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Musical Fidelity A1

Musical Fidelity A1

Miguel Marques

11 dezembro 2023

Música em primeira classe


Audições


Começo então as minhas audições, munido de um streamer Cambridge AXN10 e de umas B&W 606 - e, se alguém está preocupado que 25 W não chegam, pois chegam perfeitamente. Sim, o meu quarto é relativamente pequeno, e, ao contrário de tantos audiófilos, não oiço música muito alto (raramente passo os 80dB), mas mesmo assim o botão de volume do A1 andou sempre entre um quatro e metade (e quase sempre mais perto de um quarto). Para além de volume, também não faltam corpo, presença ou graves - aliás já tinha tido a mesma experiência com um NAD vintage de 20 W no passado. No entanto, o A1 gosta de tocar alto, e soa substancialmente melhor quando se puxa um pouco pelo volume.

O primeiro disco que escolhi foi o excelente “Street of Dreams” (2021, Blue Note) do pianista de jazz norte-americano Bill Charlap, provavelmente o músico de jazz vivo que melhor domina o cancioneiro de standards norte-americanos. A primeira impressão que tenho deste amplificador é que é o som é, tal como a sua temperatura, muito quente - com agudos e transientes muito aveludados, e uma apresentação laid back e até ligeiramente “lenta”, no melhor sentido da palavra. Não é, de todo, um amplificador transparente (se isso for sequer possível) e tem um impacto forte no som global do sistema, mais do que qualquer outro amplificador que tenha testado até hoje neste sistema (felizmente, foi um impacto de que gostei). Gostei particularmente dos graves, mais presentes que o costume, mas sempre definidos e muito presentes - os transientes da bateria de Kenny Washington soaram também particularmente realistas.

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Em seguida resolvi experimentar um disco rock, o clássico “Dookie” (1994) dos Green Day - provavelmente o seu disco mais conhecido, em edição remasterizada de alta resolução. Aqui, uma questão de gosto acabará por imperar - a suavidade dos transientes que o A1 apresenta tira algum impacto ao som e a música rock perde algum do seu vigor, geralmente mais in your face. Por outro lado, não há qualquer vestígio de “digital” nesta reprodução, e os timbres e transientes dos instrumentos soam irrepreensíveis. É, portanto, uma questão de escolha entre um som mais cru e directo (que muitos outros amplificadores proporcionam) ou um som mais perto do som do vinilo ou dos amplificadores a válvulas, perdendo-se com isso algum poder de fogo.

Mudando para o mundo da música clássica, decidi ouvir o conhecido grupo coral The Norwegian Soloists’ Choir e o seu disco de 2017 “J.S Bach: The Motets”. Muito bem gravado, o A1 brilha aqui muito mais que no disco anterior - as vozes e a reverberação da (excelente) gravação são ideais para este tipo de amplificador, com uma precisão tímbrica irrepreensível. A genial música do compositor barroco entra-nos pelo quarto dentro com naturalidade e com uma transmissão de emoção tocante.

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Para concluir, um disco mais acústico, com a dupla Dave Matthews e Tim Reynolds, com o disco “Europe 07”, que como o disco indica, junta várias gravações da dupla numa digressão pela Europa em 2007. Muito bem gravado, o A1 volta a dar-se muito bem com música deste género, e a voz particular de Dave Matthews soa perfeita, assim como a combinação das duas guitarras acústicas - estando mais uma vez presente uma aveludar dos agudos que é sem dúvida uma marca deste produto.

Em resumo, o A1 é um dos melhores amplificadores que já ouvi nesta gama de preços, mas é também um amplificador muito particular. Não é o paradigma absoluto da neutralidade ou transparência e aplica uma camada de calor e veludo a tudo o que por lá passa e é preciso ter isso em conta. Um sistema que já soe demasiado quente ou escuro não será o ideal - assim como estilos de música em que a intensidade e a rapidez contam muito, como o rock ou a música electrónica. Não é que o A1 soe mal nestes casos, mas não é onde mais brilha. Mas para jazz, música acústica, vozes e até música clássica (“música com instrumentos sem distorção”) é um grande one trick pony, especialmente se emparelhado com colunas mais abertas, como é caso das minhas B&W 606. No sistema certo e com a música certa, é obrigatório para todos os que buscam um amplificador nesta gama de preços ouvir este A1. Muito recomendado.

PS - Fica aqui um link para um excelente vídeo a mostrar o interior do A1


MF A1 Interior



Amplificador integrado Musical Fidelity A1


Preço                   1 599 € 

Representante   Sarte Audio

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