Que bem que eles cantam juntos!
Posto tudo isto, decidi começar a ouvir este sistema, com três discos do saxofonista Jerome Sabbagh - One Two Three (2008, Bee Jazz, 16 bits-44,1 kHz), Vintage (2023, Analog Tone Factory, 24 bit-192 kHz) e Heart (2024, Analog Tone Factory, 24 bit-192 kHz). Para quem não conheça este saxofonista, nascido em França mas radicado em Nova Iorque há muito tempo, destaco que ele tem uma ligação profunda ao mundo da alta-fidelidade, como se pode ler no artigo em baixo, da prestigiada revista americana Stereophile.
Musicians as Audiophiles: Jerome Sabbagh
Depois de muitos anos dedicados ao jazz mais “moderno” (à excepção do já referido One Two Three), Sabbagh gravou dois discos mais tradicionais, Vintage e Heart, na «sua» Analog Tone Factory (link também em baixo), que grava tudo em analógico, vendendo depois discos de vinilo, cassetes e CDs dessas mesmas gravações (no artigo da Stereophile já se percebe aliás que Jerome é claramente fã de válvulas, discos de vinilo e analógico retro em geral). O terceiro e quarto links incluem uma análise profunda aos discos Vintage e Heart, onde se pode comprovar a excelente qualidade de gravação do mesmo - e refira-se já agora que mesmo One Two Three, gravado em 2008 e noutra editora, apresenta um soberbo DR Meter de 16. Uma nota final para os que possam já ter ouvido o nome deste saxofonista anteriormente - ele esteve presente no High-End Munich de 2022, a tocar com um sistema Stenheim/darTZeel - sobre tal presença existe muita informação online, para quem tenha interesse.
Passando então para a audição propriamente dita, as primeiras impressões foram muito positivas e confirmaram aquilo que já experienciei e descrevi outras vezes - os amplificadores Classe D conseguem excelentes performances, embora geralmente com uma tonalidade diferentes dos Classe A/B, menos quente (leia-se, com menos acentuação nos médios/graves), e com transientes mais imediatos. Não é portanto um som analógico, Classe A ou de “válvulas” - mas isso não significa que não soe muito bem. Já nas PSB, tive primeiramente de me habituar ao posicionamento do tweeter, que altera significativamente a sensação espacial da música (a distribuição dos diversos altifalantes pela caixa é, aliás, um tópico pouco desenvolvido na alta-fidelidade, mas de relevância não despicienda). Passando esse (pequeno) período de adaptação, encontrei umas PSB muito eficazes e neutras: não acentuam agudos, os médios têm sempre corpo e os graves estão à altura do que se pode esperar para um altifalante deste tamanho e preço, dando ao contrabaixo boa definição e presença.
Em seguida escolhi o cantautor, compositor e supremo violonista Guinga - que tem a curiosidade de ter sido dentista até há pouco tempo (e que tem também um disco com a cantora portuguesa Maria João, chamado Mar Afora). E o disco que ouvi foi Zaboio (2021, Vogas Produções, 16 bits-44,1 kHz), em que Guinta canta e toca violão a solo - com o conjunto NAD/PSB a voltar a surpreender, particularmente na capacidade de transmitir emoção, o que é muito importante nesta música tão intensa e pessoal. O timbre, tanto da voz como do violão, estiveram também irrepreensíveis e fazem-me pensar que provavelmente devo repensar a minha preferência por Classe A/B…
Para concluir, decidi ouvir o clássico Breakfast in America (1978, MoFi, 16 bits-44,1 kHz), nesta excelente edição da Mobilie Fidelity, com muita gama dinâmica. E o som rápido e directo do Classe D volta a combinar bem com a contagiante energia dos Supertramp - já a as PSB apresentam muito bem a espacialidade destes temas. A sua única limitação são mesmo os graves mais profundos, o que, como já escrevi em cima, é perfeitamente natural em monitoras destes tamanho e preço - e para quem requeira esses ultra-graves, é sempre possível acrescentar um subwoofer.
Tenho tido sorte com os produtos Lenbrook recentemente - gostei muito do Bluesound Nano e o NAD M66 surpreendeu-me muito (apesar de não ter feito o teste), tendo-o ouvido num sistema que conheço bem e onde substituiu um pré-amplificador da Constellation Audio e um DAC da iFi Audio que não são nada fáceis de substituir (e onde já ouvi produtos bem mais caros tremerem um pouco). E o mesmo se pode dizer deste «sistema» NAD/PSB, onde, por um valor um pouco acima dos 2000 €, se consegue construir um «tudo em um» de fazer inveja a muitas outras marcas e que recomendo sem quaisquer reservas.
NAD C700 V2 e PSB Imagine B50
Preços:
NAD C700 V2 1499 €
PSB Imagine B50 699 €
Representantes Esotérico e Smartaudio