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Hi-Fi Show em Lisboa

Hi-Fi Show em Lisboa

Jorge Gonçalves

6 julho 2023

Se Maomé não vai à montanha…


Foto 13 Hifi show Lisb

Sistema Linn/Gold Note da sala da José Lopes Marques.

Foto 14 Hifi show Lisb

É de saudar o regresso da Linn a um show de áudio em Portugal.

Por último mas nunca menos importante, tínhamos a sala da Top Audio/José Lopes Marques, onde o José Lopes optou por rodar dois sistemas bem interessantes durante horários bem definidos, de modo a que um se pudesse organizar para ouvir aquele que mais lhe interessava. O primeiro sistema tinha equipamentos das marcas Davis (colunas Acoustic Stellar), Chord Electronics (DAC e prévio Chord Dave com upscaler Hugo e transporte Blu), Gold Note (gira-discos Mediterrranean Gold Leaf e prévio de phono PH10), Atoll e Isoacoustics e o segundo apostava nas combinações de elementos da Linn (Streamer Linn Selekt DSM e Organik DAC Stereo Power Out), Gold Note (colunas A6 Evo II), Atoll (amplificador de potência AM400, streamer e prévio Atol ST300)) e, novamente, acessórios da Isoacoustics. Dois sons bem diferentes, com a liberalidade e elegância do som Linn a fazer um belo contraste com as características talvez um pouco mais analógicas do som Chord/Davis – calor e espacialidade com fartura.

Foto 15 Hifi show Lisb

O segundo sistema da José Lopes Marques com colunas Davis e electrónica Chord/Gold Note/Atoll.

Quer a Ajasom quer a José L. Marques apostaram nos auscultadores e colocaram fora das suas salas mesas com amplificadores e equipamentos das marcas de representam e distribuem para serem livremente utilizados, algo que agradou de maneira evidente aos visitantes que puderam ouvir auscultadores que raramente estão disponíveis para estes fins. As marcas eram muitas mas posso destacar a Meze, a Campfire, a Hifiman, a Furutech, a Ferrum, a Grado, a Chord, a Focal, a FiiO e mais algumas outras.

Foto 16 Hifi show Lisb
Foto 17 Hifi show Lisb

Dois espaços dedicados a experimentar auscultadores complementaram os interesses de quem gosta destes acessórios.

Dois dos momentos mais interessantes de que pude desfrutar nesta visita ao HiFi Show de Lisboa assentaram na possibilidade de ter podido falar com Luís Fernandes, a da Finite elemente, e Silvio Delfino, da Riviera Audio. Silvio fala um português correctíssimo, derivado do facto de a sua mulher ser de origem brasileira, o que facilitou bastante a nossa troca de impressões.

Foto 19 Hifi show Lisb

Silvio Delfino, presidente da Riviera Audio.


Começou por me dizer que a marca apareceu há 7 anos, altura em que eu a conheci, na sequência de uma visita de Sílvio e do seu sócio Luca Chiomenti ao show de Munique. Isto depois de Silvio ter sido quase um homem dos sete instrumentos pois começou por ser crítico de equipamentos de áudio, escrevendo para várias revistas, chegando mesmo a dirigir a Stereoplay. Segundo Silvio, um amplificador de áudio deve ter a capacidade de trabalhar bem com sinais musicais e medir bem no laboratório, mas nunca se deve perder de vista que ele se destina a transferir música para ela ser ouvida por um ouvido humano e interpretada por um cérebro humano que tem a capacidade de compensar níveis de distorção até cerca de 10%, tais como os que acontecem quase todos os dias na cóclea quando ouvimos sinais com um intensidade de 90 dB ou mais! Como tal, se o amplificador apresentar na saída uma taxa de distorção entre 0,5 e 1%, isso é perfeitamente aceitável.
Silvio contou-me mesmo uma história que decorreu ao nível da AES quando um engenheiro da Tannoy apresentou um estudo em que demonstrava que tinha conseguido encontrar quatro amplificadores perfeitos, do ponto de vista de um conjunto de regras referentes a valores a medir. O problema era que um conjunto alargado de ouvintes conseguiu produzir dados com relevância estatística que provavam que cada amplificador soava diferente dos outros! Ora isso é claramente impossível pois, no dia em que se atinge a perfeição ela, por definição, só pode ser alargada a um objecto, neste caso um amplificador. No futuro a Riviera vai ter disponíveis duas linhas consolidadas de equipamentos electrónicos: a actual Levante passará a ter um prévio, já disponível em protótipo em Munique, um amplificador de potência e o actual integrado. Na linha AFL irão aparecer no futuro, talvez entre 2 a 3 anos, dois prévios de phono, que se juntarão aos equipamentos com letra inicia “A” já existentes. Falando sobre Munique, Sílvio concorda que preços estratosféricos da ordem das centenas de milhares de euros são altamente exagerados e não podem justificar apenas com custos de materiais embora no caso da Riviera, cujos preços estão bem abaixo dessa zona rarificada, houve mesmo necessidade de aumentar preços pois todos os equipamentos são fabricados em Itália e os custos de produção, principalmente ao nível de acabamento, onde um painel frontal pode passar por 7 processos, subiram 3 a 4 vezes. Outro aspecto interessante desvendado por Silvio é que os transformadores de alimentação sobredimensionados usados nos equipamentos da Riviera são ainda feitos à mão por Luca, o qual se recusa a utilizar transformadores toroidais devido a entrarem em saturação com grande facilidade

Foto 20 Hifi show Lisb

Luis Fernandes, da Finite elemente, demonstrou a influência de três diferentes tipos de mesa Pagode na performance de um sistema de áudio.


O Luís Fernandes é um velho conhecido, neste caso mesmo de há bastantes anos pois a primeira vez que nos encontrámos foi num dos Audioshow do hotel Alfa nos anos noventa. E o Luís deu-se então ao trabalho de fazer um sessão especial de demonstração em que era possível apreciar o salto qualitativo obtido na performance de um sistema quando se colocava a fonte de sinal, um Ayre CX-8, sobre três mesas diferentes: uma Pagode Signature, uma Pagode Edition e uma Pagode Carbon. E da Signature para a Edition as diferenças eram já fáceis de discernir, a grande surpresa veio quando se passou para a Carbon e a espacialidade, a limpidez, a imediaticidade dos transientes eram não sei quantas vezes mais evidentes que na Edition. Fez-me pensar que resultados poderiam ser obtidos na Pagode de quatro prateleiras que aloja o meu sistema de áudio mas assim que a ideia me veio à cabeça achei melhor olhar para outro lado porque não é o melhor momento de entrar em despesas.
E assim se completa o conjunto das minhas impressões sobre o HiFi Show de Lisboa. Teve todo o mérito a iniciativa das quatro empresas presentes e mais que tudo, foi muito agradável constatar uma vez mais que os entusiastas do áudio de qualidade respondem à chamada com grande entusiasmo. Que venham mais eventos deste género é o que todos desejamos.

Foto 18 Hifi show Lisb

Era possível apreciar in loco a complexidade estrutural das mesas Pagode.

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