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Amplificador integrado / streamer Marantz M1

Amplificador integrado / streamer Marantz M1

Miguel Marques

3 setembro 2024

Um admirável mundo novo


Comecei então o teste, com umas B&W 606 S1 e dois álbuns clássicos do «gigante sofisticado», Dexter Gordon - A Swinging Affair (1962, 24/192, Blue Note) e Go (1962, 24/192, Blue Note) - alojados num NAS a correr MinimServer e controlado por um tablet Android. E a primeira impressão, que considero positiva, é que a Marantz não tentou criou um som fake a imitar os Classe A/B - este amplificador soa como um Classe D, rápido e directo, com bons graves, agudos entendidos mas um pouco lean nos médio-graves. Temos também boa separação e colocação espacial, boa e expansiva imagem estéreo e uma reprodução de timbres muito exacta para a gama de preço - começa a ser importante pensar nos Classe D dos dias de hoje não como melhores ou piores que os Classe A e Classe A/B, mas como simplesmente diferentes.

Foto 4 Marantz M1

Inspirado pelo lançamento dos primeiros episódios da série Rings of Power, baseada no universo de Tolkien e da sua obra-prima Senhor dos Anéis, decidi ouvir a banda sonora desta nova temporada, criada por Bear McCreary - que já tinha composto a música da primeira temporada e que compôs muitas outras obras para televisão e cinema. Não era tarefa fácil suceder à brilhante banda sonora que Howard Shore criou para os filmes de Peter Jackson, mas Bear McCreary conseguiu estar à altura e foi um prazer ouvir esta música através do M1 - e nota-se outra vez a excelente imagem e colocação espacial dos instrumentos, muito importantes nesta música (sendo só pena que uma gravação que tantas vezes inclui elementos acústicos esteja tão comprimida, mas é o mundo em que vivemos, com as «loudness wars»).

Para terminar, o disco clássico dos Dire Straits - Brother in Arms (1985), na edição Matushita, provavelmente a melhor edição deste disco, com um DR Meter de 16 (as versões contemporâneas são muito mais comprimidas…). Acaba aliás por ser estranho ao princípio ouvir esta gravação, de tal formas estamos habituados ao excesso de compressão (e produção em geral) que os discos de rock costumam levar - e como tudo soa mais natural sem essa carga excessiva aplicada. E o M1 volta a surpreender - e lembrando muito uma palavra que atormenta todos os críticos de áudio – «musical» (que significa tudo e o seu contrário…). Neste caso significa o prazer de ouvir música, mas significa também outra coisa - não consigo encontrar defeitos evidentes no M1, seja na resposta de frequência, na imagem, no timbre ou nos transientes dos instrumentos. Soa simplesmente bem (musical), talvez até acima do que a sua gama de preço e o seu tamanho compacto poderiam sugerir.

Para além da descrição das características técnicas dos produtos, e das minhas subjectivas impressões sobre o quão bem ou menos bem soam, é sempre importante também referir onde é que faz sentido inserir um produto destes. E, logo à partida, dois casos me parecem logo evidentes:

1) Um segundo sistema com televisão, ou um sistema principal onde a televisão ocupe papel central - dada as entradas ARC/eARC e óptica, e as capacidades de streaming de muitas Smart TVs hoje em dia, bastará acrescentar umas boas monitoras, inclusive aproveitando a saída para subwoofer, e soará certamente melhor que qualquer barra sonora.


2) Um segundo sistema ou um sistema de entrada de alta-fidelidade onde o espaço conte muito - o M1 é muito pequeno, e passará despercebido em pequenos quartos onde todos os centímetros contam. Fica também a nota que, para aqueles que não gostam de usar protocolos externos, a App HEOS funciona bem, e tem uma boa apresentação visual - gostaria apenas que quando se integra com servidores externos, como o MinimServer, mostrasse fotos de artistas e capas de álbum enquanto se faz o browsing.

Foto 5 Marantz M1

Nos últimos anos, muito graças a sites como o Audio Science Review, apareceram diversas marcas que oferecem produtos com excelentes medições e um preço imbatível - não sendo necessário estar aqui a nomear essas marcas, muitas delas prometem um admirável mundo novo: um som audiófilo de topo a um preço irrisório. Pois, na minha experiência, prometem mas nem sempre entregam - por muito que o YouTube e os fóruns se encham de pessoas a jurar o contrário. E, claro, no espectro oposto, muitas marcas tradicionais desta indústria cobram preços injustificáveis pelos seus produtos - por muito que as equipas de marketing se esforcem a tentar encontrar razões. Mas é também verdade que muitas das marcas clássicas desta indústria, como a Marantz, sabem muito bem o que fazem e não chega apenas apresentar produtos com o melhor SINAD alguma vez visto, para se conseguir o que uma marca como a Marantz consegue. Gosto de pensar que a boa alta-fidelidade é metade ciência (engenharia de topo, as tais medições) e metade arte (a subjectividade de conseguir desenhar um produto que não só meça bem mas que soe bem), e o M1 aqui em teste prova isso mesmo - a Marantz sabe desenhar um excelente produto, que soa muito bem, e não chega comprar um APx555 para saber isso, são precisos muitos anos de conhecimento e investimento.

Foto 6 Marantz M1

Serve esta conclusão para explicar que, como o leitor rapidamente perceberá, há alternativas bastante mais baratas ao M1 no mercado. E, por toda essa Internet, há muita gente que jura que ao comprar o M1 estamos apenas a pagar a marca ou o design e que não há diferenças significativas entre os produtos - se mede igual soa igual, ou se mede bem soa bem. Mas, para os meus ouvidos, essas diferenças existem, são claras e o M1 justifica plenamente o seu preço. Não é barato, mas com umas boas colunas na mesma gama de preço, é possível construir um excelente segundo sistema de televisão ou um sistema de entrada por menos de 2 000 €. Uma agradável surpresa para alguém que, como eu, ainda prefere Classe A/B e produtos separados, a um classe D ao qual basta apenas juntar as colunas. Um admirável mundo novo que se recomenda a quem esteja em busca de um amplificador com estas características.


Amplificador integrado/ streamer Marantz M1

Preço           1000 €
Contacto     B&W Group Spain

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