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Audio Research I/50

Audio Research I/50

Leonel G. Marques

23 março 2025

Em busca do estado puro da amplificação: o novo integrado I/50 da Audio Research


Audição


As válvulas já vinham colocadas pela Imacustica (o que agradeço), de modo que a instalação não poderia ter sido mais fácil excepto num pormenor. Quando se liga o I/50 os LexiTubes ficam em contagem decrescente durante 1 m e o amplificador está em “mute”. Por isso, é preciso carregar no botão do volume para termos som! Um pormenor que não vem no manual e que me fez telefonar ao Jorge Gonçalves! (Obrigado, Jorge).

Foto 4 AR I_50

Mas enfim liguei o I/50 às minhas colunas residentes B&W 705SE. Como fontes usei sobretudo o meu leitor de CD/SACD, o Atoll SACD 200SE, através de ligações SPDIF a um DAC DSD Holon Cyan que liguei pela ligação balanceada ao XLR e também experimentei ligá-lo directamente ao I/50 pela mesma saída sem intervenção do DAC. Mas a contribuição do DAC torna a audição superior. Também experimentei a saída de auscultadores (de transístores) com os meus auscultadores Hifiman Sundara. Mas a parte crucial da audição teve lugar com a fonte SACD200 Atoll e o DAC Holon Cyan, usando a ligação balanceada XLR.
O I/50 impressionou-me sobretudo nos médios, sobretudo em conjugação com as B&W 705SE. Os médios são incrivelmente transparentes, uma característica típica de amplificação a válvulas. A presença vocal é excepcionalmente detalhada, conferindo vida e expressividade às vozes e instrumentos acústicos. Mas também nos registos mais agudos, é de realçar a sua suavidade, a sua naturalidade, sem agressividade e com uma assinatura sonora menos analítica do que os amplificadores de estado sólido apresentam habitualmente nestes registos. Mais, o I/50 é capaz de manter um timbre aveludado mesmos nos mais agudos dos registos, sem nunca perder a resolução. O I/50 oferece também uma excelente separação de canais e um espaço tridimensional envolvente. É possível perceber a localização precisa de cada instrumento e produz uma excelente imersão auditiva. No diz respeito à expressão dinâmica, outro ponto forte das válvulas, o desempenho do I/50 é excelente, permitindo capturar desde os menores detalhes até grandes variações de intensidade musical sem perda de fluidez. Também nos registos graves, o I/50 revela baixos impactantes q.b., bem controlados e articulados. A topologia push-pull com as válvulas 6550WE garante resposta de baixa frequência sem perda de definição. Os graves apresentam boa resolução e naturais, tornando o I/50 especialmente adequado para o jazz e a música clássica. Apesar de todos estes aspectos extremamente positivos, é preciso notar que o I/50, como é apanágio das válvulas a um nível de preços relativamente razoável, não possui a extensão de baixos que muitos apreciadores de rock preferem nem a capacidade de manter o nível do desempenho em níveis elevados de volume (o que obterão mais facilmente na amplificação de estado sólido).

Foto 5 AR I_50

Mas passemos à análise mais detalhada.
Na música clássica, começamos pelo Ensemble Les Surprises e um programa que combina obras de vários membros da família Bach e da utilização de vários instrumentos inspirados pelos fabricados pela família Silbermann. A reprodução do som subtil dos órgãos (sim, mesmo para um órgão) e, em particular, dos pianofortes utilizados, em conjunto com a voz barítono do solista é magnífica. A verdade dos timbres e a fisicalidade da presença são excepcionais. A seguir temos um dos grandes contratenores contemporâneos, Franco Fagioli, propondo um repertório invulgar que está a meio caminho entre o classicismo e o romantismo. São todos fragmentos tornados famosos em palco pelo contratenor Giovanni Battista Velluti, do século XIX, considerado o último castratto da história. Com árias de Rossini, Mercadante ou Bonfichi, Fagioli demonstra aqui a sua excelente musicalidade e capacidade expressiva. De igual modo, as I/50 não deixam os seus créditos por mãos alheias, reproduzindo os registos agudos e os seus labirínticos virtuosíssimos, com a toda a suavidade e doçura, mas também como todo o drama e toda a premência das obras interpretadas. O I/50 e Velutti, um encontro preparado no Céu, mas falhado na Terra com mais de um século.
No jazz, começamos Artemis, um supergrupo de instrumentistas femininas das grandes Nicole Glover no sax, Ingrid Jensen na trompete e Renee Rosnes, no piano e passando pela baixista Noriko Ueda e a baterista Allison Mille. A música é pensativa, inteligente e bela. E o I/50 empresta à gravação todo o espaço entre notas de que precisa, não sentindo dificuldades nos rasgos de swing puro e nos uníssonos dos sopros. E depois, o I/50 oferece aquela tonalidade escura que tão bem casa com a natureza desta música.

