A regra Goldilocks em leitores de rede:
O EverSolo DMP-A6 Master Edition
A regra Goldilocks, inspirada na antiga história “A Caracolinhos Dourados e os três ursos”, a que muitas ciências apelam, é o princípio de que as pessoas estão inclinadas a procurar “a quantidade certa” de algo de que necessitem.
A EverSolo Audio representa uma aposta da Shenzhen Zidoo Technology – uma empresa especializada em leitores de rede para computadores e cinema em casa. Desde a sua fundação em 2014, a EverSolo cativou o mercado com os seus equipamentos para alta-fidelidade, nomeadamente amplificadores, DACs e leitores de rede, mas foi em 2023, com o DMP-A6, que a marca ocupou uma posição de realce na indústria audiófila. De tal modo que, Sandu Vitalie da Soundnews propôs que 2023 fosse considerado o ano um para os leitores da revista, o ano um da era pós E.S. (EverSolo). Isto embora pessoalmente me fosse sempre difícil ignorar as propostas de marcas como a Linn, a Naim e, mais recentemente, a coreana Hifi Rose.
Mas, voltando ao DMP-A6, é de notar que, posteriormente, e na mesma linha, a EverSolo lançou os modelos DMP-A8 (por mais do dobro do preço) e DMP-A6 Master Edition (a um preço intermédio). As grandes diferenças entre os três são:
I – As dimensões do A8 são maiores e a panóplia de ligações é mais completa no A8 do que no A6 ou no Master.
II – A temporização: o A6 usa um oscilador de cristal e o Master Edition e o A8 usam o femtosecond clock system.
III – Os Ampops utilizados no andar de conversão D/A: o A6 usa o OP1642, e o Master Edition e A8 empregam o OP1612, ambos da Texas Instruments.
IV – A alimentação: o A6 e o Master Edition usam um módulo único de rectificação e regulação e o módulo do A8 é duplo.
V – A conversão: o A6 e o Master Edition usam dois DACs ES 9038Q2M da ESS Sabre e o A8 os DACs AK4191EQ+AK4499EX da Asahi-Kasei.
Em termos de componentes, o A8 aparentemente parece melhor numa perspetiva audiófila mais é bastante mais caro e mais volumoso e o A6 parece estar num nível abaixo nessa mesma perspectiva, mas convém não esquecer que é bastante mais barato e mais compacto. Já o Master Edition parece ocupar uma posição intermédia. E o que nos diria a menina dos caracolinhos da história?
E o nosso teste é sobre o Master, será que a regra Goldilocks também se aplica aqui?
Descrição
O A6 Master, de aqui em diante apenas Master, é compacto, com o peso de 3,6 kg e dimensões de (CxLxA) 187 mm x 27 0mm x 90 mm (o que designaríamos normalmente por meio-corpo). As dimensões reduzidas oferecem uma grande flexibilidade de arrumação. O acabamento em alumínio escovado negro dá-lhe um charme especial, com uma estética sóbria, mas elegante. O ecrã LCD a cores tem uma dimensão bastante generosa com 6 polegadas de largura, e ocupa a maior parte do painel frontal, sendo ladeado ladeado pelo logo da marca e por um grande botão que funciona para ligar a alimentação e como controlo de volume. O ecrã é fácil de ler e está equipado com a função táctil. Aliás, o ecrã funciona de acordo com o sistema operacional Android 11 a partir de um processador Quad-core ARM Cortex-A55. Poder-se ver a capa do álbum em leitura parece-me sempre um luxo bem-vindo e podermos ver a fonte, a faixa, o nome do artista, a taxa de dados, o tipo de formato de ficheiro áudio e a resolução do arquivo só acrescenta mais-valias a esse bendito luxo. O ecrã apresenta botões virtuais com uma grande variedade de funções, integradas numa estrutura ramificada de selecção e com uma utilização bastante intuitiva. É, portanto, possível e fácil a instalação e o controlo do Master a partir do seu ecrã táctil (foi o que eu fiz), mas a EverSolo também lançou uma App Android de controlo que funciona igualmente muito bem.
Na parte de trás encontram-se a floresta das ligações. E lá encontramos as saídas analógicas (XLR e RCA) e as saídas digitais: coaxial, óptica (24 bit 192 kHz / DSD64) e USB-C (32 bit/768kHz / DSD5 12). O Master oferece também uma saída HDMI para ligar a um Recetor AV ou a um leitor de SACD multicanal com um protocolo I2S compatível. Através das ligações USB é possível ligar o Master ao telemóvel, ao PC (uma ligação USB OTG) ou a um disco externo USB. E através de uma entrada Ethernet ou das antenas Bluetooth, o Master pode ligar-se a um servidor doméstico ou a um NAS (através do protocolo DLNA) ou aos principais serviços de música e rádio na internet (Qobuz, Tidal, Spotify, etc.). O Master é Roon Ready.
As principais características na saída XLR são: tensão nominal 5,2 V; frequência de resposta: 20 Hz a 20 kHz (±0,15 dB); gama dinâmica superior a 128dB; relação sinal/ruído melhor que 128 dB; distorção harmónica total + ruído inferior a 0,00009% (-120 dB), ponderação A; diafonia melhor que -125 dB. Já utilizando as saídas RCA as especificações são: nível de saída 2,6 V; frequência de resposta: 20 Hz a 20 kHz (±0,2 dB), gama dinâmica superior a 124 dB; relação sinal/ruído melhor que 124 dB; distorção harmónica total + ruído inferior a 0.00011% (-119 dB) ponderação A, diafonia superior a -124 dB.
Como já indiquei acima, o Master usa dois conversores D/A ES 9038Q2M da ESS Sabre. Os DACs lidam com ficheiros áudio com uma resolução PCM até 32 bit/768 kHz e DSD512, além de MQA, e existe uma igualização que contempla sete filtros digitais.
Finalmente, é de referir que é possível instalar no Master um disco SSD com capacidade até 4 TB, o que será muito útil para quem quiser usar extrair os ficheiros áudio de CDs (função também contemplada pelo Master).