Na Mouche!
Audição
Em primeiro lugar, tenho de confessar que a ligação do C700 à minha rede doméstica foi a ligação mais fácil que já fiz, mas também confesso porquê. Já tenho o sistema BluOS a funcionar em minha casa! De qualquer modo, a instalação de o BluOS é super-fácil e intuitiva. Liguei o C700 a um Atoll SACD200 analogicamente e digitalmente por SPDIF Toslink, a um DAC HoloAudio DSD Cyan (ligado por SPDIF coaxial ao Atoll), e, pela entrada Ethernet RJ45 através da minha Powerline doméstica devolo a um servidor doméstico, o WDMYCLOUDEX4000 de 16To. Usei as colunas residentes B&W 705 s2 e umas históricas Sonab OA-6 Type 2A. Isto quer dizer que ouvi o C700 a partir de ligações analógicas directamente às fontes e sem intervenção do DAC ES9010 e por ligações digitais, neste caso com a sua intervenção. O meu DAC, o DSD Cyan da HoloAudio, tem uma estrutura de conversão D/A superior à i9mplementada pelo chip da ESS Sabre mas este é, sem dúvida uma opção segura e com muita qualidade. Resumindo, no geral preferi o som das ligações analógicas (o som da amplificação a partir da entrada de linha do C700) e os meus comentários dirigem-se mais à audição por ligações analógicas ou por Ethernet.
Em geral, o som é detalhado e dinâmico, sem quaisquer problemas de potência (sem problemas em alimentar as Sonab, que não são fáceis de conduzir), com um bom palco sonoro. Potência, detalhe, dinamismo e separação de canais são, sem dúvida, os pontos fortes do C700, de destacar, sobretudo levando em consideração as dimensões e o preço. Talvez gostasse de um nadinha mais de musicalidade em algumas peças que envolvem a integração de orquestra e coro, mas isso em nada perturbou o gozo da audição de uma grande obra.
Playlist
Ensemble Arava – The Habsburg Garden of Heaven – CD Brilliant Classics
Goldberg Baroque Ensemble (dir. A. Szadejko) – FCS Mohrheim Cantatas & Arie – SACD MDG
Barbie Martinez – Swing! – CD DBN
Grant Green – Idle Moments – CD Blue Note
Jack White – Entering Heaven Alive – Download Qobuz 24 bit/ 96 kHz
Mais concretamente, começando pela música clássica: a gravação do Ensemble Arava, um novo agrupamento barroco, apresenta um programa de obras vocais e instrumentais de grandes compositores da época como Caldara, Bonporti, Handel e Biber. A soprano Einat Aronstein é excelente, com uma delicadeza de voz que quase fere. O detalhe que o C700 é capaz de reproduzir, serviu magnificamente o virtuosismo e a subtileza dos músicos, criando um momento muito belo. A gravação em SACD de obras de Mohrheim, apresenta outro tipo de dificuldades, com a necessidade de integrar órgão, orquestra e coros. A espacialidade e a separação de canais do C700 funcionaram muito bem, apenas talvez com uma ligeira necessidade de mais clarividência nos tutti.
No Jazz: Grant Green apresenta seu fraseado veloz e cintilante, às vezes, outras vezes bluesy ou melancólico. A gravação é uma clássica da Blue Note, com alguma reverberação acrescentada em estúdio nos agudos. Ambiente íntimo, divertido e espontâneo com o C700 a mostrar como é capaz de grande exactidão no ataque das notas, definir bem os timbres e realizar plenamente a estereofonia. O mesmo se pode dizer da grande gravação de Barbie Martinez, cheia de vida, de ritmo de musicalidade, uma sessão de standards que a voz de Martinez torna novos outra vez. O desempenho do C700 foi muito bom, dando espaço e ar aos instrumentos, colocados com precisão num palco sonoro de dimensões consideráveis e preservando os diferentes timbres e a emoção da voz de Martinez.
No Rock: Van Morrison é incapaz de fazer um disco menos bom. E What is Going to Take é mais uma prova (desnecessária) disso mesmo. A voz roufenha, rude de Van Morrison e a atmosfera sempre bluesy, sempre nocturna, sempre “do último copo antes de ir para casa”, permanecem inspiradoras e dramáticas como deve ser. O C700 soube dar conta dos recados, deixando a voz de Van Morrison descer ao fundo e os blues virem ao de cima, preservando a atmosfera, a musicalidade dos médios e as pequenas pérolas do coro, em todo o detalhe. Finalmente, a herança do rock, Jack White, ele próprio, num registo magnífico, mais intimista e acústica do que é habitual, mas magníficas melodias e grandes canções. E o C700 reproduziu-a de forma muito verosímil, transparente e com grande detalhe, sem nunca nos distrair do essencial de cada canção.
Conclusão
O C700 pretendia ser um “basta juntar colunas” do nosso tempo. Para isso, mostrou ser fácil de instalar, pequeno, disponível para interacções com os serviços de rede e servidores domésticos, com capacidade de reprodução de ficheiros de alta definição e ligação Bluetooth, mas, e isso é essencial, qualidade musical que permita a um neófito perceber como canta a música. E a um preço acessível. No sentido de satisfazer os objectivos a que se propõe, o C700 é um equipamento excelente. Com uma recomendação muito favorável da minha parte.
Amplificador / leitor em rede NAD C700
Preço: 1498,99 €
Representante: Esotérico
Telef: 219 839 550
Web: Esotérico