Foto 6 AR I_50

A seguir passamos à gravação inédita de a um espectáculo ao vivo da inimitável Ella Fizgerald, raínha absoluta e incontestada do jazz. O espectáculo é no Coliseu em Oakland e a orquestra presente era a de Duke Ellington. Que mais é preciso dizer? Outro grande desempenho do I/50 com a reprodução perfeita do grão e dos timbres exactos da voz de Ella, lidando com facilidade com o dinamismo da orquestra e preservando o swing que escorre pelas costuras do som. É como que estivéssemos lá.


                                        Playlist
Ensemble Les Surprises: The Experts: The Bach and Silbermann Families, CD Harmonia Mundi
Franco Fagioli & Choeur/Orquestre de L’Opera Royal (S. Plewniak, dir.) – The Last Castrato, Arias for Velluti ,CD Chateau de Versailles
Artemis – Arboresque, CD Blue Note
Ella Fitzgerald – The Moment of Truth, Ella at the Coliseum, CD Verve
The Last Internationale – Running for a Dream, CD Elephant Army
Jimi Hendrix Experience – Los Angeles Forum, April 26, 1969 ; CD Sony


Finalmente, o Rock. Primeiro com a banda semi-nacional, The Last Internationale do guitarrista Edgey Pires (com família em Arcos de Valdevez) e da vocalista Delila Paz. Consciência social e electricidade permanente, eis como poderíamos definir a banda. O seu som é um puro rock clássico com um guitarrista virtuoso e uma autêntica Janis Joplin na voz. A este nível de electricidade, a alto volume, o I/50 pode não encher as medidas de um headbanger mas a níveis decentes, numa sala de dimensões satisfará plenamente qualquer um de nós, com a reprodução da voz a ser rondas a perfeição e a acidez da guitarra a exibir a sua bela distorção em overdrive. Muito alto, no entanto, o som torna-se um pouco confuso e perde discriminação e presença. O mesmo se poderia afirmar do grande Hendrix nesta gravação, recentemente redescoberta com alguns temas essenciais dos Experience. A distorção de Hendrix e o baixo de Noel Redding também não oferece obstáculos especiais ao I/50 fugindo do zénite do seu desempenho apenas a níveis excessivos de volume.


Conclusão



O Audio Research I/50 é um amplificador integrado valvulado que equilibra um design sofisticado com uma sonoridade quente, rica e transparente. A sua natureza modular, qualidade de construção e componentes de alta-fidelidade, tornam-no uma excelente opção para audiófilos que não disponham de fundos ilimitados.

Foto 7 AR I_50

Com uma resposta musical bem equilibrada, óptima separação estereofónica e um som envolvente, é uma opção de destaque no mercado de amplificadores integrados a válvulas na sua faixa de preço. É uma escolha excelente para a maior parte das salas e a um nível de volume que não perturbe o casamento e vizinhança, em especial para música clássica, jazz e música acústica, em geral. Claro que com amplificadores de estado sólido a este nível de preço, estas questões não se põem, mas as válvulas transmitem uma presença, uma envolvência e um calor musical difícil ou impossível de atingir por amplificação a transístores. Recomendo apenas que se tenha em atenção a sensibilidade das colunas, o I/50 funcionará certamente melhor com colunas de sensibilidade de 87 dB ou melhor, para aí à roda de 89/90 dB. Mas, como dizia a Mafaldinha, “nada serve para tudo”, por isso, existem os amantes da amplificação de estado sólido e os da amplificação a válvulas. E se existisse o tal amplificador de estado líquido de Daedalus, quem sabe…
Em conclusão, se o leitor procura um amplificador a válvulas com som autêntico e dinâmico que possa usar continuadamente, sem ser expulso de casa e a um preço abaixo da estratosfera, o I/50 merece a minha maior recomendação e a sua maior consideração!


Amplificador integrado Audio Research I/50
Preço     7400 €
Contacto Imacustica