O LUxo MInimalista e NAtural (II) da Sonus faber:
As colunas que poderiam ser a mulher de César
O mundo do áudio, sobretudo no topo de gama de algumas marcas, está cheia de lendas verdadeiras ou exageradas, paixões e embirrações. Por exemplo, as Sonus faber e o seu criador Franco Serblin. A primeira oficina de artesanato sonoro da marca, a Sonus faber original foi construída nas colinas de Vicenza em 1983. Consta que Serblin teria desejado ter sido um liutaio (luthier, em português) e que a Sonus faber nasceu dessa mesma paixão – a reprodução fiel da música através da beleza visual e táctil. Assim, desde a primeira criação (isto é, as Parva), as colunas da marca terão sido sempre construídas como materiais naturais nobres como a madeira maciça de nogueira e o couro, tratados e montados pelas mãos de artesãos experientes. Mais, a partir dos anos noventa, a fantasia de Serblin começou a incluir não só os materiais naturais, mas também a forma dos instrumentos artesanais clássicos, inspirando-se no trabalho dos luthiers italianos como Andrea Amati, Antonio Stradivari e Giuseppe Guarneri.
Tal inspiração teria chegado ao ponto de criar as Guarneri Homage, umas colunas de alta-fidelidade com uma caixa inspirada nas forma e na estrutura do alaúde. E para concluir a lenda, a actual sede da Sonus faber é em Arcugnano, Veneto, num edifício em forma de violino onde as colunas da marca continuam a ser fabricadas por artesãos italianos (e não por operários na China). Mas, chegados a este ponto, pergunta-se: e o desempenho áudio corresponde à aparência? Quer dizer, da Sonus faber exige-se o contrário do que é exigido à mulher de César? Ou seja, não basta aparentar ser musical, tem realmente de o ser. E posso dizer desde já que, no geral, a aparência corresponde à coisa, embora noutros tempos tenham havido alguns reparos relativamente à predominância dos médios sobre os outros registos de frequências e à assinatura excessivamente aveludada ou adocicada. Será então que as colunas em teste, as Lumina II, colunas de entrada de gama, elas também, sem dúvida, belas e sofisticadas, poderiam satisfazer um César audiófilo?
Descrição
As Lumina II são colunas relativamente pequenas e leves com as dimensões de (AxLxP) 30,4 x 18,0 x 26,3 cm e o peso de 5.8 kg e são um conforto para a visão e para o tacto, já que a estética e o acabamento são de um nível inusual para esta gama de preços. A fronte das Lumina II tem em três opções em termos de verniz e cor, todas muito elegantes. A saber: verniz escuro de wenge com incrustações formando listras horizontais, verniz de nogueira mais clara com o mesmo padrão de incrustações (a do meu teste) e verniz negro de piano. O corpo é forrado a couro (sintético?) e assenta numa base canelada rasa que fornece o pórtico bass-reflex, voltado para a frente. O posicionamento do pórtico bass-reflex permite a acomodação, estrito senso, numa estante e facilita muito a colocação. O painel traseiro oferece terminais de qualidade para bicablagem.
As Lumina II possuem um altifalante principal de médios/graves de seis polegadas (150 mm) com um cone de papel com uma formulação que é proprietária da marca e é centrado num rolo de borracha. O tweeter é um dos tipos de DAD (Damped Apex Dome), ou cúpula em ápice, amortecido, da Sonus faber, que são projectados para minimizar problemas de fase e, assim, optimizar as altas frequências. O material da cúpula é a seda e o diâmetro final 29 mm. O crossover foi desenhado de acordo com a topologia Paracross com um circuito «semi-balanceado» onde alguns dos componentes reactivos (condensadores e bobinas) são posicionados na pista «negativa » do circuito impresso. O objectivo é o de reduzir a interferência de RF (radiofrequência). O ponto de corte deste crossover está posicionado na frequência de 1800 Hz. A frequência de resposta vai dos 55 Hz aos 24 kHz, a sensibilidade é de 86 dB SPL (2,83V/1m) e a impedância nominal é de 4 ohm. A potência recomendada para o amplificador situa-se entre 30 W e 150 W.