Amplificador integrado / streamer Marantz M1

Miguel Marques

3 setembro 2024

Um admirável mundo novo

Para os mais atentos, já estará claro que, nos últimos anos, surgiu uma nova categoria de produtos no mercado de alta-fidelidade - os ”just add speakers”. Ou seja, produtos que incluem amplificador integrado e streaming num só, sendo apenas necessário adicionar altifalantes (mais minimalista só mesmo altifalantes activos com streaming, que também já vão aparecendo em quantidades razoáveis). Nesta nova categoria, já bastante ocupada, surgiu recentemente o Marantz M1, sobre o qual discorrerei nestas páginas - e que ganhou, a meio de Agosto, o prémio EISA 2024-2025 para melhor amplificador compacto de streaming.

Há uns meses atrás, testei um produto da marca «irmã» da Marantz, o Denon DNP-2000NE, que também funciona no ecossistema HEOS. Na altura gostei muito do produto, tendo apenas a pequena queixa de que o HEOS estava excessivamente fechado - apesar de ter um excelente protocolo UPNP, ainda não tinha os protocolos Tidal Connect e Roon Ready - e isso pareceu-me limitativo, porque acredito piamente que o futuro dos streamers passa muito mais por protocolos externos do que por Apps nativas. Ora, quando peguei neste M1, fiquei agradavelmente surpreendido pela muito recente (fim de Julho) adição de Tidal Connect (apesar da minha recente conversão para o Qobuz). Para além disso, no decorrer deste teste (fim de Agosto), a Heos lançou mais um update, desta vez a incluir o protocolo Roon Ready, que testei e garanto funcionar na perfeição. Assim sendo, este M1 tornou-se rapidamente num produto muito mais atraente - e o mesmo vale para o Denon DNP-2000NE, igualmente actualizado, como é evidente. E é também bom saber que a Denon/Marantz está atenta ao mercado, e faz actualizações não só frequentes, mas também relevantes, aos seus produtos.

Temos então Roon Ready, Tidal Connect, Spotify Connect, UPNP (gapless!), para além de muitos serviços integrados como Deezer, Pandora, Amazon Music, iHeartRadio, etc… De fora, continua apenas o Qobuz - mas há esperança que venha a ser adicionado (esperança que o Qobuz desenvolva o seu Qobuz Connect já começa a haver menos…). Para quem queira muito usar Qobuz com este produto, seguem algumas soluções: Roon (através de Roon Ready) ou Audirvana, BubbleUPNP e JPLAY (todos por UPNP, em plataformas diferentes). Em entradas e saídas, temos entrada HDMI eArc/ARC e óptica para televisões, uma entrada analógica RCA, uma entrada de pen USB e uma saída de subwoofer (com bass management na App, e essas coisas todas). De realçar ainda que o M1 é totalmente digital até ao amplificador de potência, que funciona em classe D, portanto os puristas do vinilo não ficarão contentes - todos os sinais, inclusive os analógicos, são convertidos para PWM (Pulse Wave Modulation) e é a partir dai que se cria a amplificação (técnica também comum em alguns produtos recentes da Technics). Para quem queira saber mais sobre amplificação PWM, segue um link em baixo, ate porque a Marantz usa de bastante secretismo relativamente a este tema, como é comum nas empresas japonesas.

Amplicação em classe D / PWM

Os ajustes iniciais foram muito simples, até porque já tinha experiência com a HEOS, mas devo dizer que gostava de ter visto incluído um controlo remoto, mesmo que simples, e um botão de ligar / desligar (embora seja possível usar o botão de play/pause para o efeito). Já o volume, controla-se por software, o que devo dizer que me dá sempre alguns arrepios… Mas nunca houve nenhum problema na minha utilização, e é até possível controlar o volume por UPNP e Apps externas, como o HI-Fi Cast, o Emby ou o Bubble UPNP (ou pelo Roon/Roon Ready). Gostava também que os steps fossem mais suaves ou que fosse possível regular para uns mais precisos 0.5dB (de ouvido, pareceram-me 2dB). Já no DSP, temos dois filtros de oversampling, sobre os quais a Marantz não fornece nenhuma informação, mas cujas diferenças me pareceram subtis - e temos ainda uma boa equalização, e que funciona mesmo quando usamos Apps UPNP externas. Quanto ao tamanho / design, é difícil imaginar um amplificador mais pequeno ou mais elegante do que o M1 - é mesmo bastante compacto e de linhas muito simples mas elegantes e discretas, passando facilmente despercebido em espaços de decoração mais contemporânea, o que poderá ajudar a convencer membros do agregado familiar mais relutantes a novas adições de alta-fidelidade.

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