Fulgor musical
Audições
O conjunto Audio Analogue substituiu o meu leitor de CD’s/DAC residente, tendo mantido na fonte o servidor / streamer Aurender ACS10. A amplificação constou do conjunto Accuphase C-2150/P-7300. A dar voz ao sistema estiveram as colunas Perlisten Audio S7t. A cablagem incluiu os cabos digitais Audioquest Carbon USB e Nordost Blue Heaven Coaxial. Na interligação analógica balanceada da amplificação esteve o Kimber Select KS-1121 e nas colunas os habituais Kimber Select KS-3033.
As obras escutadas durante a avaliação foram, entre outras:
• G. Mahler – Sinfonia nº 3, Orquestra Sinf. Rádio Frankfurt, Denon
• L.V.Beethoven – Concerto p/piano e orquestra nº4, Maria João Pires, Orquestra da Rádio Sueca, Daniel Harding, Onyx
• Mozart, Requiem, Coro Câmara da RIAS, Orq. Barroca de Friburgo, René Jacobs, Tidal
• S. Rachmaninov, Concerto p/piano e orquestra nº 3, Vladimir Ashkenazy, Orq. Concertgebouw Amesterdão, Bernard Haitink, DECCA
• Pink Floyd, Wish you were here, EMI
• Diana Krall, The girl in the other room, Tidal
• Patricia Barber, Companion, Tidal
• Joe Morello, Take Five, Tidal
O som do AADac pautou-se desde o início por uma naturalidade e envolvência que me soube cativar, não evidenciando uma sonoridade exibicionista ou demasiado extrovertida mesmo com um programa musical como a 3ª sinfonia de Mahler, que poderia facilmente proporcionar uma apresentação sonora desse tipo, muito embora não sofra de timidez ou de excessivo recato, digamos antes que os diversos elementos que constituem a obra musical foram apresentados com um notável equilíbrio entre arrojo dinâmico, fluidez de discurso e resolução tímbrica, num resultado global que é tanto mais notável por se tratar de um DAC de custo inferior a 5000 €.
Ainda dentro do género “clássico”, mas recuando no tempo até ao classicismo propriamente dito, realizei a audição da notável gravação que René Jacobs e a Orquestra Barroca de Friburgo fizeram do imortal Requiem de Mozart numa abordagem historicamente informada, que acabou por se revelar como uma extraordinária experiência que o AADac me proporcionou. Uma obra grandiosa que beneficiou especialmente das qualidades discriminativas do AADac, favorecendo uma imagem realista do coro, bem focado em todos os seus elementos, uma visão analítica dos intervenientes da orquestra que permitiu revelar com clareza a complexidade da escrita de Mozart, num excipiente acústico amplo e atmosférico que me transportou para sala de concertos onde foi efectuada a gravação.
Com esta gravação do Requiem de Mozart, particularmente transparente e bem definida nos seus múltiplos detalhes, ficou bem patente a capacidade do AADac para desenvolver um palco sonoro amplo e verdadeiramente tridimensional, sendo particularmente impressionante a nitidez com que nos são revelados os detalhes que acontecem nas zonas mais recuadas do palco. Por outro lado, a liquidez e uma sonoridade sedosa que propicia audições relaxantes e sem quaisquer vestígios de cansaço, emula muitas das características normalmente associadas aos formatos de alta resolução, nomeadamente o SACD, sendo um equipamento muito bem-sucedido na forma como presenteia o ouvinte com uma reprodução coerente ao longo de todo o espectro de frequências, sem variações de cor, dinâmica ou temperamento.
O registo grave é adequadamente extenso, com excelente articulação e soberbo na reprodução do timbre, permitindo visualizar sem qualquer esforço os diversos instrumentos graves de uma orquestra, sem se fazerem notar pelo excesso, como já afirmei atrás, mas com a presença suficiente e necessária ao correcto sustentáculo da música, sem nunca resvalar para exibicionismos artificiais. A passagem para os registos médios faz-se sem quaisquer descontinuidades aparentes, o que contribui para a coesão e unicidade do todo, com ficou bem patente na audição do 4º concerto para piano e orquestra de Beethoven, que soou particularmente expressivo com uma fabulosa reprodução do piano, nomeadamente na forma como apresenta as nuances interpretativas da Maria João Pires ao nível da microdinâmica, sem nunca descurar o importantíssimo acompanhamento orquestral que nunca se viu relegado para segundo plano, algo que a direcção férrea de Daniel Harding nunca permite que aconteça, assegurando sempre o diálogo entre o piano e orquestra no mesmo nível de importância. O registo agudo surge como uma continuidade natural da gama média, com um toque ligeiramente brilhante na zona de transição para os médios, sempre muito sedoso, isento de dureza ou efeitos de distorção e sem arestas que possam provocar algum tipo de desconforto.
Conclusão
O AADrive é o parceiro ideal para o DAC e um elemento essencial para o utilizador que possui uma vasta colecção de CD’s. Possui um funcionamento muito silencioso e isento de vibrações mecânicas ou interferências electromagnéticas que possam afectar a leitura dos discos, de modo a fornecer ao DAC um sinal o mais limpo e isento de erros possível.
O AADac acabou por se revelar a estrela do conjunto. Possui um funcionamento exemplar, quer ligado ao companheiro AADrive quer ao streamer Aurender via ligação USB. Independentemente do género musical revelou sempre uma alma latina que se revela na forma como música é reproduzida com fulgor, com dinamismo, com garra mas sem descurar o rigor tímbrico e rítmico, do que resulta uma sonoridade muito cativante, musical mas excitante e quase viciante. Um grande conversor D/A por um preço muito realista e totalmente justificado.
Audio Analogue AADac & AADrive
Preços: AADrive: 2.250€
AADac: 4.150€
Representante Imacustica