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Amplificador integrado ROSE RA280

Amplificador integrado ROSE RA280

Miguel Marques

27 julho 2024

Um som limpo, rápido e directo


Foto 5 RA280

Munido de umas Monitor Audio Studio 89 e de um Audiolab 9000N, comecei as minhas escutas com dois discos de jazz acabados de sair, ambos de contrabaixistas - The Optimist, de Emiliano Lasanky (2024, 24/96), e The Northern Sea, de John Williamson (2024, 24/44.1). E duas conclusões tiraram-se rapidamente - o Classe D pode soar muito bem se devidamente implementado e, mais do que melhor ou pior que Classe A ou Classe A/B, é acima de tudo um som diferente, menos colorido, mais directo e rápido, em que o amplificador “desaparece” (como tantas vezes se diz das colunas) - e que causa alguma estranheza ao princípio, tal é o hábito que temos ao som mais “colorido” dos A/B ou, claro, das válvulas. A muito comum agressividade dos agudos nos Classe D não se notou aqui - embora se deva aqui indicar que as Studio 89 que acompanharam este teste são colunas particularmente requintadas nessas frequências, como referido no teste recentemente publicado (e cuja leitura se recomenda); é portanto possível que, com colunas mais agressivas nessa região (e tem sido comum nos últimos anos, infelizmente, os fabricantes de altifalantes acrescentam um número não despiciendo de decibéis aos agudos), essa característica dos Classe D se note, mas com as Monitor Audio, o RA280 passou nesse teste com distinção, conseguindo reproduzir os transientes dessa região com muita rapidez e presença mas sem agressividade. Os graves são, claro, muito presentes - o acréscimo de potência e corrente que os Classe D permitem é particularmente benéfico nessa região e tive algumas vezes de recorrer ao (excelente) equalizador do RA280 para controlar os mesmos - embora aqui o recente hábito no jazz de colocar o contrabaixo mais alto que a bateria (porquê?!), as Studio 89 e os fortes graves que lhe são inerentes, e as (relativamente) exíguas dimensões do meu espaço de escuta tenham também certamente contribuído para o empolamento dos baixos (e o 9000N também é quentinho na zona dos graves, comparativamente a outros streamers).
Passei então para um disco de rock, do guitarrista Matthew Scott, provavelmente mais famoso pelo seu canal de YouTube sobre equipamentos do que pela sua música - mas que lançou em 2023 este excelente Mirrors (24 bit/96 kHz), muito bem tocado e gravado. E soou, outra vez, tudo muito rápido e directo, o exacto contrário do que seria um Classe A ou um valvulado, mas cheio de presença e energia, sem traços de fadiga ou agressividade. Neutralidade e transparência dominam o espaço sonoro, mas sem que isso signifique um som “frio” ou ausente de emoção.

Para terminar, escolhi o disco Light of Gold (2014, 24 bit/96 kHz), do grupo coral Cappella SF. Aqui percebem-se duas características até aqui mais “escondidas”: a excelente imagem estéreo e a boa capacidade de lidar com picos dinâmicos, ambos essenciais em música deste calibre. O RA280 também nunca “embrulha” as vozes, mantendo uma excelente separação instrumental - essencial para compreender a complexa polifonia destas peças. E, sempre importante, talvez até o mais importante, mantém-nos sempre “ligados” à música e envolvidos emocionalmente na mesma. Outro pormenor relevante - apesar de soar melhor um pouco “puxado”, como todos os amplificadores que já testei, consegue soar muito bem a volumes moderados.

Num pequeno aparte e antes de concluir, a igualização do RA280 (que pode ser tirada do circuito, para os mais puristas) é de longe a melhor que já experimentei no domínio analógico (sendo que não sou grande fã de equalizadores digitais, mesmo os que são aplicados em 64bit floating point). Com uma pendente de 12 dB (contrariamente aos mais comuns 6 dB) e ganho / atenuação de +/- 15 dB a 100 Hz e 10 kHz, este igualizador tem controlos de graves e agudos muito precisos e eficazes, sem serem demasiado agressivos e, muito importante, sem entrar demasiado na região dos médios (embora geralmente um ligeiro ajuste seja apenas o necessário, não se recomenda rodar demasiado estes botões, tal é a potência deste circuito). Para quem gosta de usar equalização, e por vezes salva certos discos, a do RA280 é imbatível.

Foto 6 RA280


Conclusão



Longe vão os tempos em que se associava Classe D a um som estridente e sem corpo - e cada vez mais marcas conseguem produzir amplificadores de Classe D que competem com amplificadores de outras topologias. Não é o som encorpado dos amplificadores a válvulas ou de topologia Classe A, mas é um som limpo, rápido e directo - e isso pode ser excelente, nas circunstâncias certas. E, para quem possua altifalantes que precisam de muito “sumo” (e muitos soam melhor com mais corrente, embora não seja regra universal, o contrario também acontece - é comum colunas de alta sensibilidade soarem melhor com amplificadores de baixa potência, como os Classe A), não será nada fácil encontrar um amplificador nesta gama de preço com uma estrutura interna em dual mono, que “debite” 250W por canal, com esta qualidade de som, este design e esta igualização (os que atingem estes números em Classe A/B costumam “atirar” para outras gamas de preço). E para quem se preocupe com a ausência da componente digital, volto a referir que é muito raro os DACs internos de um integrado chegarem sequer perto de uma boa unidade externa - e o investimento num bom streamer (como o Audiolab 9000N) para preceder o RA280, vai certamente pagar significativos dividendos sonoros (especialmente se se evitar Bluetooth,MP3, Spotifiy e demais opções comprimidas). Uma proposta muito diferenciada, num mundo cada vez mais homogéneo e que justifica, e muito, uma deslocação à Ajasom para ouvir este RA280.

Amplificador integrado ROSE RA280

Preço               3299 €
RepresentanteAjasom

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