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Nagra Classic PHONO

Nagra Classic PHONO

Jorge Gonçalves

28 julho 2022

Música das (mais) altas esferas


A Nagra é um fabricante sobre o qual a Audio e Cinema em Casa tem falado sobejamente e o prévio de phono e que vou falar neste texto tem argumentos de peso para fazer brilhar ainda mais a insígnia da marca fundada por Stefan Kudelski em 1951.
A linha Classic define na Nagra aquilo a que se pode chamar a entrada no high-end, signifique isso o que possa significar e talvez esta classificação, oriunda da própria marca seja mais fácil de entender se olharmos «de cima para baixo»: e que tal dizer-se que a gama Classic tem um desempenho que não se afasta de modo sensível do da fabulosa linha HD, custando apenas cerca de 1/3 do preço quando se consideram equipamentos equivalentes? Soa muito melhor, não é verdade? E tudo fica ainda mais interessante quando consideramos que na gama HD não existe nenhum produto equivalente, pelo que o Classic PHONO será seguramente o prévio de gira-discos a considerar por quem tenha algum dos equipamentos desta gama e seja fã do analógico.


Descrição técnica


A frente do Classic PHONO é decididamente «clássica» em termos do que estamos habituados a ver nos equipamentos da marca desde a sua fundação, especialmente no que toca à presença do distinto «modulómetro», um nome bem mais interessante que vuímetro, quanto mais não seja pela precisão da calibração do indicador da Nagra – 0 dB correspondem mesmo a 1 V rms –, situado no lado esquerdo do painel. Este medidor indica-nos o nível de saída em dB e a luminosidade interna do LED de cor quente que ilumina o mostrador pode ser ajustada em nada menos de sete níveis através de um comutador de alavanca miniatura. Um outro comutador, este situado à direita do modulómetro, permite seleccionar a curva de igualização de acordo com as 3 disponíveis: a mais convencional RIAA, a da Teldec e a da Columbia. Esta última foi utilizada em discos LP lançados nos anos 50 e inícios dos anos sessenta e só será útil para quem tenha uma boa colecção de discos de vinilo, sobre a da RIAA pouco haverá a dizer mas sobre a da Teldec talvez valha a pena acrescentar alguns detalhes.

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Começo pelo facto de destacar que a Teldec foi uma empresa criada pela Decca e pela Telefunken no final dos anos sessenta do século XX e que nos deixou inovações de realce, tais como a masterização directa DMM e, no caso vertente, uma curva de igualização própria para gira-discos que esteve em uso algumas dezenas de anos. Esta curva, que acabou por ser mesmo proposta como uma norma pelo instituto DIN, difere da RIAA apenas na terceira constante de igualização que é de 75 µs a 2120 Hz, enquanto a da RIAA é de 50 µs a 3180 Hz. Daqui resulta um som ligeiramente mais vivo que o dos LPs gravados com a curva RIAA e que agradou a muitos amantes de música dos anos sessenta e setenta que tinham gira-discos e cabeças de relativamente baixa qualidade de reprodução no topo da gama audível. E fica desde já aqui a indicação de que Doug Sax, um dos mais respeitados engenheiros de estúdio, utilizou a curva da Teldec nos discos da Sheffield Labs! A talhe de foice, realço que está cada vez mais difícil encontrar informação fiável e relativamente aprofundada sobre o vinilo e as topologias de igualização – li mesmo discussões que colocam ao mesmo nível a igualização e os controlos de tonalidade, o que é um verdadeiro disparate. No fim de tudo acabei por recorrer a algumas revistas dos velhos tempos de que ainda não me tinha visto livre quando da mudança de instalações da Audio – a diferença entre o espaço de que dispunha e do que passei a utilizar era abissal…

