Música numa outra dimensão
E fez-se luz
O LAN iPurifier Pro entrou no meu sistema de áudio ficando inserido entre a entrada de dados do Roon Server Plus e o switch Chord/English Electric de 8 saídas que liga ao router e redistribui o sinal de dados por várias situações dentro da minha rede interna. O resto do sistema consistia no conjunto de electrónica Inspiration 1.0, da Constellation, com o iFi Audio Pro DSD como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme, sendo o prévio de gira-discos o Nagra CLASSIC Phono. As colunas eram as QUAD ESL-63 que voltaram ao serviço por alguns tempos, e os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber, com o AudioQuest Thunderbird ligado entre o iFi Audio Pro DSD e o prévio da Constellation. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum, à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, sendo o amplificador de potência da Constellation alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A.
E o efeito da entrada em serviço do LAN iPurifier Pro foi imediato, não sendo necessário quase tempo nenhum para sentir a nova limpidez, a enorme amplitude da imagem espacial e a clareza dos timbres dos diversos instrumentos. A música parece que ganha como que um novo perfume e não fiquem com a impressão de que é algum tipo de coloração porque é exactamente o contrário, é como que uma nova dimensão de audição, assim como que uma 5.ª dimensão para a música, se é que há algo como isso.
Para não me alongar demasiado na análise (não que o LAN iPurifier Pro não o mereça), vou aqui falar em especial sobre dois ou três discos que ouvi e que em meu entender foram de grande importância para me ajudarem a descrever o que ouvi e senti.
Começo por Honney, do álbum Among Giants, de Sarah Harnann. As diversas faixas deste álbum apresentam um excelente ritmo, com um som melodioso e muito agradável do sax, mas esta é aquela que mais me encheu as medidas, sinal de que quem fez captação sabe alguma coisa de música e não se limita a ligar cabos e pôr limitadores em acção – a propósito de limitação ouçam o disco Anima, de Luis Figueiredo, que me foi recomendado pelo João Ganho e que tem um grau de liberdade, uma sensação de harmonia muito difíceis de conseguir, tudo tem a ver com colocação de microfones e isenção de recurso a limitadores mas sobre isso há muito a aprender pelos aprendizes de feiticeiro deste país, basta ver um filme português e escutar o som ambiente a níveis ensurdecedores e intérpretes a sussurrarem mesmo que estejam num sítio em que ninguém os ouve. O resultado é na maioria dos casos perfeitamente miserável, tão mau que nem percebo como é que os realizadores dos filmes deixam passar estes trabalhos de edição e captação e, mais ainda, como é que alguns destes filmes ganham prémios em Cannes e Berlim! Talvez porque no júri não há ninguém que saiba falar (e ouvir) português ... Falando agora sobre o álbum Honney, o LAN iPurifier Pro realça de maneira evidente a mestria interpretativa da Sarah e confere ao saxofone uma clareza de timbre que antes era apenas pressentida.
Deixemos então a área das sonorizações em Portugal, que parece não ter solução, e falemos daquilo que nos interessa (ainda) mais em profundidade, pois vou agora mencionar Al di Meola e o seu mais recente disco Twenty Four. Para os que não saibam, deixo aqui a informação que Al foi alvo de um sério problema cardíaco há cerca de um ano, tendo tido que repousar durante vários meses e cancelar todos os espectáculos que tinha agendados, muitos deles na Europa. Pois esse período de maior afastamento dos espectáculos ao vivo acabou por ser providencial para que o grande guitarrista entrasse numa fase mais introspectiva e começasse a compor um número apreciável de novas músicas que acabaram por dar origem ao álbum Twenty Four, lançado há cerca de duas semanas. E que disco, meus amigos. Com uma resolução de 24 bit/96 kHz, soa verdadeiramente maravilhoso através do Qobuz, com a guitarra mais viva e presente que nunca e o perfume das cordas a sair através das colunas como se fosse um leve aroma de incenso, salvo seja. Todas as músicas são bonitas, inspiradas e melodiosas mas destaco aqui Esmeralda com um ritmo latino que encanta até mais não. A música é cada vez mais criada por computadores ou pela chamada «Inteligência Artificial» e em muitos casos perdeu os detalhes mágicos provenientes criados através de uma elevada qualidade de composição e interpretação, soando insossa, mecânica e estéril. E não é preciso fazer muitas comparações para que se compreenda de imediato que estamos perante um grande acto de inspiração de di Meola, a que o LAN iPurifier Pro confere ainda mais qualidade, fazendo com que as notas sejam mais sentidas, mais emocionais, mais completas, o pé bata o ritmo e o corpo todo o sinta. De um modo muito directo, o isolamento galvânico faz com que mesmo as composições mais complexas se tornem muito mais simples de compreender e apreciar, é como que tirar um curso de ouvir música.
Já perto do fim do teste resolve ensaiar a mudança do cabo de rede entre a saída do LAN iPurifier Pro e o Roon Nucleus Plus: estava a utilizar um bom cabo de rede, CAT6, mas nada mais que isso. Mudei então para o AudioQuest Cinnamon com 1,5 m que me tinha sido emprestado pela Esotérico e tenho que reconhecer que valeu a pena. Não foi uma mudança tão importante como a que ocorreu com a entrada do LAN iPurifier Pro mas seguramente que foi bem sensível e traduziu-se num maior grau de liberdade das diversas notas, quaisquer que fossem os instrumentos, e numa resposta ainda mais rápida a transientes. Mais uma mudança que vale a pena experimentar sem entrar em loucuras em termos de preços (o Cinnamon custa em volta dos 120 €) e que demonstra que afinal vale a pena pelo menos olhar para as questões com um espírito aberto. Pode funcionar de maneira diferente noutros sistemas, mas sem experimentar não se sabe.
Conclusão
Há acessórios e há acessórios, ou seja, sem sequer entrar em critérios de preços, há alguns que entram num sistema e estamos ali durante não sei quanto tempo a tentar perceber se «aconteceu» alguma coisa e qual foi a intensidade da mudança. Pois com o LAN iPurifier Pro não há esse hiato de compreensão / avaliação, os resultados, as melhorias, são mesmo evidentes, de tal modo que fica cá em casa, já não o deixo sair… Quem não tiver ficado convencido que vá ouvir.
Isolador óptico de rede LAN iPurifier Pro
Preço 299 €
Contacto Smartaudio