Umas monitoras com um som de luxo
Depois das muito conceituadas Hyphn, a Monitor Audio introduziu muito recentemente no mercado as Studio 89, reedição de um modelo de 1989, as Studio 15 - com muita tecnologia importada das colunas topo de gama da marca, nomeadamente as Hyphn e as Platinum 3G. Tanto as Hyphn como as Studio representam uma nova era na marca, com novos produtos, nova engenharia, marketing, etc… e são visualmente muito distintas das gamas mais “comuns” da Monitor Audio - Bronze, Silver, Gold e Platinum. Não sendo obrigatório, é bastante recomendado que as Studio 89 se façam acompanhar dos suportes da marca (como foi o caso neste teste), que não só as colocam à altura certa, como trazem parafusos, sendo possível atarraxar as colunas aos à base do suporte e assim garantir que não há acidentes desagradáveis. Para além disso, tendo em conta o seu diminuto tamanho, especialmente de largura, certamente ficarão algo estranhas quando colocadas em suportes convencionais.
As primeiras impressões foram muito positivas no design - estas colunas são muito bonitas, muito bem acabadas e facilmente pensamos que estamos a olhar para um produto situado noutra gama de preços. Bastante pequenas, ficariam bem em qualquer sala, excepto, talvez, em casas demasiado tradicionais. Tecnicamente, as Studio 89 são um formato duas vias, implementado a partir de dois altifalantes de 4,25 polegadas (daí o seu tamanho compacto), com um tweeter “no meio” (nome técnico de MTM, mid-tweeter-mid ou “D’Appolito design”, em homenagem ao seu criador, ver links em baixo). Com dois pórticos bass-reflex traseiros, o que recomenda cautela com o posicionamento (leia-se ” distância à parede”), e um crossover com partes cuidadosamente seleccionadas, as Studio 89 têm uma impedância nominal de 6 ohm (valor mínimo 4,2 ohm) e uma sensibilidade de 86 dB, o que requer um amplificador com alguma potência para que soem no seu melhor (aguentam até 300 W). A Monitor Audio indica que as Studio 89 conseguem chegar aos 50 Hz, mas fiquei com a sensação que poderão ir ainda mais baixo, o que é muito impressionante para colunas tão pequenas - creio que só pessoas que queiram um super-sistema de cinema ou que sejam verdadeiros bass freaks precisarão de um subwoofer. Fica também a nota que estas Studio só têm um par de terminais, portanto não é possível fazer bicablagem ou biamplificação - caso esteja virado para tais «passatempos».
Lista de links úteis
https://arendalsound.com/article/what-is-dappolito-speaker-design/
https://www.youtube.com/watch?v=DWdJDy6RRcM
https://www.youtube.com/watch?v=4U53sxoRoOk&pp=ygUXbW9uaXRvciBhdWRpbyBzdHVkaW8gODk%3D
Foi então com curiosidade que “peguei” nestas monitoras (já agora, pesam uns leves 7 kg) e que comecei a ouvi-las, acompanhadas por um Audiolab 9000N e um Hi-Fi Rose 280A, com dois discos de jazz: Among Giants (2024, 24/96), de Sarah Hanahan, e Generation S (2023, 24/96), de Peter Martin. Comecei por direccionar as colunas para mim, em modo on-axis, como tinha visto na Delaudio e como me tinha sido recomendado online - o que seria impensável com as Silver da mesma marca (e que testei recentemente), que funcionam muito melhor off-axis. E tal foi a minha surpresa, quando as Studio 89 apresentaram dos agudos mais bonitos e suaves que ouvi até hoje (mas detalhados, não há nenhuma sensação de roll off) - isso dever-se-á maioritariamente ao tweeter AMT, descendente directo do das Hyphn, e que chega até uns impressionantes 60 kHz.
A segunda surpresa, que já tinha experienciado também na Delaudio, foi o tamanho do palco, algo a que até nem costumo ligar particularmente - com uma imagem central muito precisa e que me ficou a desejar ter um quarto mais largo, para ouvir as Studio 89 ainda mais afastadas uma da outra. Passei rapidamente por alguns discos de Rudy Van Gelder na Blue Note, famosos pelo seu hard panning, com muitos instrumentos colocados excessivamente para um dos lados - o que geralmente não me soam particularmente bem com sistemas mais caros. Mas as 89 conseguiram eliminar muito do som «duplo mono» destes discos e criar uma sensação de estéreo que não lhes conhecia até aqui.
Passei então para o mundo da música clássica e para os quartetos de cordas de Bela Bartok, aqui interpretados pelo Emerson String Quartet (16/44). A (maravilhosa) música do compositor húngaro voltou a reforçar a beleza dos agudos, com os violinos, que tantas vezes podem soar agressivos, a encherem a sala com detalhe e sem agressividade. Outra característica das Studio que se revela aqui é a sua brutal transparência, fazendo jus ao seu nome - relembrando as melhores monitoras de estúdio (mas sem a “frieza” que essas colunas obrigatoriamente têm de ter). A espaços notar-se-á também o reduzido tamanho dos woofers, com apenas 4,25 polegadas - as Silver, com o seu altifalantes de 8 polegadas, conseguiam apresentar ocasionalmente maior escala e dinâmica, mas não conseguem acompanhar o maior detalhe e subtileza das Studio 89, que soam substancialmente mais requintadas.