Música em tons de veludo
Poucas marcas são mais icónicas e mais representativas da alta-fidelidade britânica que a Quad - com uma longuíssima (e prestigiada) história nesta indústria. Nos últimos anos os lançamentos têm sido muitos e, desde produtos mais retro, a produtos mais modernos, há um pouco de tudo - como a nova linha de altifalantes Revela, composta pelas Revela 1 (as monitoras que irei aqui descrever) e pelas Revela 2 (em formato torre de chão).
Começando pelo mais óbvio - as Revela 1 são muito bonitas (e grandes e pesadas…), com a combinação perfeita entre o preto e a madeira, sendo que há também disponível uma opção toda em preto - fica, no entanto a nota, que este acabamento é de um lacado bastante acentuado, sendo portanto altamente susceptível às sempre temidas marcas de dedos… Tecnicamente, temos um altifalante de médios-graves de 6,5 polegadas (em fibra e borracha) e um tweeter de fita, um pórtico traseiro e bornes de alta qualidade (que aceitam vários tipos de terminais de cabos). Com uma sensibilidade de 86 dB e uma impedância nominal de 6ohm e mínima de 4,1 ohm (é necessário algum cuidado na escolha de amplificação), as Revela 1 apresentam uma resposta de frequência de 54 Hz-24 kHz (-3 dB). Para além das grelhas (que não foram usadas), é possível ainda comprar os suportes feitos pela própria Quad - embora este teste tenha sido feito com os meus. Após alguma experimentação, acabei por colocar as colunas em modo on-axis, directamente apontadas ao sítio onde me sento.
Emparelhei então as Revela 1 ao conjunto que me tem acompanhado nos últimos testes de colunas - o integrado CXA81 V2 da Cambridge Audio e o streamer MXN10 da mesma marca. Em vez de começar, como habitualmente, pelo jazz, decidi ouvir um dos meus discos preferidos de “música do mundo” - Navega (2006, RCA, 16 bits/44,1 kHz), da cabo-verdiana Mayra Andrade. Sem surpresa, porque já tinha experienciado mais vezes esta sensação, os agudos revelaram logo a sensação de veludo que todos os tweeter de fita me proporcionam - e que foi um pouco um choque, depois dos energéticos agudos das 606 S3, que testei anteriormente. Os médios pareceram-me essencialmente neutros - já os graves soaram neste disco bastante encorpados, mas não tão definidos como gostaria, podendo, claro, alguma responsabilidade nisso de alguma sinergia entre componentes não ser a ideal. Já o timbre vocal da Mayra Andrade, esteve sempre irrepreensível, com uma excelente transmissão de emoção nas baladas como Regasu.