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Gryphon Diablo 333

Gryphon Diablo 333

João Zeferino

19 agosto 2024

O Poder do Leão com a graciosidade da Águia



Audições


O Gryphon Diablo 333 substituiu a minha amplificação residente, ligado ao servidor / streamer Aurender ACS10 com a conversão D/A a cargo do DAC Soulnote D2. As colunas foram as habituais Perlisten Audio S7t. A cablagem incluiu o cabo digital Audioquest Carbon USB, o Kimber Select KS-1121 na interligação analógica e. nas colunas. os Kimber Select KS-3033.


Lista de obras escutadas durante as audições


• J. Brahms, Sinfonia nº 1, Orq. Sinfónica de Los Angeles, Carlo Maria Giulini, DG
• E. Grieg, Peer Gynt, Coro e Orq. Sinfónica de Gotemburgo, Neeme Jarvi, DG
• G. Mahler, Sinfonia nº 3, Coro e Orquestra Sinf. Rádio Frankfurt, Eliahu Inbal, Tidal
• J.S. Bach, Preludio e fuga em Re maior BWV532. Órgão: Michael Murray, Telarc
• L.V. Beethoven, Concerto nº 4 para piano e orq. em Sol, Op. 58, Maria João Pires, Orq. Sinfónica Rádio Sueca, Daniel Harding, Onyx
• J. Sibelius Concerto para violino e orq. em Re menor, Op.47, Viktoria Mullova, Orq. Sinfónica de Boston, Seiji Ozawa. DECCA
• A. Bruckner, Sinfonia nº 8, Orquestra Filarmónica de Viena, Herbert Von Karajan, Tidal
• Diana Krall, The girl in the other room, Tidal
• Patricia Kaas, Scène de Vie, Columbia
• Patricia Barber, Companion, Tidal
• Joe Morello – Take Five, Tidal
• Deedee Bridgewater, Live at Yoshi’s, EMARCY


Foto 5 Gryphon_Diablo 333

Iniciei as audições com a 1ª sinfonia de Brahms e não podiam ter sido uma melhor escolha. O Diablo 333 mostrou desde o início um controlo e um ímpeto tais, que literalmente dominaram as colunas e impuseram o controlo do processo musical em curso como muito poucos amplificadores o fizeram no meu sistema residente. As Perlisten S7t não são umas colunas particularmente caprichosas, contudo, exigem uma amplificação com potência e corrente abundantes de modo a demonstrarem cabalmente o seu potencial. A associação ao Diablo 333 revelou ser particularmente feliz ao revelar uma imponência e controlo absolutos da reprodução musical e1 permitirem às Perlistem exibirem sem hesitação todo o seu imenso potencial sonoro. A forma como foram realizadas as transições dinâmicas e como foi edificado o imenso espaço em que se concretiza o edifício orquestral incutiu-me uma curiosidade de perceber o que o Diablo 333 seria capaz de fazer com obras representativas do gigantismo sinfónico de Mahler, Bruckner ou…Grieg!

Peer Gynt é uma obra sinfónica imensa, música de cena composta pelo Norueguês Edvard Grieg para a peça homónima de Henrik Ibsen, em que momentos de profundo lirismo alternam com outros de uma violência extrema. O efectivo orquestral conta com uma grande orquestra sinfónica, um largo número de cantores solistas e dois coros, que produzem uma amálgama sonora extremamente exigente do ponto de vista da capacidade de reprodução de um sistema de som. Pois o resultado não podia ter sido mais animador, o Diablo 333 brindou-me com um palco sonoro de avultadas proporções, excelentemente definido e de uma transparência exemplar, sempre com uma excelente resolução quer lateral quer em profundidade e com uma volumetria fabulosa que permite que os diversos intervenientes assumam vida própria, com uma delineação e focagem perfeitas, desenvolvendo imagens quase palpáveis e proporcionando uma experiência auditiva memorável.

