Se Maomé não vai à montanha…
Organizar um evento de áudio tem por detrás de si um conjunto de responsabilidades, preocupações e requisitos logísticos que só poucas pessoas conhecem em profundidade e posso dizer, sem falsos orgulhos que sou das poucas pessoas em Portugal que tem uma ideia concreta das necessidades. Começo então por deixar aqui um voto de louvor à Ajasom e às empresas que a ela se juntaram por terem lançado mãos à realização do HiFi Show Lisboa. As notícias sobre o «falecimento» do Audioshow que alguns lançaram são definitivamente exageradas mas não há dúvida que já passou algum tempo sobre a última edição e a pandemia ainda não se foi embora mas quase desapareceu, portanto deixa de ser uma «desculpa». Mas há outros requisitos em termos de pessoal e de estrutura organizativa que não são fáceis de cumprir a partir do momento em que nos convertemos ao funcionamento online. E são exactamente esses requisitos que estão a ser procurados neste momento, pois a vontade de organizar um Audioshow global continua bem viva e presente.
Mas passemos ao que é importante neste momento e que é falar de um evento que graças aos esforços da Ajasom, como já foi acima citado, juntou num hotel de Lisboa um conjunto de quatro lojas e distribuidores de áudio distribuídos por seis salas e que levou ao local uma ampla quantidade de entusiastas do som de qualidade – embora eu só estivesse presente na tarde de sábado, durante a qual pude observar várias salas cheias de público, as informações que recebi permitiram-me confirmar que o domingo foi uma vez mais um dia de grande sucesso. E as razões para tal centram-se seguramente no excelente conjunto de equipamentos em exposição e demonstração, nos representantes estrangeiros que até nós vieram e ainda nos esforços bem evidentes em várias redes sociais envidados por todas a empresas presentes no sentido de levar ao conhecimento de um vasto público a existência deste evento.
Sistema Moon/Vandersteen presente na sala da OnOff.
Comecemos então a resenha deste evento pela ordem em que fui visitando as diversas salas, isto depois de largos minutos de conversa estabelecida com amigos e conhecidos que nalguns casos não encontrava há anos. E a primeira sala do lado esquerdo era a da OnOff, onde dois sistemas permitiam apreciar conceitos diferentes de combinações de equipamentos. Logo à entrada tínhamos um sistema com electrónica Moon – Prévio 850 P, DAC/Streamer 780D V2, amplificador de potência 860A V2 e colunas Vandersteen 2Ce MK III. O som fluía de uma maneira fácil e sem preconceitos, com um sentido de ritmo muito agradável e prendia os ouvintes que só de lá saíam quando se ligava o segundo sistema com electrónica McIntosh – amplificador de potência MC2152, prévio C22 Mk V e leitor de CDs MCD600, combinada com as colunas Fyne Audio Classic XII. Aqui a música era outra, numa interessante combinação de intimismo e graves bem imponentes emitidos pelo altifalante concêntrico das Classic XII.
O segundo sistema da sala da OnOff, assente em Fyne Audio e McIntosh.
Amplificador de potência McIntosh MC2152.
Seguia-se a primeira sala da Ajasom onde pontuava um sistema assente na electrónica da Mola Mola – prévio Makua e monoblocos Kaluga, sendo a fonte o leitor de CDs Esoteric Grandioso K1X, tudo alimentado a partir de um regenerador de tensão de sector Stromtank S1000 e tendo como elemento final umas colunas PMC Fact 12. Em grande destaque estavam igualmente as mesas da Finite elemente, mas sobre isso falarei um pouco mais à frente. Um conjunto de respeito que debitava música que encantava pela imediaticidade da resposta aos transientes e pelo excelente controlo dos amplificadores sobre as colunas. De destacar também o facto das três salas da Ajasom terem instalados dispositivos Ressonator, da ASI, os famosos «sininhos».
O sistema principal da primeira sala da Ajasom assentava nas colunas PMC Fact 12 e na amplificação Mola Mola: prévio Makua e monoblocos Kaluga.
Regenerador de sector a baterias Stromtank S 1000.
Logo à entrada da segunda sala da Ajasom tínhamos um sistema centrado nas colunas Kii, as quais recebiam o som directamente do streamer Innuos Pulsar, com a alimentação do sector a ser refinada através dos acessórios da Shunyata – sistema de terra com redução de ruído Altaira e distribuidor de energia Hydra Delta.
Sistema Kii Audio/Innuos/Shunyata.
Infelizmente não tiver oportunidade de o ouvir mas sentei-me durante bons momentos em frente das Vivid Kaya 90 que partilham o seu DNA com as famosas Vivid Giya e emitem uns graves puros e límpidos como poucas vezes ouvi a partir de umas colunas desta dimensão, são incrivelmente espaciais e ainda por cima têm uma estética altamente apelativa. A electrónica era toda da Esoteric – DAC/streamer N-05XD, clock externo G-02X, amplificadores de potência S-05 (dois), prévio C-03XS e leitor de CDs K-05XD.
As Vivid Kaya 90 estavam ligadas a uma bateria de electrónica da Esoteric.