias. A série twenty5i tem ainda uma coluna central e uma opção de subwoofer.
As colunas PMC e em particular esta série twenty5i, recorrem a uma tecnologia que a PMC designa Advanced Transmission Line, ou ATL, um processo de reforço de graves que tem sido crucial para a notoriedade da marca. Esta tecnologia actua praticamente como um driver de graves adicional, recorrendo para tal ao design das colunas e aos materiais internos.
Para entender o que diferencia estas PMC, veja-se a sua construção interna e a carga do altifalante de graves: a onda traseira que sai do woofer é canalizada para um túnel dobrado que, no final, se abre na parte de baixo da face frontal. Este túnel é revestido com materiais de amortecimento para que todas as frequências sejam absorvidas, excepto as mais baixas, sendo expelidas através das duas aberturas na base do painel frontal.


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