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Marantz Cinema 70s

Marantz Cinema 70s

Leonel G. Marques

15 dezembro 2023

Eisenach em Hollywood:
O receptor AV Marantz Cinema 70s enquanto amplificador estéreo


Audição


Liguei o Cinema 70s às colunas B&W705SE. Como fontes usei sobretudo o leitor de CD/SACD Atoll SACD 200SE, através de uma ligação SPDIF a um DAC DSD Holon Cyan, como auscultadores utilizei os Stax SR L500 com energizer SRM 232, mas também o liguei ao meu servidor doméstico, um WDMYCLOUDEX4100, através da ligação de ETHERNET por Powerline. Vou centrar-me sobretudo na audição através das colunas, visto que a audição através da saída de auscultadores não é de qualidade que dispense um amplificador dedicado. E o mesmo se pode dizer do streaming.
De uma forma geral posso dizer que o Cinema 70s, na sua faceta de amplificador estéreo, é um digno representante to típico som Marantz, mesmo considerando que o Cinema 70s é um modelo de receptor AV de entrada de gama da marca. A amplificação do Cinema 70s é civilizada, mesmo sóbria, produzindo um excelente palco sonoro e boa musicalidade, apesar de alguma limitação na gama média, mas com potência suficiente para reproduzir adequadamente a maior parte das gravações numa sala média / grande.

Foto 4 Marantz_Stereo70s

Começando pela clássica, neste caso a espantosa obra de Monteverdi, a Vespro, aqui interpretada pelo agrupamento Pygmalion do sempre imaginativo, Raphael Pichon. Coros, sopros e cordas. Bom desempenho do Cinema 70s embora com uma ligeira perda de foco nas grandes massas sonoras, mas sem nunca perder a musicalidade e a correcção dos timbres. Depois os novíssimos Solomon’s Knot a interpretar outra das obras que habitam os píncaros do reportório vocal barroco, os Motetos de Bach (e aqui também de Johann Christoph Bach, primo-irmão de Johann Sebastian). Desempenho aparentemente orgânico e espontâneo dos Knot, mas sempre subtil e melodioso. Resposta à altura dos Cinema 70s com as linhas melódicas perfeitamente discriminadas, com o nível de detalhe suficiente e grande neutralidade.

Foto 5 Marantz_Stereo70s

No Jazz, temos uma obra só agora integralmente disponível, a gravação completa Miles Davis ao vivo no Plugged Nickel em 1965 em SACD, com uma banda de All-Stars – Wayne Shorter, Herbie Hancock, Ron Carter e Anthony Williams –, para além do próprio, claro. Noites mágicas com gigantes no zénite das suas habilidades mágicas. O Cinema 70s, nesta gravação soberba, mostrou um desempenho à altura. Com o ataque preciso de Williams na bateria o apoio «swingado» de Carter, a inteligência de Hancock e a inventividade esfusiante de Shorter e directa ao alvo de Davis. Bom equilíbrio entre os instrumentos e reprodução correcta dos timbres sem deixar de sublinhar a excitação indesmentível que imanou da recriação dessas noites eternas.


Playlist


Pygmalion (dir. Raphael Pichon) – Monteverdi Vespro della Beata Vergina –2 CDs Harmonia Mundi
Solomon’s Knot – Bach Motets (Johann Sebastian Bach & Johann Christoph Bach – 2CDs Prospero
Miles Davis – The Complete Live at the Plugged Nickel 1965 – 8 SACDs CBS
Carmen Gomes – Up Jumped the Devil: Discovering the Music of Robert Johnson – CD Stemra
Carmen Gomes – Stones in my Passway: Discovering the Music of Robert Johnson Vol. 2– CD Stemra




Nos blues / rock temos as gravações excelentes de Carmen Gomes na aproximação ao universo maldito do maior bluesman de sempre, Robert Johnson, o tal que fez um pacto com o Diabo como Tartini. Para tocar ou compor como Johnson ou Tartini, duvido se não seria fazer a troca de uma almazeca como a minha… Mas enfim, nunca tive oportunidade… A voz de Carmen Gomes, bluesy, sentida, forte e a guitarra de Tettero, um casamento feito no Céu (ou no Inferno, neste caso). Reprodução sem problemas para o Cinema 70s com a potência e o controlo exigidos mais o nível de detalhe que empresta o não-sei-quê que transforma a audição numa experiência audiófila.

Foto 6 Marantz_Stereo70s



Conclusão


A experiência resultou em pleno. O Cinema 70s é capaz de um desempenho no seu componente estritamente de amplificação estéreo perfeitamente ao nível de um amplificador dedicado da mesma gama de preço. A conclusão pode ser importante para si, meu caro leitor, que tem de equilibrar um orçamento limitado num espaço apertado (e quem não tem?). Mas há esperança, como vê pode perfeitamente obter uma amplificação estéreo muito decente a partir do mesmo equipamento que oferece um processamento de áudio e vídeo actualizado. Basta juntar colunas (algumas…).


Receptor AV Marantz Cinema 70s


Preço                       1 000 €
Representante         B&W Group Spain