Magnetar UDP900

Jorge Gonçalves

4 março 2024

A referência em Blu-ray 4K

De há uns anos para cá tem-se assistido a um apagamento da presença dos formatos físicos nas lojas e grande superfície, sejam eles o CD, o Blu-ray normal e 4K e assim por diante. No caso da imagem, a proliferação de serviços de streaming tais como Amazon, Prime, Netflix, Disney+ e quejandos, como uma combinação de quantidade e conveniência, não de qualidade que essa evidencia cada vez mais o uso de níveis elevados de compressão para facilitar a vida aos fornecedores de serviço de TV por cabo que assim não precisam de aumentar a largura de banda dos seus serviços, fez com que uma grande parte dos consumidores praticamente abdicasse de comprar filmes em disco e, como consequência, locais como a FNAC, onde era possível ver álbuns dos mais recentes lançamentos, já quase não apostam nessa área. Uma vez mais temos uma situação que prova que os portugueses quando adoptam uma determinada tendência o fazem de maneira absoluta, isto porque no resto da Europa e dos Estados Unidos os Blu-ray continuam de boa saúde e com elevado nível de vendas.

Tudo isto vem a talhe de foice na sequência da chegada do Magnetar UDP900 o navio-almirante dos leitores de Blu-ray 4K, a minha casa para fins de teste. A Magnetar é uma das marcas do grupo Archisoft, fundado em Paris a partir de um antigo distribuidor francês dos leitores da Blu-ray da Oppo, entretanto desaparecidos do mercado, e que começou aqui há uns anos com a marca Revon. E está uma vez mais provado aquilo que disse acima: quer a Magnetar quer a Revon gozam de um excelente prensa na Europa e nos Estados Unidos.

Descrição


As dimensões físicas e o peso de quase 16 kg do UDP900 dizem logo que estamos na frente de um produto diferente, para melhor, claro. Embora ostentando a habitual largura rack de 43 cm, o painel frontal do equipamento, dividido em quatro zonas alternadamente de cor preta ou cinzenta, tem uma altura bem superior ao que é normal, talvez para mostrar que olha de cima para todos os restantes leitores. E a simplicidade é a norma no referido painel, ocupado apenas centralmente pela gaveta de leitura, ladeada por um mostrador fluorescente de cor branca, que tem por baixo um conjunto de cinco teclas para activação dos modos de leitura do disco, embora estranhamente sem a habitual tecla com uma seta para a direita que identifica o início de reprodução, uma tecla maior para ligar o UDP900 ou colocá-lo no estado de repouso e, por baixo desta, uma saída para auscultadores por jack de ¼ de polegada, ladeada à sua esquerda por uma pequena tampa rectangular de plástico que oculta uma entrada USB frontal do tipo 2.0.
Como seria de esperar, as traseiras do UDP900 já são bem mais povoadas: do lado esquerdo temos as saídas de áudio estéreo, duplicadas em RCA e XLR (balanceadas), tendo por baixo a ficha RJ45 para ligação á Internet, duas saídas HDMI, a principal com áudio e vídeo e a outra apenas com áudio, para inserção num sistema de áudio surround, ladeadas pela ligação USB 3.0. Continuando para a direita, destacam-se a entrada USB B para ligação do DAC a um equipamento externo, e as saídas digitais de áudio do tipo óptico e coaxial, seguidas de um conjunto de 8 fichas RCA com as saídas de áudio surround descodificado, novamente para ligação a um sistema de cinema m casa. Para finalizar, temos a entrada IEC da tensão do sector, equipada com um interruptor geral de alimentação.
A estrutura do chassis do UDP900 está muito bem pensada em termos de conferir rigidez ao sistema e ocultar uma boa parte dos parafusos de fixação: a abertura do equipamento faz-se começando pelos painéis laterais de alumínio bem espesso, só a partir daí sendo possível aceder aos 4 parafusos que sustentam a tampa superior. Retirada toda esta parafernália somos brindados que uma vista que colocará qualquer amante da boa construção em equipamentos electrónicos verdadeiramente a babar-se: a arrumação dos diversos blocos é perfeita, nem mais nem menos que isso, com o bloco da entrada da alimentação totalmente blindado por uma tampa de alumínio fresado e a gaveta de leitura, igualmente blindada e com a referência UHD1 na posição central, tendo por detrás dela a placa de circuito impresso que contém os componentes que se encarregam das oito saídas de áudio analógico no formato multicanal. Esta gaveta será seguramente produzida por um fornecedor externo da Magnetar, e é o tipo múltiplo, ou seja, o sistema de transporte aceita discos nos formatos CD (com reconhecimento do HDCD), DVD, DVD-Audio, SACD, Blu-ray, Blu-ray 3D e Blu-ray 4K.

As placas de circuito impresso de quatro camadas têm novamente uma distribuição meticulosa de componentes, uma grande parte deles do tipo SMD. Na saída multicanal destacam-se os quatro reguladores de tensão que se seguem a um circuito independente de rectificação e filtragem, alimentado a partir de um transformador de 60 VA específico para os circuitos de processamento e conversão de áudio – os circuitos digitais recebem a alimentação de uma fonte do tipo comutado que está por debaixo da tampa de alumínio fresado que referi acima. Este transformador, do tipo toroidal, foi alvo de uma construção cuidada que recorreu ao uso de fio de cobre isento de oxigénio e de blindagens por folha metálica entre primário e secundários para minimizar a criação de interferências e ruídos parasitas. O conversor D/A multicanal de 7.1 canais é o ES9028PRO, da ESS Sabre e é impressionante ver o conjunto de 12 Ampops duplos OPA1602A a partir dos quais saem os sinais de áudio analógico.
No extremo direito temos a placa de circuito impresso de 6 camadas dedicada ao processamento e conversão D/A dos sinais de áudio estéreo. Neste caso o conversor D/A é o ES9038PRO, sendo o áudio gerido por um Gate Array da XMOS. A alimentação provém uma vez mais do transformador anteriormente referido, com a filtragem a estar por conta de dois condensadores ELNA de 8200 µF/35 V, a que se seguem 6 reguladores de tensão. As saídas de áudio RCA e XLR são novamente alimentadas por Ampops do tipo 1602A, embora seja estranho encontrar dois Ampops NE5332, um circuito integrado que já tem algo como 40 anos de presença no mercado.

Placa de saída de áudio estéreo

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