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Aurender A20

Aurender A20

João Zeferino

29 dezembro 2024

Uma fonte digital de alto gabarito


Audições


Atendendo a que o Aurender A20 chegou, tocou, e, por mérito próprio, conquistou um lugar cativo no meu sistema de som, a lista de obras escutadas é apenas uma amostra da enorme quantidade de peças musicais que tenho tido o privilégio de ouvir nos últimos tempos.

Lista resumida das obras escutadas durante o período de audições:


-G. Mahler, Sinfonia nº 3, Coro e Orquestra Sinf. Rádio Frankfurt, Eliahu Inbal, Qobuz
-J. Brahms, Sinfonia nº1, Orquestra Sinf. de Los Angeles, Carlo Maria Giulini, Tidal
- L.V. Beethoven, Concerto nº 4 para piano e orq. em Sol, Op. 58, Maria João Pires, Orq. Sinfónica Rádio Sueca, Daniel Harding, Qobuz
-Carl Orff, Carmina Burana, Coro e Orq. Sinf. Atlanta, Robert Shaw, Qobuz
-S. Rachmaninov, Danças Sinfónicas, Orq. Minnesota, Eiji Oue, Qobuz
-A. Bruckner, Sinfonia nº8, Orq. Fil. Viena, Carlo Maria Giulini, Qobuz
-G.F. Handel, Dixit Dominus, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner, CD DECCA
-Dire Straits, Love Over Gold, Qobuz
-Eddy Louiss - Sang Mêlé, CD Nocturne
-Diana Krall, The Girl in The Other Room, Tidal
-Joe Morello, Standard Time, Tidal
-Patricia Barber, Companion, Qobuz


O A20 foi testado em três situações distintas. Principalmente como fonte digital pura, com o controlo de volume inibido, e ligado ao pré-amplificador Accuphase C-2150 via cabo analógico Kubala-Sosna Fascination balanceado. A ligação entre prévio e amplificador esteve a cargo do Kimber Select KS-1121. Na segunda situação o A20 foi ligado, com o controlo de volume em modo ajustável, directamente ao amplificador de potência Accuphase P-7300. Foi ainda testado apenas como DAC ligado a um leitor / transporte de CD Primare DD15, via cabo digital coaxial Nordost Blue Heaven. As colunas foram as Perlisten S7T, ligadas com os habituais Kimber Select KS-3033.

Foto 4 Aurender A20

Tendo convivido nos últimos anos com dois modelos da casa Aurender, os ACS100 e ACS10, pensei que já sabia o que esperar, contudo, a grandeza das diferenças face àqueles modelos surpreendeu-me desde o início. Obviamente que os DACs AKM e, principalmente, a electrónica analógica têm uma influência gigante no resultado final e isso ficou bem patente.

O A20 sou-me desde o início como uma fonte tonalmente neutra, com uma gama média muito clara e informativa e um registo agudo extenso, pleno de detalhe, mas sempre limpo e isento de efeitos agrestes ou excesso de brilho. A reprodução musical pauta-se sempre uma apresentação muito transparente, fluída e informativa. O registo grave, principalmente ao nível do médio/grave soa limpo e encorpado o que confere escala e sustento à apresentação musical e, desde que a gravação o permita, cria um palco sonoro amplo, nítido e realista.

A fluidez e liquidez que imprime ao discurso musical, aliada à extraordinária envolvência e ausência de efeitos artificiais, proporcionam audições relaxantes, com uma sonoridade atmosférica e plena de naturalidade, convidando a longas horas de audição sem cansaço.

Ao longo do longo período de audições, uma das características que mais me tem consistentemente agradado é a naturalidade com que a música nos é apresentada. As vozes são magníficas pela sua veracidade, os baixos tensos e encorpados, o palco de proporções realistas e o vigor e a dinâmica da apresentação ao nível do que se espera de um leitor de CD’s de categoria superior. Em obras como as Danças Sinfónicas de Rachmaninov não podemos deixar de ficar impressionados pela clareza e beleza com que os metais da orquestra são caracterizados, exibindo um timbre natural e o brilho característico dos instrumentos da família dos metais, mas sem se tornarem intrusivos pelo exagero como muitas vezes acontece.

