Que bem que eles cantam juntos!
O grupo canadiano Lenbrook é detentor das marcas Bluesound, NAD e PSB, assim como do software BluOS e da tecnologia MQA - e aproveitando esse facto, e o facto de a NAD ter lançado recentemente o seu novo amplificador all-in-one C700 V2, foi pensado, em conjunto com a Esotérico, adicionar umas colunas a este NAD e, assim, fazer um teste de um sistema completo. E a escolha recaiu sobre as PSB Imagine B50, e temos então um teste feito a dois produtos ao mesmo tempo - suponho que não seja uma novidade mundial, mas é talvez uma experiência a repetir futuramente, porque o som final de um sistema é a soma de todas as suas partes.
Começando pelo C700 V2, acabadinho de sair, e que é mais um amplificador e streamer integrado, um dos produtos mais comuns no catálogo da NAD. Abrindo a caixa do NAD notam-se logo três coisas: é muito pequeno, muito leve (tudo comum nos Classe D) e muito bonito, particularmente quando se liga - com um ecrã muito grande e luminoso e as letras NAD embutidas e iluminadas na parte de cima do amplificador. Quanto a especificações, para além da já referida Classe D, temos o também comum módulo de streaming BluOS, uma entrada de gira-discos (apenas Moving Magnet e a principal diferença deste V2 face ao seu antecessor), possibilidade de adicionar correcção digital com Dirac (a partir de 2025), uma entrada analógica (RCA), uma saída de subwoofer (regulável no BluOS) e uma saída de prévio, também ela por RCA. Na parte digital, para além de streaming, podemos contar com uma entrada HDMI e-ARC (para uma televisão) e com duas entradas SPDIF, uma coaxial e a outra óptica, e ainda uma entrada para dispositivos USB. Com 80 W, a 4 ohm ou a 8 ohm, o C700 V2 disponibiliza toda a habitual panóplia BluOS: quase todos os serviços de música ou de rádio imagináveis integrados, AirPlay 2, Spotify Connect, Tidal Connect, descodificação de MQA e Roon Ready (em certificação) - assim como Internet por Wi-Fi ou Ethernet, Bluetooth aptX HD (bidireccional) e controlo de voz tanto com por Alexa como por Siri, para os mais modernos.
Como já referido em testes anteriores, o sistema BluOS conta com programas para Android, iOS, PC e MAC - o que lhe confere uma versatilidade rara (a versão Windows é particularmente prática quando estou a escrever artigos e pois faz com que não precise de um segundo dispositivo para controlar o amplificador). Apesar disso, usei principalmente a versão Android, e, já estando bastante familiarizado com o uso da mesma, tudo decorreu sem problemas, continuando apenas a lamentar que a BluOS não inclua UPNP/DLNA nos seus protocolos… Como chip na secção de DAC, temos o já conhecido ESS Sabre ES9028, que costuma dar excelentes resultados. Nota final ainda para o controlo remoto - pequeno, elegante e funcional, gostava apenas que permitisse mudar a entrada, para não ter de recorrer à aplicação para executar essa operação, tentando assim evitar as inevitáveis distracções que os gadgets provocam. Os “saltos” de volume são de 1dB em toda a região de volume, o que considero a precisão mínima para conseguir regular o volume de forma precisa (0,5 dB também resulta muito bem) e que prefiro substancialmente à moda das escalas logarítmicas que geralmente imputam saltos muitos grandes nos volumes baixos, tornando impossível ouvir música a um volume intimista - é ainda possível alternar entre as indicações volume numérica ou em decibéis negativos, tendo eu escolhido a segunda opção. Para quem encontre problemas em ver as capas dos seus discos recomenda-se a leitura do teste ao Bluesound Nano (link em baixo), onde explico ao pormenor como resolver esse problema.
Existe, no entanto, uma pequena diferença face ao M66 e ao Bluesound Nano - quando se activa a igualização não existe nenhuma possibilidade de alteração de volume, o que achei estranho (os 6 dB de atenuação que os outros dois produtos providenciam nesta função são muito importantes tecnicamente). A Esotérico cedeu-me então gentilmente um contacto na NAD, Cas Oostvogel (gestor de produto), o qual prontamente respondeu à minha questão - quando se activa a igualização continua a haver uma atenuação de 6 dB no espectro digital, mas que no caso do C700 V2 é imediatamente compensada com 6 dB de ganho extra no domínio analógico, não se notando assim nenhuma diferença de volume - uma solução tecnicamente muito interessante, bem demonstradora do muito conhecimento e criatividade presentes na marca canadiana. Significa então que se pode usa igualização sem qualquer receio de introduzir distorção digital e, caso oiça muita música comercial feita nos últimos anos, será até aconselhável deixar a igualização sempre ligada, mesmo que não a use - garantindo assim uns muito necessários 6dB de “margem digital” (fica um link em baixo para uma palestra muito recente de John Siau, da prestigiada marca Benchmark, em que ele explica a importância de se lidar com intersample overs). Fiz ainda um teste breve à entrada de prévio como o meu streamer Cambridge Audio MXN10, ligado com cabos RCA da mesma Cambridge Audio, e tudo correu como esperado, não se notando nenhum diferença sonora relevante para o som interno do C700.
Intersample Clipping - A Problem with Most Digital Playback Systems?
Como colunas, foi-me dada a oportunidade de experimentar as PSB Imagine 50 - e para quem não conheça a marca, a PSB existe desde 1972, foi fundada no Canadá, e o nome é uma sigla para Paul e Sue Barton. Nesta monitora Imagine 50, temos logo a curiosidade do posicionamento do tweeter, em baixo do woofer (creio ser a primeira vez que vejo esta configuração). O design não deslumbra mas também não compromete - sendo bastante simples e discreto, pelo menos na versão em preto que experimentei (existem também uma versão em branco). Com um pórtico traseiro, as PSB apresentam uma resposta de frequência de 45 Hz a 23 kHz a -3 dB, uma sensibilidade de 87 dB e uma impedância nominal de 8 ohm (valor mínimo de 4 ohm), com a transição no crossover a ocorrer nos 2,2 kHz. Para quem queira aceder a medições mais completas, segue o link em baixo (devendo referir que as minhas impressões subjectivas são bastante diferentes das ilustradas).
PSB Audio Imagine B50 lab measures