As leis da Física não perdoam, mas às vezes até parece que abrem excepções
Audição
A audição realizou-se a partir da amplificação do meu amplificador residente Rotel 1592, e usando como fontes sobretudo o leitor SACD Atoll SACD 200, mas também o streammer Aries Mini da Auralic, ligado ao DAC Holo DSD Cyan.
Playlist
Alois Mühlbacher & Ars Antiqua Austria (dir. Gunar Letzbor) – Bononcini, Cantatas per Contralto con Violin – CD Challenge
Sofia Diniz – Johann Schenck, L’Echo du Danube Op. 9 – CD Challenge
Ambrosine Akinmusire – Owl Song – CD Nonesuch
Mette Juul – Celeste – CD Prophone
The Mars Volta – The Mars Volta – CD Assai Records
The Mars Volta – Que Dios Te Maldiga Mi Corazon – CD Assai Records
A imagem de marca das B&W está presente nas 607 S3. São colunas que prendem pela concisão subtil dos agudos. Também revelam uma boa extensão do palco sonoro e uma grande precisão nos ataques das notas e dos sons. Quanto à presença das fontes sonoras e a reprodução dos baixos, somos de vez em quando recordados das leis da física e da gama de preços em que as 607 S3 se posicionam. Nalgumas gravações, sobretudo de música acústica com poucos instrumentos (por exemplo, jazz ou folk), as 607 S3 podem-nos fazer esquecer as suas limitações físicas e é como se crescessem ou não precisassem de ser maiores para atingirem um som audiófilo. Mas com fontes que descem pelos Hz abaixo ou com massas sonoras consideráveis, nota-se uma certa falta de espessura, de presença nos instrumentos. Nada de muito grave, nada de distorção, mas que se nota quando se está a ouvir atentamente. Mas, mais concretamente:
Começando pela clássica. Falemos de um contralto que emergiu muito recentemente no panorama da música barroca, Alois Mühlbecher. Uma voz suave mas com a força dramática suficiente para transmitir as composições de Bononcini, neste caso em diálogo com o violino do já experiente e virtuoso Gunar Letzbor. AS 607 S3 souberam preservar a melodia e a beleza do diálogo, com a precisão dos agudos de que as 607 S3 são capazes a fazer brilhar a gravação e a maximizar o prazer da audição. Depois, a “nossa”, mas cada vez mais internacional, Sofia Diniz a executar uma das peças mais importantes do reportório da viola da gamba, Os Ecos do Danúbio, de Johann Schenck. O som da gamba de Diniz é muito belo, dominando a gama média, lá onde a melodia reina. E as 607 S3 estiveram bem à altura, com a tal precisão no ataque das notas e grande neutralidade e sobriedade.
No jazz, o trompetista Ambrose Akinmusire já é uma referência do jazz atual e a sua Canção da Coruja é uma das melhores gravações de jazz com que me deparei ultimamente. Com um pequeno “grande” grupo com Bill Frisell (guitarra) e Herlin Reley (bateria), Akinmusire oferece-nos um som ´muito limpo, cristalino e subtil. O tipo de som em que as 607 S3 podem brilhar (e brilharam), com uma reprodução do timbre de Akinmusire a roçar a perfeição e o ambiente geral belo mas sóbrio, a ser recriado sem problemas. Depois a bela voz da contralto dinamarquesa Mette Juul, acompanhada pelo grande guitarrista Mike Moreno. A gravação inclui uma mistura de standards e novos temas compostos por Mette. Soube bem ouvi-la com um bom trabalho de reprodução das 670 S3, preservando a natureza reflexiva da gravação e o grão raro da voz de Mette. Reprodução sem obstáculos para as 670 S3.
No rock, temos duas versões dos mesmos temas pelo mesmo agrupamento The Mars Volta, de Cedric Bixler-Zavala (vocalista) e Omar Rodriguez-Lopez (guitarrista), que já não editavam um disco há 10 anos. Pois bem, agora editaram dois em anos sucessivos: um álbum homónimo em 2022 e, no ano passado, a versão acústica das mesmas canções, com o título Que Dios Te Maldiga Mi Corazon. Duas grandes e originais gravações. Mas foi aqui que finalmente, a física ditou a sua lei. A tal falta de espessura, de presença e de realismo instrumental fez-se sentir sobretudo no álbum homónimo com o caudal das guitarras Rodriguez-Lopez e dos sintetizadores de Marcel (o irmão mais novo de Omar) a fazer alguma mossa.
Conclusões
As 607 S3 são colunas de entrada de gama da gama de entrada da B&W e as mais pequenas dessa gama. Mas, entrada de gama num fabricante como a B&W não quer dizer muito. Na verdade, as B&W impressionam pela quantidade de estilo musicais que acolhem sem esforço, sobretudo quando o lado acústico predomina. A esta gama de preços, são uma proposta tentadora. É claro que as leis da física não se deixam ignorar e as leis do mercado também não. Mas com estas dimensões e a esta gama de preços é muito difícil pedir mais.
Confirmei mais uma vez que com escolhendo umas B&W, de acordo com as exigências, disponibilidade financeira, estilo musical preferido e dimensões da sala onde vão habitar, torna-se difícil falhar.
Colunas B&W 607 S3
Preço 800 €
Contacto B&W Group Spain