Foto 5 Aurender A20

O Aurender A20 é capaz de desenvolver um palco sonoro esplendoroso nas três dimensões, libertando a música de quaisquer amarras, sendo especialmente competente na definição em profundidade, o que favorece a reprodução de obras sinfónicas de elevada complexidade, ao revelar a contribuição dos naipes de instrumentos mais recuados no palco da orquestra, sem comprometer a lucidez dos que se encontram à boca do palco e proporcionando uma imagem estável e equilibrada do todo. Nem todas as gravações são igualmente capazes de produzir essa ilusão, mas quando a gravação o permite, o resultado com o A20 é deveras impressionante. Foi o caso com a cantata cénica Carmina Burana de Carl Orff, uma gravação original Telarc e agora disponível nas plataformas de streaming, que permitiu mostrar a capacidade do A20 em desenvolver um palco sonoro de enormes dimensões e com uma qualidade dinâmica, que, independentemente do efectivo instrumental, parece ser sempre capaz de albergar mais elementos sem indícios de congestionamentos.

O registo grave é particularmente impressionante, não apenas pela correcta extensão, mas principalmente pela articulação, definição e enorme paleta tonal, que permite revelar os alicerces da música e que confere uma qualidade orgânica à reprodução musical. A mencionada obra de Orff, mas também outras obras de grande complexidade como a 3ª sinfonia de Mahler ou a 8ª de Bruckner, foram especialmente beneficiadas neste aspecto, com os naipes de cordas graves, violoncelos e contrabaixos, a fazerem perceber a sua imponência e, como alicerces da obra, a garantir uma apresentação majestosa e coesa do todo.

A gama média revela uma transparência de grande nível e alia uma assinalável suavidade a uma total ausência de grão electrónico, fomentando uma apresentação extremamente natural da música. Este efeito de naturalidade na apresentação, conjugado com as amplas dimensões do palco sonoro, permitem que a música se desenvolva com uma natural fluidez, sempre com um correcto sentido rítmico, e propicia audições plenas de envolvimento emocional, isentas de quaisquer efeitos passíveis de induzir cansaço.

O registo agudo é notavelmente extenso e limpo, capaz de dar a perceber o tilintar ressonante das notas mais agudas do piano ou pelo modo como resolve o decaimento do som dos pratos após serem percutidos, faculta uma reprodução natural da voz pela forma como se conjuga com a gama média e, embora claro e nitidamente focado, nunca exibe sinais de dureza.

Aurender A20_black

Outra grande surpresa surgiu quando liguei o A20 directamente ao amplificador de potência Accuphase P7300. Toda a reprodução musical ganhou uma nova vida, maior velocidade de resposta a transitórios, dinâmica mais incisiva e superior articulação geral. A tonalidade manteve-se num notável equilíbrio tonal, perdendo para a utilização com pré-amplificador apenas numa certa calorosa doçura que é substituída por uma maior clareza geral do discurso.


Conclusão


Podíamos entrar em discussões fúteis sobre se o CD soa melhor ou pior que um ficheiro de streaming, tal como igualmente sem sentido foram as discussões sobre se o CD era melhor ou pior que o LP. O importante é, antes de mais, a música e o custo do acesso que queremos ter às obras gravadas. Neste particular o streaming já ganhou a mais importante das batalhas e prepara-se para, a breve trecho e do meu ponto de vista, ganhar a guerra. Quantos de nós não se lembram do custo de um LP na década de setenta? Ou de um CD na década de oitenta? Quantos melómanos/audiófilos chegavam ao fim da vida com uma pequena fortuna despendida em algumas centenas / milhares de exemplares de discos?

O streaming veio democratizar o acesso de quase todos a quase toda a música e só por isso já é um meio vencedor. Se por intermédio de equipamentos como o Aurender A20 podemos ter acesso a quase toda a música com uma qualidade comparável ao que de melhor os formatos físicos nos proporcionam, que mais podemos pedir? Sem mais delongas, termino deixando a minha veemente recomendação ao Aurender A20, uma fonte digital de excelência que me converteu de forma definitiva à audição de música via streaming.

Streamer Aurender A20

Preço     16 000 €

Representante Ultimate Audio