Uma proposta perfeita a um preço irresistível
Audições
As Focal foram ouvidas no meu sistema residente, que inclui o conjunto pré-amplificador / amplificador de potência Accuphase C-2150/P-7300. Na fonte digital esteve o servidor/streamer Aurender ACS10 e o conversor D/A Soulnote DAC2. A vertente analógica esteve a cargo do gira-discos Project Xtension 10 Evolution com cabeça de leitura Hana ML e o prévio de phono Elac PPA-2. A cablagem incluiu o cabo digital Audioquest Carbon USB e nas interligações analógicas o Kimber Select KS-1121. Nas colunas estiveram como habitualmente os Kimber Select KS-3033.
Lista de obras escutadas durante as audições:
• G. Mahler, Sinfonia nº 3, Coro e Orq. Sinfónica Rádio Frankfurt, Eliahu Inbal, CD (Denon)
• J.N. Hummel, Concerto p/piano e Orq. Op. 85, Stephen Hough, Orq. de Câmara Inglesa, Bryden Thomson. CD (Chandos)
• J. Sibelius, Concerto p/ violino e Orq. em Re menor, Op.47, Viktoria Mullova, Orq. Sinfónica de Boston, Seiji Ozawa, CD, (Philips)
• Alan Parsons Project, Eye in the Sky, CD, (Arista Records)
• Patricia Barber, Companion, Tidal
• Joe Morello – Take Five, Tidal
• Michel Camilo, Portrait, LP (CBS)
• Scorpions - Gold Ballads, LP (Harvest)
As Focal ficaram instaladas sensivelmente a 70 cm da parede posterior, 50 cm das paredes laterais e com um ângulo de escuta bastante fechado, a apontar directamente ao ponto de escuta. As primeiras audições indiciaram uma sonoridade ampla com uma excepcional capacidade das colunas em recriar um palco sonoro de proporções amplas, capaz de se propagar para além dos limites físicos das colunas, com uma excelente resolução em qualquer uma das dimensões, principalmente em profundidade, assumindo ainda uma boa focagem dos diversos intervenientes. Julgo que para este resultado não será estranha a opção da Focal de dotar as colunas de uma base que lhes impõe uma inclinação o que, para além de alinhar temporalmente as diversas unidades activas, tem o resultado mais prosaico de apontar o tweeter em direcção aos ouvidos de um ouvinte sentado, o que ajuda a proporcionar a sensação de espraiamento do som, parecendo que este tem origem numas colunas de muito maiores dimensões.
Com o concerto em ré menor para violino e orquestra de Sibelius, o instrumento solista evidenciou-se de um modo muito nítido em relação ao restante conjunto instrumental, fazendo soar o todo de um modo agradavelmente solto e com um recorte rítmico notório. Mesmo com obras de cariz sinfónico muito mais exigentes em termos dinâmicos, como a imensa 3ª sinfonia de Mahler, as Theva 2 contribuem sempre com um palco sonoro de elevada transparência, amplidão e notável focagem o que acabou por ser uma muito agradável surpresa em face do modesto custo das colunas.
O registo grave possui um bom equilíbrio entre extensão, controlo e definição. Ainda que não possua a extensão que só caixas de muito maiores dimensões normalmente conseguem proporcionar, o grave faz-se sentir de um modo muito nítido, com tensão, impacto e articulação e, mesmo na reprodução dos grandes timbalões da orquestra, ou da bateria de Joe Morello numa recriação do imortal tema Take Five, a resposta pressente-se rápida, recortada e definida, o que confere às Focal uma sonoridade vigorosa e plena de dinamismo.
Os registos médios surgem claros, detalhados e definidos, isentos de quaisquer efeitos de compressão, o que contribui de um modo determinante para a global transparência da sonoridade das Theva 2 e para a invulgar capacidade demonstrada para focar os intervenientes no palco sonoro, principalmente com conjuntos acústicos como orquestras e agrupamentos de jazz.
Nos registos agudos, o novo tweeter Focal conjuga uma excelente extensão, que se estende desde as frequências médias/altas até um registo agudo admiravelmente aberto e recortado, sendo o responsável para reprodução de vozes de um modo coerente e credível. Com algumas gravações, o tweeter exibe um brilhozinho que pode tornar-se demasiado evidente, mas nunca incomodativo ou de alguma forma agreste. O equilíbrio tonal pode, aliás, ser facilmente moldado com recurso a um cuidado posicionamento das colunas e escolha do equipamento complementar, sendo que, na minha sala e com o meu sistema, ter as colunas directamente apontadas ao ponto de escuta foi a solução que melhor soou aos meus ouvidos.
O mais importante a destacar nas Theva 2 será não tanto a excelência com que cada uma das unidades faz o seu trabalho, mas antes o resultado notável que é fruto do trabalho conjunto dos altifalantes, da construção da caixa e da afinação do crossover, que faculta uma integração absolutamente exemplar entre unidades, garantindo que o som projectado é uno e coeso, e proporcionando uma musicalidade e comunicabilidade que não são muito comuns a este nível de preços.
Conclusão
As Focal Theva N.º 2 são umas colunas de chão de dimensões maneirinhas e inegável apelo estético que facilmente encontrarão lugar em muitos lares portugueses. Possuem uma sonoridade extrovertida, aberta e clara no timbre, e são capazes de edificar um sentido de escala e um palco sonoro absolutamente notáveis para o seu escalão de preços. São a prova provada que não é necessário vender um rim para se ter acesso a um bom som. Com um preço abaixo dos 1 500 € considero-as uma opção absolutamente recomendável.
Colunas Focal Theva 2
Preço: 1 498 €
Representante:Esotérico