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JBL MA710 e Stage 250B

JBL MA710 e Stage 250B

Miguel Marques

14 janeiro 2025

Áudio e cinema em casa numa excelente e versátil combinação


Feitas as apresentações, passemos então às audições - e aqui a primeira boa surpresa é que o MA710 é muito simples de usar, bastou ligar à rede, fazer as habituais actualizações e tudo começou a rolar, através do protocolo UPnP (que, como mencionei acima, é gapless, fundamental para música clássica ou discos ao vivo). A segunda boa surpresa, embora não inesperada num amplificador do tipo receiver, é a presença de igualização, que se revelou mais uma vez muito útil, como iremos ver mais à frente - apenas a ausência de uma saída de auscultadores me pareceu incomum para este tipo de produtos.

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Comecei então as minhas escutas com dois discos do colectivo de jazz MTB (Mehldau Turner Bernstein), que, como o nome indica, é composto pelo pianista Brad Mehldau, pelo saxofonista tenor Mark Turner e pelo guitarrista Peter Bernstein. O primeiro disco, Consenting Adults (16 bits/44,1 kHz, 1994, Criss Cross), conta com Larry Grenadier no contrabaixo e com Leon Parker na bateria, e, no segundo disco, Solid Jackson (24 bits/96 kHz, 2024, Criss Cross), Bill Sterwart substitui Leon Parker. E, se as primeiras impressões foram positivas, notei algum excesso de leveza nos graves - nada que um acréscimo de 3 dB na equalização do MA710 não resolvesse facilmente (algumas medições parecem indicar que essa leveza está de facto lá, embora seja de realçar que o comportamento in room vai ter sempre grandes variações). E, a partir daqui, tudo soou bem: transientes suaves, agudos presentes mas sem agressividade, e um grave mais presente e equilibrado com as restantes frequências - com particular destaque para o percussivo som de piano de Brad Mehldau em Solid Jackson.

Passei em seguida para o clássico de punk dos NOFX, Heavy Petting Zoo (1996, 16 bits/44,1 kHz, Epitaph Records) - aqui refiro-me ao punk californiano dos anos 90, mais melódico e comercial, com bandas como os NOFX, os Green Day, os Offspring ou os Bad Religion, e não ao movimento punk dos anos 70, mais áspero e anti-sistema, com bandas como os Sex Pistols ou os Ramones. Música muito rítmica e energética, o conjunto JBL consegue tocar esta música com bastante força e sem embrulhar os diversos instrumentos uns com os outros, o que por vezes acontece nestes discos. Nota-se aqui (mais do que notei com o jazz) um som um pouco mais “escuro”, que creio poder ser do agrado de bastantes leitores - não são colunas muito reveladoras nos agudos como, por exemplo, as B&W 606 S3, tendo um som menos presente nesse espectro, sem que tal signifique ausência de clareza ou definição.

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Para concluir, escolhi o disco Plays J.S. Bach, do guitarrista canadiano Maxim Cormier (da bonita ilha de Cape Betron) - que, como o nome indica, incide sobre a obra do compositor alemão. Cormier tem a peculiaridade de tocar peças de música clássica (aqui, tecnicamente, barroca) não com uma guitarra de cordas de nylon e o uso dos dedos, como é quase obrigatório, mas com guitarras de cordas de aço e o uso de palheta para atacar as cordas, o que é uma raridade (e uma blasfémia, para muitos), ou até mesmo uma estreia no (fechado) mundo da guitarra clássica - é algo que certamente fará muita gente corar de indignação. Para os menos puristas, a abordagem de Cormier retira um pouco do peso e do som antiquado que algumas interpretações da música de Bach podem ter, e trazem uma lufada de ar fresco a um mundo que há muito precisava de uma. Bem gravado (gaba-se a ausência de desnecessárias reverberações adicionais, que tantas vezes comprometem estes discos), foram um bom teste ao sistema JBL - para ver se este sistema conseguia reproduzir música mais sofisticada e delicada. E conseguiu, sendo que algum do som mais “escuro” que senti no disco passado, aqui não se revelou - com toda a clareza da guitarra de Maxim a surgir sem quaisquer obstáculos, inclusive os fortes transientes que a palheta provoca (em comparação com os dedos) - achei particularmente impressionante o realismo do timbre da guitarra. Também as dinâmicas são bem reproduzidas, com os picos de ambos os espectros da gama dinâmica a soarem fiéis - tudo isto tendo em conta, claro, a gama de preço que estamos a analisar.

Como nota final, usei um Volumio Motivo ao longo destes testes, um produto algo acima, em termos de preço, deste sistema JBL - e fui alternando entre o protocolo UPnP do MA710 e o do Motivo. Naturalmente, o Motivo apresentou melhorias audíveis em relação ao MA710, com mais definição e presença em todas as frequências, e maior sensação de resolução - mas a secção digital do MA710 aguentou-se muito bem e creio que será preciso chegar perto da gama do Motivo para se notarem diferenças significativas na secção digital.

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E, por falar em gama de preços, nesta em que estamos a tratar, todos os sistemas têm prós e contras e há escolhas que os engenheiros que desenham estes produtos têm inevitavelmente que fazer. Tendo analisado os dois produtos em conjunto, fica mais difícil perceber essas escolhas - mas a JBL apresenta aqui um conjunto muito interessante para áudio, que tem a versatilidade de se poder converter com muita facilidade num sistema de cinema em casa. Talvez já tenha ouvido amplificadores ligeiramente mais musicais apenas para áudio, e as colunas precisaram sem dúvida de uma ligeira equalização nos graves, mas poucos sistemas oferecerão o muito que este sistema oferece por este preço - com o MA710, particularmente, a oferecer streaming de boa qualidade sonora e excelente implementação a nível de software. Mais um sistema muito interessante e que deve ser considerado por todos os que buscam uma solução compatível com áudio e cinema em casa a um preço acessível.


JBL MA710 e Stage 250B
Preços
MA710           1099 €         
Stage 250B     499 €
Representante Sarte Audio

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