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Seguem-se um LED que indica a utilização de uma cabeça de leitura mono (ainda há por aí algumas), um comutador que selecciona os modos mono e estéreo e outro para o ganho, com as indicações Low e High. Uma vez que a Nagra utiliza os sues famosos transformadores, um por canal, para aumentar a amplitude do sinal disponível numa cabeça MC em 16 dB em relação ao ganho na posição MM, os níveis «normais» de ganho disponíveis são, respectivamente, 38 dB e 54 dB. Quando se muda o comutador para a posição High passamos a ter mais 10 dB em cada um destes caos, ou seja, 64 dB para MC, o que será bem suficiente para a esmagadora maioria dos transdutores disponíveis no mercado, com um excepção de uma cabeça ou outra que tem valores de saída máximos situados entre os 100 e os 200 µV, como é o caso de algumas Ortofon antigas. À direita de tudo temos o já bem conhecido botão da Nagra para o comutador rotativo que selecciona os diversos modos de funcionamento: Desligado, som cortado, entrada 1 (MC) e entrada 2 (MM). Claro que, se o nível de saída da cabeça for adequado, pode perfeitamente utilizar-se uma cabeça MC na posição 2, e conheço realmente algumas que conseguem produzir algo como 1,5 mV! É ainda possível utilizar um transformador externo com um ganho superior a 16 dB, sendo para tal fundamental colocar fora do circuito os transformadores internos da Nagra através do conjunto de jumpers disponível na placa de circuito impresso que contém as cargas para a cabeça – mais detalhes um pouco mais adiante.

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Passando agora à traseira do equipamento, destacam-se de imediato as duas entradas por fichas RCA para PHONO 1 e PHONO 2, bem como as saídas balanceadas e não balanceadas. Dois terminais de ligação à massa, um para a entrada e outro para eventual ligação aos equipamentos complementares resolvem todas as situações que possam estar ligadas a problemas de massas. E claro que falta mencionar a entrada Schuko para a alimentação do sector, bem como a ficha Lemo para utilização da fonte de alimentação externa disponível na gama Classic.
O peso global e o interior do Classic PHONO revelam bem o cuidado quase luxuoso que a Nagra coloca na construção dos seus equipamentos. Começo pelos dois transformadores toroidais blindados para a entrada MC, os quais utilizam os memos núcleos dos que estão no HD Preamp e fio de cobre criogenizado, e sigo para o complemento de válvulas, todas duplo-tríodo: duas E88CC/6922, uma ECC817B739 e uma E83CC/B759. As referências alternativas indicam válvulas da Genalex que originalmente correspondiam a unidades de produção para fins militares ou industriais e hoje estão conforme a especificação Gold Lion, a mais elevada da marca e que era utilizada igualmente para as famosas KT88 originais hoje em dia quase impossíveis de encontrar (como as referências militares já não têm sentido hoje em dia, a Genalex utiliza indiferentemente uma ou outra referência nas suas válvulas, daí a necessidade que a Nagra sentiu de colocar as duas referências em alternativa). Com a guerra entre a Rússia a e Ucrânia as coisas ficaram bem complicadas pois a New Sensor tem a fábrica da Genalex em Saratov, na Rússia. Mas as válvulas no Classic PHONO estão garantidas para um mínimo de 5000 horas de utilização, por isso não se preocupe!

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O ganho inicial é garantido pela E83CC, a qual é seleccionada pelo nível de ruído mínimo e tem um filamento helicoidal e é seguida por um ECC81, com a correcção RIAA do tipo passivo a ter lugar através de um circuito RLC original com seis bobinas de fabricação especial. Na saída temos uma E88CC/6922 por canal, na configuração de seguidora de cátodo, com uma impedância da ordem dos 500 ohm. Os acoplamentos entre andares têm lugar através de condensadores de polipropileno da SCR combinados outros marcados Jupiter Copper Foil, de valor mais baixo. Os circuitos impressos de quatro camadas têm um substrato de resina e pistas com banho de ouro. Já a fonte de alimentação para a alta tensão é do tipo comutado e está duplicada, uma para cada canal, e utiliza condensadores de polipropileno bem volumosos para a filtragem. E claro que os suportes de válvula utilizados têm contactos dourados. Como já mencionado, um circuito impresso facilmente extraível contém não só as cargas resistivas (seis) e capacitiva (100 pF) como ainda um conjunto de jumpers que possibilitam a configuração dos diversos modos de funcionamento, tais como entrada balanceada ou não, atribuição ou não de cargas, bypass dos transformadores MC internos e assim por diante. A Nagra fornece com o Classic PHONO uma embalagem com um conjunto de cargas já montadas em circuitos impressos miniatura destinadas a serem colocadas neste circuito principal, com valores resistivos que vão dos 100 ohm a 1 kohm.
As especificações técnicas indicam uma resposta em frequência dos 20 Hz aos 50 kHz, ±0,6 dB, com uma relação sinal/ruído de -82 dB, ponderação A, uma resposta em fase com um erro máximo de 4 graus (tipicamente 0,35 graus), uma tensão de saída de 1 V rms e, como já indicado, ganhos típicos de 37,7 dB/47,7 dB (MM) e 53,9 dB/63,9 dB (MC)

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