Sub Rosa e a importância de Harpócrates
“Sub rosa significa literalmente “sob a rosa” em latim moderno […]. Na mitologia antiga, Cupido deu uma rosa a Harpócrates, o Deus do Silêncio, para o impedir de contar as indiscrições de Vénus.”
Dicionário Merriam-Webster
A HiFi Rose é uma marca de áudio relativamente recente provinda de Seul, Coreia do Sul. A sua empresa-mãe, a Citech, foi fundada em 1954, quando começou a fabricar peças para televisores na Coreia. A Citech continua a laborar e, correntemente, fabrica produtos como ecrã sensíveis ao toque sofisticados para quiosques de Internet. Mas alguém na Citech tinha os ouvidos postos num futuro diferente. Mais concretamente, um dos executivos da Citech, Daeyoung Kim, era um audiófilo e foi na pela força dessa paixão que criou na empresa uma divisão exclusivamente para o desenvolvimento de equipamento áudio. E, finalmente, em 2017 nasceu a HiFi Rose. Desde essa data, que a Rose parece ter vindo para a desafiar a hegemonia dos anglo-saxónicos (com marcas como a inglesa Naim ou a escocesa Linn) no universo de leitores de rede. E o que é certo é que a HIFI Rose, neste pouco tempo de existência, criou já uma excelente reputação para os seus equipamentos em termos de possuírem qualidades audiófilas combinadas com a funcionalidade exigida no nosso tempo.
Hoje venho falar-vos do teste a um novo leitor de rede /transporte digital – o RS 130. Ser um transporte digital significa ser desprovido de DAC. Mas apesar de nunca sair do mundo digital, o RS 130 facilita muito a conversão para o mundo analógico, através do silencio digital que consegue criar, com da substituição da conexão RJ45 por uma SFP de cobre (igualmente compatível com um módulo de fibra) e que permite também a utilização de cabos de Ethernet mais rápidos como os CAT6, 7 e 8. É a promessa do silencio de Harpócrates, quaisquer que sejam as interferências e ruídos digitais presentes na difusão dos sinais digitais.
Conector SFP
Descrição
Para um “simples” transporte, o RS 130 é um «bicharoco» pesado, sendo a caixa feita de alumínio denso e de alta qualidade, a principal culpada para o peso de 12 kg que ostenta. As dimensões caixa são: 430 (L) x 317 (P) x 125 (A) mm. A caixa do meu equipamento era negra, mas também existe em cor metalizada. A característica visual dominante do RS 130 é o seu ecrã TFT LCD sensível ao toque (eDP) com 15.4 polegadas, que ocupa todo o painel frontal, bastante brilhante (mas pode ser esmaecido), e que tem botões virtuais relativamente grandes e sensíveis, facilitando a configuração e a operação. Como é habitual nos equipamentos Rose, no painel superior surge uma versão tridimensional do logo da marca, embutido na caixa e, neste caso, também fornecendo ventilação para os circuitos internos. À frente do logo, quatro pequenos botões de cristal ao longo da extremidade frontal da placa superior permitem o acesso às predefinições favoritas, funções de reprodução/pausa, silenciamento e alimentação. Assim, o RS130 pode ser operado usando estes botões físicos ou através dos botões virtuais do ecrã sensível ao toque, bem como através do aplicativo Rose Connect num dispositivo Android ou Apple. Os botões virtuais do ecrã apresentam uma grande variedade de funções, integradas numa estrutura de decisão hierarquicamente ramificada. Tudo sem apresentar grandes desafios ao utilizador, tudo muito intuitivo.
Na parte de trás da unidade existem as saídas digitais: SPDIF RCA, AES XLR, óptica, HDMI, USB e I2S por HDMI. Existem duas entradas de relógio BNC para relógios-mestre de 50 ohm e 75 ohm. O RS130 também apresenta um conjunto de portas USB – duas para a conexão de armazenamento externo, outra para um dongle Wi-Fi, mais uma para uma unidade óptica para gravação de CDs, e uma outra designada “USB DAC”, obviamente para ligação a um DAC externo por USB. Há também uma porta “Fibra USB”, para uso com um hub para isolar a unidade de ruído externo, e o mesmo se aplica à porta “Fibra Ethernet”. A porta de fibra usa um transceptor SFP de cobre para uma porta RJ45 (fornecida com o RS 130) para uma conexão com o cabo convencional. Mas também é possível ligar o RS 130 diretamente à rede de fibra, com ganhos prováveis em termos de controlo de interferências. Um relógio-mestre OXCO, com a temperatura controlada em estufa (quer dizer, uma divisão fechada em que o oscilador a cristal é preservado a uma temperatura constante) garante a estabilidade da temporização e re-temporização de todos os fluxos digitais.
Especificações
Ecrã sensível ao toque – 15,4 polegadas TFT LCD (eDP); CPU – processador six-core ARM 64 bit, dual-core Cortex A72 e quad-core Cortex A53; GPU: – ARM Mali-T860 MP4 quad-core; memória –LPDDR4 dual-channel 4 GB; Armazenamento – 8GHz high-speed eMMC, carta M.2 M-key NVMe com suporte para disco SSD externo; entradas / saídas – entrada BNC 50 / 100 ohm para relógio digital de 10 MHz; saída HDMI 4K x 2K 60 Hz; saída I2S HDMI 32 bit / 768 kHz; saída S/PDIF óptica 32 bit / 192 kHz; saída AES/EBU 32 bit / 384 kHz e saída coaxial, 32 bit / 384 kHz. Codecs áudio compatíveis: MQA, WAV, FLAC, AIFF, WMA, MP3, OGG, APE, DFF, DSF, AAC, CDA, AMR, APE, EC3, E-EC3, MID, MPL, MP2, MPC, MPGA, M4A, ALAC, PCM: 8 kHz~768 kHz (8/16/24/32 bit); DSD nativo – DSD64 (2.8 MHz) /DSD128 (5.6 MHz) /DSD256 (11.2 MHz) /DSD512 (22.4 MHz). Protocolos de streaming: AirPlay, DLNA, Roon Ready, Spotify Connect, Bluetooth. Serviços de Internet: Tidal, Qobuz, Apple Music, Bugs, ROSE Tube, Internet radio, ROSE Podcast.
O RS 130 vem com um comando bastante funcional (mas que dispensa a utilização do ecrã sensível ao toque ou da App. E recomenda-se o uso da App Rose Connect.