Uma avis rara em plena revoada
Audição
Quanto a instalação, ela foi facílima na ligação por cabo à rede doméstica e em tudo o resto. Liguei o Vega S1 (quase sempre alimentado pela PSU S1) ao amplificador residente Rotel RA1592 e às colunas B&W 705 S2 e como fontes o servidor DLNA WDMyCloudex4100 ou o serviço Qobuz da Net. Como o Vega S1 tem um DAC novo e funções de pré-amplificador, experimentei ligar o meu leitor de CD/SACD, o Atoll SACD200 ao DAC do Vega S1 por um SPDIFF coaxial. Como o desempenho áudio era semelhante, ou centrar-me no caso em que as fontes foram o servidor doméstico ou o Qobuz.
O que mais me impressionou no Vega S1 foi o seu palco sonoro e definição espacial dos instrumentos e vozes, um som limpo e aberto e com uma excelente resposta na reprodução dos timbres, no ataque das notas e no ritmo consegue insinuar ou até inspirar uma proximidade dos músicos e da música. Mas além disso, há a quase absoluta ausência de distorção ou de interferência que torna mágico, o silêncio entre notas. E num leitor de rede há outro aspecto a destacar – a enorme estabilidade na reprodução, sem micro (macro) paragens nem saltos mesmo na reprodução de ficheiros digitais enormes como os DSD256. E, finalmente, com a ajuda do PSU S1 a reprodução ganha qualidade, espaço e diferenciação que depois de experimentar é difícil retroceder e usar alimentação do Vega S1.
Mas passemos a alguns comentários mais detalhados.
Playlist
Sophie de Bardonnèche – Destinée (de la Guerre, Seneterre, Duval, etc.) – Download Qobuz 24 bit/ 192 kHz
Miguel Ulla & Solistas de L’Accademico Formato - Arias (Scarlatti, Stradella, Fago) – Download PrestoMusic 24 bit/ 192 kHz
Ill Considered – Infrared – Download Bandcamp 16 bit/ 44.1 kHz
Carsie Blanton – Not Old, Not New – Download Qobuz 16 bit/ 44.1 kHz
Carsie Blanton – After the Revolution – Download Qobuz 24 bit/ 44.1 kHz
Tony Levin – Bringing It Down to the Bass – Download Qobuz 24 bit/ 48 kHz
A Clássica sempre primeiro. Sophie de Bardonnèche, companheira de Theotime Langlois de Swarte no espantoso Le Consort, apresenta-se pela primeira a solo e a interpretar 11 compositoras francesas da época barroca totalmente desconhecidas (com excepção de Élisabeth Jacquet de la Guerre). A gravação é uma revelação. As sonatas são sofisticadas e engenhosas, mas ao mesmo tempo naturais e melodiosas. A reprodução do Vega S1 dá todo o espaço necessário a Bardonnèche e aos seus companheiros para que mantenham um diálogo musical intenso e belo, captando quer a extraordinária beleza dos timbres quer os subtis silêncios. Espantoso! Miguel Ulla é um jovem contratenor que aparece a interpretar árias napolitanas. Voz límpida e instrumentação dramática. A gravação não apresento qualquer problema ao Vega S1 com uma perfeita reprodução dos agudos sem qualquer estridência ou brilho.
No Jazz, temos a nova gravação dos Ill Considered de Idris Rahman (mais um tenor «coltraniano»). OS Ill Considered são uma banda emotiva, criando crescendos sonoros que culminam tipicamente em emoções fortes. Aqui o Vega mostrou a sua grande precisão no ataque das notas e na separação dos instrumentos, mantendo a atmosfera intensa e excitante. Ainda no Jazz, temos uma voz doce, às vezes infantil mas bela e insinuante de Carsie Blanton, a interpretar standards num ambiente muito acústico e revivalista. A reprodução do Vega S1 foi mais uma vez excelente. O grão da voz, o swing do contrabaixo e as subtilezas da percussão foram brilhantemente captados.
No Rock, uma pequena surpresa: Carsie Blanton, outra vez, na sua última gravação, mas desta vez num registo pop-rock com guitarras eléctricas e tudo. As melodias são excelentes lembrando os Beatles e os Oasis e as letras são de intervenção do tipo de cantoras como Nina Simone. Para o Vega S1 tudo parece fácil. O desafogo do palco sonoro e a separação dos instrumentos e da voz de Blanton funcionaram às mil-maravilhas, o que era importante para ouvir a voz como para compreender a mensagem. Excelente. Finalmente, Tony Levin, o baixo de Peter Gabriel e dos King Crimson, provavelmente o melhor baixo do universo, aqui, na sua última gravação. O som do baixo é tonitruante, veloz, temerário e os instrumentistas que o acompanham são músicos de primeira linha. A reprodução do Vega S1 mostrou controlo absoluto do som, mesmo quando se erguiam enormes massas sonoras. A qualidade de reprodução dos baixos foi impecável, sem distorção e sem deixar que o registo se tornasse demasiado avassalador. Pelos vistos, apesar da preferência de Xuanqian Wang pela clássica, o Vega S1 é um headbanger de primeira apanha.
Conclusões
O Vega S1 (+ o PSU S1) é equipamento relativamente caro, mas não tanto como parece, se levarmos em consideração que tem capacidades de préamplificação e de conversão digital analógica de alto desempenho, dispensando assim um DAC e um prévio. Além disso, pode ser adquirido sem a alimentação dedicada, adiando esse melhoramento para mais tarde. E sobretudo porque tanto em termos de redução da interferência, como em termos de estabilidade de leitura e principalmente na qualidade audiófila da reprodução musical, tem um desempenho equiparável a leitores de rede High-End muitas vezes mais caros. Mesma na revoada de leitores que nos sobrevoa, o Vega S1 é um tomba-gigantes no mundo áudio com uma relação qualidade / preço muito difícil de bater. Um verdadeira avis rara no meio da revoada. Recomendo plenamente.
Streamer /DAC AURALIC Vega S1
Preço 2875 €
PSU 1 999 €
Representante Ultimate Audio