Uma enorme transparência
Depois de bastantes experiências, acabei por posicionar as Prodigy 1 junto à parede, num posicionamento totalmente no eixo (directamente apontadas a mim) e near field (com a minha cadeira ser posta a poucos metros das colunas) - foi esta a combinação que me deu melhores resultados. Comecei os testes, acompanhado por um Audiolab 9000N e por um Hi-Fi Rose RA280, e com três discos clássicos do movimento hard-bop - Sorcerer do trompetista Miles Davis (1967, 24 bit/192 kHz), Open Sesame, do também trompetista Freddie Hubbard (1960, 24 bit/192 kHz) e Takin’ Off, do pianista Herbie Hancock (1962, 24 bit/192 kHz). O pedigree de estúdio da PMC está imediatamente presente no som destas Prodigy 1 - não com um som excessivamente frio ou cru, mas com muita transparência e neutralidade, particularmente nos agudos. Os agudos aliás, serão talvez os mais transparentes que já ouvi em monitoras - não entrando na mais recente moda de adicionar decibéis nesta região (já vi medições que chegam a um reforço de 4 dB nesta zona de frequência….) mas sem terem agudos aveludados ou suavizados (como também pode muitas vezes acontecer). Isto significa que quando ouvimos Miles ou Hubbard a «cascarem» na trompete isso se reflecte em alguma agressividade no som - o que não é nenhuma culpa das PMC, porque é mesmo isso que uma trompete, quando tocada com transientes mais presentes, nos apresenta ao vivo.
Também a imagem estéreo, tantas vezes um problema nos discos de jazz dos anos 60, é-nos apresentada com musicalidade e naturalidade - já ouvi palcos maiores em outras monitoras, tanto em largura como em profundidade, mas porventura prefiro até o palco mais comedido das PMC, pelo menos para jazz soa mais natural, transmitindo mais um som de primeira fila num pequeno auditório que um som de estádio ou de igreja que pode soar muito bem noutros discos, mas que nem sempre funciona neste estilo. Quanto aos graves, são sempre as frequências mais difíceis em qualquer sistema de alta-fidelidade - falta de graves e o som perde todo o seu corpo, excesso de graves e fica tudo embrulhado e, para os ouvidos mais treinados, o baixo é também essencial para compreender devidamente a sofisticação harmónica presente nos temas destes discos; são também as frequências mais afectadas pelo espaço onde se ouve e pelo posicionamento das colunas - e as PMC revelaram aqui outra vez a sua transparência à fonte. Muitos destes discos da Blue Note dos anos 60 – mesmo nestas edições da HDTracks, remasterizadas por Alan Yoshida em alta resolução – têm, infelizmente e creio que consequência das ainda deficientes técnicas de gravação da época, ou falta de graves e / ou graves pouco claros e definidos (o contrabaixo e o seu estilo pizzicato no jazz é também um instrumento particularmente difícil de captar bem, particularmente em contexto de banda - ainda nos dias de hoje é comum ouvir uma gravação com deficiências neste instrumento) e as Prodigy 1 revelam-se pouco simpáticas com essas insuficiências. Se a falta de graves de alguns discos se resolveu com facilidade adicionado um pouco na (excelente) equalização do RA280, quando os graves estão mais embrulhados (culpa do disco) as PMC revelam isso com toda a frontalidade, e é isso mesmo que devem fazer.
Passei depois para o mundo do rock, com o guitarrista Dereck Trucks, infelizmente ainda um desconhecido para muitos, apesar do seu estatuto de menino-prodígio e da sua entrada aos 20 anos para os Allman Brothers. Neste disco da Tedeschi Trucks Band, Revelator (2011, 24 bit/88,2 kHz), com a sua mulher Susan Tedeschi, as PMC soam muito maiores do que soaram com os discos de jazz anteriores, mostrando o seu lado mais camaleónico! Com um palco grande, boa reprodução da voz de Susan e, mais uma vez, excelentes agudos e com todo o corpo nos graves e nos médios que o rock requer (notando-se particularmente no impacto do bombo da bateria), as PMC brilharam muito neste estilo musical.
Curioso pela alteração de palco quando mudei do jazz para o rock, decidi voltar a ouvir o disco da banda sonora do filme American Beauty (2000, 16 bit/44,1 kHz), pela «caneta» de Thomas Newman – o filme, do luso-descendente Sam Mendes, também se recomenda. E o palco das PMC volta a mudar, soando ainda maior que no disco anterior, como esta (muito) espacial música requer - e mostrando também uma presença de graves que ainda não lhes conhecia. Notou-se também outra característica, estas Prodigy 1 gostam de tocar relativamente alto - não que soem mal a volumes mais moderados, mas só mostram toda a sua garra quando se puxa um pouco mais pelo volume. A ter em atenção…
E, por fim, um disco de música clássica, desta vez com a harpista Magdalena Hoffmann e o seu disco Nightscapes for Harp (2022, 24 bit/192 kHz). Num disco desta natureza, há que conseguir, antes de tudo, reproduzir o melhor possível o timbre da harpa e as Prodigy 1 fazem-no sem hesitar - e também os transientes do ataque dos dedos de Magdalena Hoffmann são reproduzidos na perfeição, deliciando particularmente os ouvidos de todos os que já tiveram a sorte de ouvir uma harpa ser reproduzida ao vivo (a excelente qualidade de gravação da Deutsche Grammophon ajuda muito, claro).
Em conclusão, as PMC são mais uma bela opção neste muito preenchido mercado das monitoras e uma forma de aceder ao som de uma marca icónica a um preço impensável antes da introdução desta nova linha. Mantendo a transparência que é reconhecida à PMC no mercado de estúdio, apresentam tecnologias inovadoras nos graves, agudos muito neutros e um palco quase sempre de acordo com as necessidades do disco. No meu caso, foi necessário um pouco de igualizador e de jogo com o posicionamento para que soassem perfeitas, mas já no teste anterior (as Monitor Audio Studio 89) tinha sentido necessidade de igualizar - aliás, é importante que os audiófilos se habituem a usar ferramentas como o posicionamento ou a igualização para atingirem os resultados ideais no espaço particular em que vão usar, recolhendo dividendos muito proveitosos dessas mesmas ferramentas (ou até mesmo usar correcção acústica, para quem tenha acesso a ela). Volto a referir, não são colunas que disfarcem as falhas de gravação presentes nos discos (e que encontramos mais frequentemente do que gostaríamos), e gostam de ser puxadas para soarem no seu melhor, mas com o disco certo e com o posicionamento certo, soam muito bem e a um preço que não costumamos associar a uma marca como a PMC. Recomendadas!
Colunas PMC Prodigy 1
Preço 1495 €
Representante Ajasom