Nos momentos dinamicamente mais exaltados, o Diablo 333 compeliu as colunas a reproduzir sons graves com uma extensão, controlo e definição que eu não julgava possíveis. Por momentos, parecia ter sido adicionado um subwoofer ao sistema, tal a quantidade e qualidade de informação nos registos graves com que fui presenteado. Para além de uma notável extensão, os registos graves apresentam-se sempre limpos, encorpados e definidos, do que resulta o apercebermo-nos de detalhes, de nuances, que normalmente passam despercebidos porque fundidos uns nos outros, contribuindo para uma reprodução musical com um grau extra de ritmo, focagem e definição espacial.

Foto 6 Gryphon_Diablo 333

A neutralidade e transparência do registo grave é uma presença constante também nos registos superiores. Um dos trunfos do Diablo 333 reside precisamente na resposta uniforme e absolutamente linear que apresenta desde os mais profundos graves até ao extremo agudo, sempre com o mesmo carácter e a mesma cor tonal. Aliás, o Diablo 333 parece ter renunciado de vez a uma certa tendência para a apresentação de tonalidades sombrias, característica presente em muitos produtos da Gryphon e que pessoalmente me agrada bastante, mas que representa sem dúvida um desvio à neutralidade. A grande gama média, fruto da transparência e neutralidade, suportada que é por um baixo de qualidade, permite a revelação em todo o seu esplendor das maiores complexidades orquestrais, com uma perfeita diferenciação dos naipes que a constituem e da contribuição individual de cada naipe e de cada solista para o resultado global.

O registo agudo é extenso, suave, rico em harmónicos e constitui um prolongamento da gama média, sem quaisquer descontinuidades aparentes, do que resulta uma reprodução coesa, homogénea e de assinalável rigor tímbrico. Curiosamente a suavidade do registo agudo não resulta de qualquer arredondar ou de alguma diminuição da intensidade sonora neste registo, sendo bastante curioso que o palco sonoro do Diablo 333 se inicie no plano definido pelas colunas e se espraie a partir daí nas três direcções sem nunca atirar o som à cara do ouvinte. Como resultado, mesmo músicas com muita energia nos agudos são reproduzidas com toda a clareza e sem perda de definição, mas sem exibir quaisquer indícios de agressividade ou aspereza que poderiam de alguma forma comprometer o conforto da audição.

As vozes, quer se trate da Patricia Barber, Diana Krall ou os elementos dos coros sinfónicos de Gotemburgo, surgem com uma presença e verosimilhança como poucas vezes tenho ouvido, destacadas dos respectivos efectivos instrumentais e perfeitamente individualizadas no espaço, com um controlo perfeito da dicção e das inflexões vocais, revelando ao ouvinte, com surpreendente facilidade, a palavra cantada e não apenas a linha melódica.

A performance em termos dinâmicos do Gryphon Diablo 333 foi das características que mais me marcaram ao longo do período de audições, demonstrando uma enorme facilidade em lidar com alterações bruscas quer de volume quer de ritmo, quer de ambas em simultâneo e com uma velocidade de resposta a transitórios absolutamente fulgurante. Fosse com piano, com os fortes contrastes dinâmicos da 3ª sinfonia de Mahler e o ribombar das percussões que marcam o ritmo nos momentos finais do último andamento, ou a permitir transmitir a exuberância da música de Bach no grande órgão de tubos perfeitamente integrado na espaçosa acústica da The First Congregational Church de Los Angeles, sempre o Diablo 333 foi capaz de se manter fiel à missão de entregar às colunas a mensagem musical que lhe chega da fonte.

Foto 7 Gryphon_Diablo 333


Conclusão


O Gryphon Diablo 333 é um amplificador cujo epíteto de integrado se refere exclusivamente à forma, porquanto se trata simplesmente de uma amplificação de nível high-end que não teme comparação com quaisquer conjuntos prévio+amplificador de potência de preço comparável. No meu sistema revelou-se sempre com uma máquina de fazer música, com uma sonoridade tonalmente neutra e fiel à fonte, uma desenvoltura dinâmica singular e uma transparência que faculta uma percepção clara dos componentes que formam o evento musical. Aliado à performance sónica temos um equipamento construído como um tanque de guerra e com uma estética atraente e intemporal. Um equipamento que ganhou a minha admiração e ao qual não posso deixar de atribuir uma veemente recomendação.


Amplificador integrado Gryphon Diablo 333

Preço               26 800 €

Representante Ultimate Audio

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