Música limpa, rápida e sem aditivos
Criada em meados dos anos 90, a Advance Paris é uma marca francesa que dispõe de uma longa gama de produtos, embora sejam os amplificadores que mais notoriedade lhe têm dado - notoriedade relativa, diga-se, não só porque não conhecia a marca até uma visita recente à Delaudio, mas também porque online quase não se encontram críticas, sejam escritas, seja no (inevitável) YouTube.
Chega-me assim para teste o integrado Classic A10, com especificações muito interessantes: circuito híbrido (válvulas no prévio, transístores no amplificador de potência, como mandam as regras), entradas analógicas balanceadas e não balanceadas (embora o circuito não seja balanceado, o que significa que não há qualquer vantagem no uso da entrada balanceada), entrada phono (que não testei), saída para dois pares de colunas, saída de auscultadores, equalização e ainda um DAC da Sabre (ESS 9018), com várias entradas digitais, com particular destaque para HDMI ARC). Como potência de saída, temos 130 W a 8ohm e 190 W a 4ohm, o que será mais que suficiente na grande maioria dos casos - só salas muito grandes ou colunas muito ineficientes (ou que gostem de muita corrente) poderão necessitar de mais Watts. Tudo isto por menos de 2000 € - será bom demais para ser verdade? Vamos descobrir.
Começando pelo design, o A10 tem um ar algo industrial, a lembrar o futurismo dos anos 80 - com vuímetros em azul/roxo. Eu gostei, mas suponho que possa haver quem não concorde - o amplificador é também bastante grande, embora não muito pesado. O controlo remoto, apesar de ser em plástico, é bonito e funciona bastante bem, e a regulação de volume aparece-nos no ecrã (assim como a entrada que estamos a usar) e em decibéis, uma (feliz) raridade, que gostaria de ver mais vezes.
Audições
O meu teste foi feito com um streamer Denon DNP-2000NE e umas colunas Sonus faber Lumina II, ficando o sistema total abaixo de 5 000 € - o que, para efeitos deste indústria, é um sistema relativamente barato. Comecei então o meu teste com o recém lançado disco Lovabye (2024, Criss Cross) do saxofonista tenor Gregory Groover Jr - que conta com uma formação mais alargada e foi por isso um bom teste inicial ao A10. A primeira surpresa que tive foi que o amplificador da Advance não corresponde à ideia que temos de um amplificador a válvulas - mais quente, com resposta mais lenta nos transientes e com um som com mais corpo, mesmo que por vezes algo artificial. Se me pusessem num teste cego, diria que se tratava de um amplificador totalmente a transístores e de Classe AB - o som é neutro e muito directo, com pouca ou nenhuma coloração, o que mostra que é muito mais a implementação do circuito do que a tecnologia (válvulas ou transístores) que conta. Mais do que conseguir ouvir qualidades, não consegui ouvir absolutamente nenhum defeito - todas as frequências estavam no lugar certo, assim como a informação espacial, com os muitos instrumentos a distinguirem-se sem nenhum problema. Também os timbres dos instrumentos, particularmente do vibrafone de Joel Ross, chegaram aos meus ouvidos exactamente como soam na vida real.