A música soa integral, única e intimamente ligada.
Se há colunas que conheço bem, são as 606 da B&W, tendo vivido com um par da primeira edição (2019) durante vários anos - e sempre gostei de as ouvir, apesar do evidente excesso de energia nos agudos que tantos comentários gerou por essa Internet fora. Fiquei portanto muito curioso quando me chegou às mãos a versão S3 das 606 (já houve uma S2 pelo meio, naturalmente) para ver se, duas versões depois, as B&W estavam (ou não) melhores.
Mantendo o formato de 6.5 polegadas para o woofer e de 1 polegada para o tweeter, as S3 vão dos 52 Hz aos 28 kHz (a -3 dB), com uma impedância nominal de 8 ohm (mínima 3,7 ohm) e uma sensibilidade de 88 dB - e contam ainda com um pórtico traseiro, para melhorar a resposta dos graves, e com quatro terminais verticais, que permitem bicablagem ou biamplificação. Com as colunas vêm ainda as habituais grelhas e esponjas para os pórticos - não foi necessária a utilização nem de umas nem de outras ao longo deste testes (e foram também ouvidas sempre em off axis, ou seja, sem nenhuma inclinação em relação ao ouvinte). No acabamento, as B&W mantém as versões em branco e em preto (a testada aqui), mas acrescentam mais dois acabamentos - um em branco frontal e carvalho lateral e outra em preto frontal e madeira de cerejeira lateral.
Não sendo deslumbrantes, as B&W têm um aspecto sólido, com um bom acabamento em MDF e um design algo contemporâneo e discreto. No tweeter, temos alterações significativas: uso de um modelo em titânio (em vez do anterior alumínio), com uma nova grelha circular a rodear o mesmo e com uma muito maior proximidade ao woofer, o que permite, em teoria, melhorar a coerência temporal entre os altifalantes, para além de ser possível adicionar mais rigidez à caixa (uma das melhorias prometidas pela B&W em relação às versões anteriores). Para além disso, temos a incorporação de algumas tecnologias das séries mais prestigiadas da B&W (a 7 e a 8), como é comum em outras marcas - como, por exemplo, melhorias nos componentes do crossover.
Comecei o meu teste, mais uma vez acompanhado de um integrado Cambridge Audio (CXA81 V2) e de um streamer (MXN10) da mesma marca - desta vez pelo disco Unearth” (2003, Mel Bay, 16 bits/44,1 kHz) do guitarrista de jazz americano Jonathan Kreisberg, mais um excelente exemplo de um disco muito bem composto e tocado, mas não especialmente bem gravado (embora já tenha ouvido muito pior…). A primeira coisa que se nota logo é o corpo e presença do contrabaixo do neozelandês Matt Penman, notável para umas colunas deste preço - mantendo o mesmo acréscimo de presença na zona dos 100 Hz que eu já notava nas 606 originais, mas nesta edição com muito mais clareza e definição. Quando entra a trompete de Scott Wendholt nota-se imediatamente a outra marca profunda destas 606 S3, os agudos mais presentes que o habitual - uma marca de quase todas as B&W nos tempos recentes… Mas parece que a troca de tweeter,e do seu posicionamento, resultou, sendo que agora os agudos são muito menos agressivos e fatigantes. Mas continuam a ser colunas de forte presença nessa região, o que deve ser levado em conta pelos leitores… Ajuda, claro, manter o seu posicionamento em modo off axis.