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ProAc K1

ProAc K1

João Zeferino

24 agosto 2023

Um som de imaculada suavidade e exemplar transparência


Audições

As ProAc foram ouvidas no meu sistema residente, constituído por conjunto pré-amplificador / amplificador de potência Accuphase C-2150/P-7300. Na fonte esteve o servidor/streamer Aurender ACS10 e o conversor D/A Soulnote DAC2. A cablagem incluiu o cabo digital Audioquest Carbon USB e na interligação analógica balanceada o Kimber Select KS-1121. Nas colunas estiveram como habitualmente os Kimber Select KS-3033.

As ProAc ficaram colocadas sensivelmente no local preferido de 90% das colunas que passam pela minha sala. Esse ponto está a uma distância da parede posterior de cerca de 80 cm e a 40 cm das paredes laterais, posição em que ficam a pouco menos de 3 m do ponto de escuta. Após alguma experimentação, optei por colocar as colunas com os tweeters para dentro, apontadas ao ponto de escuta segundo um ângulo de cerca de 20º, o que também veio ao encontro de outras situações semelhantes antes experimentadas.

Proac K1_4

As primeiras audições foram efectuadas com a 9ª Sinfonia, de Bruckner, numa excelente gravação Reference Recordings. A música de Bruckner alterna entre passagens de um lirismo melodioso e a maior das violências sinfónicas, entre uma sonoridade intimista, quase música de câmara, no seio da enorme orquestra sinfónica e momentos da mais exaltada dinâmica. Esta primeira audição veio revelar da parte das ProAc K1, umas colunas capazes de fazer justiça à escala da música sinfónica, com uma gama média extraordinariamente líquida, arejada, definida, mas simultaneamente encorpada, capaz de revelar com precisão o que as electrónicas associadas lhes pedem sem indícios de compressão e proporcionando sempre uma envolvência no discurso musical que falta a muitas colunas de maior porte e pretensões.

Em termos dinâmicos é imediatamente evidente uma resposta rápida, precisa e incisiva, mas que nunca compromete a liquidez do discurso em favor da resolução, antes exibe um equilíbrio fantástico entre definição e musicalidade que é extremamente cativante e convida a longas horas de audição sem indícios de cansaço. Um som de imaculada suavidade e exemplar transparência.

O registo grave tem impacto, extensão e, principalmente, definição, sendo totalmente isento de ressonâncias nefastas ou colorações de caixa que poderiam, de algum modo, obscurecer pormenores ou afectar timbricamente a reprodução musical.

Proac K1_5

Obviamente que as leis da física não são facilmente rasteiradas. Umas caixas com as dimensões das K1 dificilmente poderão produzir os graves de caixas com o dobro ou triplo da volumetria, por muito que se condicione o funcionamento dos altifalantes e se adapte o crossover. Ainda assim, o registo grave que as K1 são capazes de projectar não cessou nunca de me surpreender e, nesse aspecto em particular, apenas as posso classificar como verdadeiramente incríveis, contanto que o amplificador seja capaz de lhes fornecer a indispensável corrente, e tendo em conta quer as dimensões da caixa quer o preço das colunas.

É um registo grave que se apresenta sempre limpo, timbricamente verdadeiro, demonstra sempre um controlo e uma segurança notáveis, onde a extensão e o impacto dos grandes tímbales é bem real, a sonoridade dos trombones ou da tuba não disfarça o carácter cavo característico desses instrumentos, sendo igualmente de destacar uma transição entre os registos graves e a gama média sem interferências nefastas facilmente notórias, nem o esboroar das frequências superiores que por vezes se verifica quando o altifalante de médios é chamado a reproduzir uma tão grande extensão de frequências que, no caso das K1, implica ir além dos 3 kHz.

O registo agudo é de uma suavidade a toda a prova, totalmente isento de arestas cortantes ou grão que possa comprometer o nível de detalhe. Muito explícito, timbricamente neutro e aberto e excelentemente integrado com a gama média, contribui para a coerência sonora das colunas e para uma apresentação do evento musical sem costuras, antes como um tecido contínuo. As vozes, quer solistas quer em grupo, soam muito naturais e com perfeita dicção. Ouça-se, a título de exemplo, a gravação que Gardiner fez para a Decca com os seus Solistas Barrocos Ingleses e o coro Monteverdi do Salmo Dixit Dominus, de Handel. Uma peça difícil, de grande virtuosismo vocal, onde podemos encontrar uma mistura de estilos desde o cantus firmus, passando pela rigor do contraponto alemão, servidos com uma vivacidade rítmica e uma clareza da harmonia que lhe conferem um irresistível charme. Quando umas colunas deixam perceber essas características e nos mantêm coladas à audição da peça é porque estão a fazer algo muito bem feito, e as ProAc K1 fizeram-no.

O palco sonoro gerado pelas K1 é grandioso, permitindo identificar correctamente a disposição dos diversos instrumentos de uma orquestra no espaço virtual à nossa frente. A capacidade para desaparecer de cena é uma das vantagens de colunas de duas vias e menores dimensões e, nesse aspecto, as ProAc K1 comportam-se como umas míni-monitoras. A imagem lateral estende-se para além dos limites das próprias colunas e, mesmo em profundidade, é sempre possível ter a noção de quais os instrumentos que se encontram à boca do palco e quais os que tocam nos diversos planos mais recuados, sempre com um admirável equilíbrio de dinâmica e da intensidade sonora relativa entre si e com uma focagem sem mácula.

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Conclusão

As ProAc são umas colunas monitoras de nível superior. Aliam um design singular com acabamentos primorosos, sendo muito fáceis de integrar na decoração doméstica. Desde que alimentadas por amplificação competente, brindam o ouvinte com um som onde pontua uma exemplar suavidade de apresentação sem compromissos ao nível da transparência, desenvoltura dinâmica e destrinça tímbrica. Uma sonoridade sempre envolvente, musicalmente verdadeira e que convida a longas e prazenteiras sessões de audição de música.

Lista de obras escutadas durante as audições:
• A. Bruckner, Sinfonia nº 9, Orquestra do Minnesota. Stanislaw Skrowaczewski, Reference Recordings
• P.I. Tchaikovsky, Concerto para piano e orquestra nº 1. Martha Argerich, Orq. Sinf. Radiodifusão da Baviera, Kiril Kondrashin, Philips
• J.S. Bach, Preludio e fuga em Re maior BWV532. Órgão: Michael Murray, Telarc
• GF. Handel, Dixit Dominus, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner, DECCA
• John Williams, Olympic Fanfare, National Symphonic Winds, Lowell Graham, Wilson Audiophile
• Alan Parsons Project, Eye in the Sky, Tidal
• Eddy Louiss, Sang Mêlé, Nocturne
• Patricia Barber, Café Blue, Tidal
• Joe Morello, Take Five, Tidal

Especificações:


Impedância nominal: 8 Ohm
Amplificação recomendada: 10 a 150 Watt
Resposta em frequência: 28 Hz a 30 kHz
Sensibilidade: 90 dB @1 Watt/1m
Altif. de médios/graves: Cone de Kevlar; 165 mm
Tweeter: Fita com íman de Alnico
Crossover: Componentes da mais alta qualidade.
Circuito impresso de dupla camada e cablagem
isenta de oxigénio.
Bicablagem ou biamplificação
Dimensões: 569x210x401 mm (AxLxC)
Preço: 9 600 €
          2 100 € (suportes ProAc)
Representante:Imacustica