Amplificador integrado ROSE RA280

Miguel Marques

27 julho 2024

Um som limpo, rápido e directo

Mais conhecida pelos seus streamers, a coreana Hi-Fi Rose entrou mais recentemente no mercado da amplificação, primeiro com o RA180 e agora com o RA280, aqui em teste. Logo à partida, é impossível ignorar o design, que me parece ser do tipo amar ou odiar - eu gostei muito, retrô e futurista ao mesmo tempo, especialmente com os LEDs em intensidade máxima (é possível regular).

Trata-se então de um amplificador completamente analógico, o que sempre achei a melhor opção - mesmo em amplificadores de topo a secção digital costuma ser bastante inferior ao que se consegue arranjar comprando uma fonte externa, e um amplificador 100% analógico é muito mais imune à desactualização. Com igualização, secção phono (não testada) e entradas balanceadas e não balanceadas, o RA280 segue muito a linha do que é comum neste segmento retro do mercado - e traz ainda um pequeno controlo remoto, que é bastante eficaz e ergonómico, e cujo único defeito é não permitir mudar as entradas… De resto, é agradável (e raro) ver um bom controlo remoto e a ausência de funções desnecessárias permite-lhe ser muito mais leve do que o costume (um pequeno pormenor: o remoto não leva o volume até ao zero quando se pressiona a tecla “menos” até ao fim, ficando apenas num registo muito baixinho; para eliminar totalmente o som é preciso ou pressionar a tecla “mute” ou levantarmo-nos e rodar o botão de volume do amplificador).

A tecnologia utilizada é Classe D, apesar do nome Classe AD, atribuído pela HIFI Rose, que deduzo significar que a secção de prévio funciona em Classe A (nunca percebi muito bem este “marketing” da Classe A nestas secções, dado que este é o modo de funcionamento mais comum de préamplificadores), e o amplificador de potência em Classe D - que muitas pessoas (erroneamente) pensam que se trata de Digital, mas não. Estes amplificadores são muito mais eficientes que os Classe A ou A/B, e costumam debitar muita potência e corrente em caixas relativamente leves e pequenas - neste caso um amplificador de 10 kg debita 500 W em estéreo e a 4 ohm ou a 8 ohm, o que seria impossível (nesta gama de preço) em Classe A/B, por exemplo. Ainda segundo a Rose, o RA280 utiliza FETs GaN (gallium nitride), o que é suposto trazer bastantes benefícios, comparando com os mais tradicionais FETs de silício, tais como a redução do dead time, um problema comum nos Classe D, em cerca de 90% (ver link em baixo sobre dead time e Classe D em geral). Também na alimentação, a Rose decidiu usar FETs “especiais” (SiC - silicon carbide), alegando melhorias significativas neste departamento.

https://www.analog.com/en/resources/analog-dialogue/articles/class-d-audio-amplifiers.html

O RA280 é ainda completamente dual mono, sendo efectivamente dois amplificadores dentro de uma caixa, e possui uma fonte de alimentação universal, caso pretenda fazer voos de longo curso acompanhado por esta máquina, mas não permite fazer bicablagem, uma (excelente) tendência em produtos de 2024. Já a saída para subwoofer, fica a nota, não possui crossover, e isso deve ter sido em conta se se planeia usar um sub com o RA280. Como nota final nas especificações, gostaria de ter visto uma saída de auscultadores, comum nestes amplificadores mais a imitar os antigos… Dito tudo isto, os audiófilos têm-se dividido entre os que acham que a Classe D já soa tão bem ou melhor que a Classe A/B, e os que acham exactamente o contrário, e nada como ouvir e decidir - na minha experiência, muitas vezes é a implementação que conta, e não a tecnologia.

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