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Diptyque DP 160

Diptyque DP 160

Jorge Gonçalves

9 abril 2023

Uma janela transparente para a música


Houve tempos em que as colunas de painel eram as colunas de sonho dos audiófilos mais cometidos que faziam juras de um dia conseguir comprar um par delas lá para casa. As Apogee, as Magneplanar, as Quad, as Soundlab e diversas outras marcas faziam correr rios de tinta sempre que estavam presentes num show de áudio. Ouvi modelos de todas estas marcas e mesmo uma boa quantidade de outros de fabricantes diferentes e em quase todos os casos fiquei com excelente impressão das suas capacidades. Aliás, para aqueles que não me conhecem assim tão bem, tenho que explicar desde já que em relação a este tipo de colunas eu não sou isento, pois tenho um par de QUAD ELS 63 quase desde o dia em que foram lançadas, em 1983. Este par foi mais tarde trocado pelo modelo Pro que tinha uma estrutura reforçada e é esse modelo que ainda reina no meu sistema residente. Isto nunca deixando de reconhecer que as QUAD 63 têm algumas «limitações» a que já em acostumei ao logo de tantos anos e com os quais convivo muito bem, já que nenhuma delas é demasiado grave. Ao mesmo tempo aceito que nos tempos actuais seja mais difícil para quem gosta daquilo que as colunas de painel fazem ter um par delas em casa, a não ser que tenha uma sala dedicada para ouvir música, já que fisicamente ocupam muito espaço e, ao mesmo tempo, precisam de algum espaço livre em sua volta, principalmente por detrás.

Foto 3

Antes de avançar mais na descrição das Diptyque DP 160 vou falar um pouco sobre o que é uma coluna de painel. Fundamentalmente consiste numa estrutura tipo moldura, que suporta no seu interior uma membrana que vibra, produzindo assim o som. Dependendo da tecnologia que dá origem ao movimento do painel, podemos dividi-las em quatro tipos principais: magnetoestáticos, magnetorestritivos, electrostáticos e as chamadas colunas de modo distribuído, desenvolvidas pela NXT há uns anos mas pouco interessantes para aplicações em áudio de qualidade,
Começando pelos electrostáticos, aqueles que, como disse acima, conheço melhor, consistem, de uma maneira simples, num filme fino de mylar sobre o qual de aplica uma camada de grafite para lhe conferir um certo nível de condutividade, e a que se aplica uma tensão elevada que pode chegar aos 4…5 kV. Na frente e na traseira desse diafragma de mylar existem dois painéis metálicos perfurados aos quais se aplica o sinal de áudio depois de ter sido amplificado para poder atingir igualmente tensões da ordem de 1 kV, usando-se para isso um transformador. Os sinais aplicados na frente e na traseira estão em oposição de fase pelo que o painel de mylar é sujeito a forças de atracção e repulsão das quais resulta a movimentação do ar, ou seja, som.

ppbm_2020

Os painéis magnetoestáticos são de um tipo semelhante mas neste caso temos uma membrana de filme fino colocado em frente a um conjunto bastante grande de ímanes magnéticos que criam um campo muito intenso. Sobre membrana de mylar ou outro material plástico colam-se folhas de alumínio muito fino, as quais são percorridas pela corrente produzida pelo sinal de áudio, ou seja, neste caso, em vez de tensões elevadas estamos a falar de correntes elevadas. Para aumentar o rendimento podemos utilizar diversas técnicas tais como colocar ímanes na frente e na traseira da membrana para um funcionamento em push-pull, e/ou ainda utilizar fitas de alumínio com dobras (ribbon) para aumentar a área de actuação. De acordo com a informação patente no site da marca, Gilles Douziech e Eric Poix, os criadores destas colunas de painel, compararam e experimentaram todas as tecnologias de altifalantes existentes no mercado: electrodinâmicos, de alto rendimento, electrostáticos, de fita nas suas diferentes versões, altifalantes rígidos de diafragma planam e assim por diante. Acabaram por chegar à conclusão que a tecnologia que permite que a música seja reproduzida com mais naturalidade é a que dá origem às colunas isodinâmicas, também designadas magnetoestáticos, em face das seguintes características:
• Difusão para uma grande área por onda plana, o que permite uma audição imersiva sem efeito de projecção sonora.
• Funcionamento dipolo, em ambos os lados da coluna, para uma excelente recriação do palco sonoro.
• Membrana de mylar extremamente fina (12 µm) com alta velocidade de resposta e sem atraso na reprodução de transientes.
• Utilização do mesmo tipo de diafragma nos graves e nos medos, ou mesmo nos agudos, o que proporciona consistência no comportamento dinâmico ao longo de todo o espectro audível.
• Sendo a traseira aberta não há “som de caixa”, um efeito que acaba sempre por retirar clareza à gama média. Como resultado, os timbres das vozes e instrumentos são respeitados de modo muito mais correcto.
• Performance consistente, equilibrada e detalhada, mesmo a baixo volume.
• Uma impedância quase constante e puramente resistiva que não representa uma carga complexa ao amplificador.
• Alta fiabilidade ao longo do tempo, pois esta colunas pois não necessitam de uma polarização em alta tensão.

dp160_flèche


As DP 160 possuem duas membranas de graves / médios com uma área total de 0,36 m2. Estas membranas funcionam segundo a tecnologia exclusiva PPBM (Push Pull Bipolar Magnet – um sistema patenteado: os ímanes bipolares de grande área, fabricados de acordo com a especificação da Diptyque, estão localizados na parte frontal e traseira do diafragma e permitem manter as fitas de alumínio dentro de um campo magnético constante quando a membrana se move, garantindo uma resposta estendida ao nível dos graves e transientes perfeitamente controlados) e a tensão mecânica de distensão da membrana de cada painel é calibrada para obtenção de graves mais extensos e lineares. O tweeter de fita TW116 é produzido como se fosse uma célula isodinâmica – filme de mylar e bobina de alumínio – que se move dentro de um intenso campo magnético produzido por ímanes de neodímio. Este tweeter está montado num painel lateral de bétula finlandesa desacoplado da estrutura principal e com a superfície perfilada para uma perfeita dispersão de altas frequências. O crossover localizado na base do painel lateral de madeira tem uma estrutura simples (pendente de 6 dB por oitava) e é construído utilizando componentes de altíssima qualidade fabricados em França: bobina de núcleo de ar, condensadores de polipropileno com estrutura de estanho e resistências não-indutivas. Em termos de personalização é possível escolher entre nada menos de 160 cores RAL, ou ainda colocar uma grelha de tecido acusticamente transparente sobre a estrutura do painel, impressa com as fotos escolhidas pelo cliente.

As especificações são como segue: topologia de 2,5 vias: médio grave / grave / agudo. A sensibilidade é de 87dB/W/m e a impedância de 4 Ohms. A resposta em frequência estende-se dos 30 Hz aos 20 kHz, a potência máxima admissível é de 200 W, sendo recomendado um valor mínimo de 60 W para a potência de saída do amplificador e as dimensões (altura / largura / profundidade) de 1625x575x42 mm, para um peso de 26 kg.
Está ainda disponível uma versão Signature das DP160 com crossover externo no qual se utilizam os melhores componentes das mais reputadas marcas de componentes para alta-fidelidade: Mundorf (Alemanha) e Lefson (França).


Foto 2

Crossover externo para a versão Signature das DP 160


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