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Mola Mola Tambaqui

Mola Mola Tambaqui

Leonel G. Marques

5 maio 2022

Um Peixe Único no Oceano da Alta-Fidelidade


Confusing semantics and engineering is just another way of spelling “hi-fi.”

Bruno Putzeys

Talvez o nome Bruno Putzeys não seja familiar, mas muitos audiófilos já beneficiaram das suas inovações. Putzeys desenhou o circuito UcD para a Philips, e depois o módulo de amplificação NCore Class D, para a holandesa Hypex Electronics. Este módulo inovador é usado nos amplificadores da ATI, da Marantz, do Jeff Rowland e do Bel Canto, só para mencionar os mais óbvios. Com a invenção do UcD e do Ncore, Bruno Putzeys é provavelmente o responsável por transformar a amplificação de classe D, de uma arquitectura considerada inferior numa outra a considerar seriamente na construção de amplificadores de áudio topo de gama. E, já agora, porque sei que a difusão desta informação agradaria a Bruno Putzeys (ver a citação acima), informo que o D de classe D, não é D de digital, e sim a letra que se segue ao “C”, e que as várias classes de amplificação A, B, C e D são analógicas.

Mas este teste não é sobre amplificadores, ele incide sobre o prestigiado DAC Tambaqui da Mola Mola.

Descrição


O Tambaqui tem um formato e uma aparência pouco ortodoxos. Pesa 5,2 kg e tem como dimensões 110 mm de altura, 200 mm de largura e 320 mm de profundidade. É plano na parte de trás, nos lados e no fundo. A placa do painel frontal é, pelo contrário, côncava, de cima para baixo. A parte de cima possui elevações arredondadas, como uma onda, que primeiro se erguem em direcção à parte traseira, mas que depois descem e sobem – a desenharem o ciclo completo de uma onda do mar. Este formato ondulado, segundo o fabricante, ajuda a mitigar as ressonâncias induzidas por vibrações.

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A placa curva do painel de rosto é sóbria e minimalista; apenas quatro pequenos botões predefinidos para quatro fontes possíveis, disposto em linha, cada um com um LED branco circundante que acende quando a entrada é seleccionada, tendo no centro um mostrador LED redondo de 40 mm de diâmetro – quando se liga aparece o logo da marca, um desenho do peixe que lhe dá o nome –, tendo um pequeno LED indicador da ligação da alimentação acima dele.
O espaço é bem aproveitado no painel traseiro, onde se posicionam as ligações em duas filas. A partir da parte superior, da direita para a esquerda, existem duas saídas para auscultadores, uma por jack de 6,3 mm e outra balanceada por XLR de 4 pinos, seguidas pelas saídas balanceadas XLR, duas outras saídas de trigger (jack de 3,5 mm), seguidas pela entrada IEC para a tensão do sector. Na outra linha, temos uma saída HDMI I2S, uma entrada Ethernet RJ45 (Roon Ready), uma S/PDIF coaxial, outra XLR AES/EBU, uma óptica Toslink, e uma USB tipo B para actualizações de firmware e segurança USB.

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O coração do DAC Tambaqui surgiu primeiro apenas como um par de placas integradas num outro equipamento da marca, originalmente disponível para uso no pré-amplificador Makua. O Tambaqui é o primeiro DAC dedicado usando esta arquitetura, através da qual qualquer sinal digital de entrada sofre uma sobreamostragem na primeira placa para 3.125MHz/32 bit e é convertido para o formato PWM (Pulse Width Modulator). Na segunda placa encontram-se dois DACs mono, nos quais um chip FIR de 32 andares discretos e um filtro de 4ª ordem de fase única convertem o PWM num sinal analógico contínuo, exibindo uma fantástica relação sinal/ruído de 130 dB. De acordo com o Mola Mola, esta relação situa-se perto do limite teórico para ficheiros de 24 bits e muito além daquilo que se consegue nos DSD de velocidade quádrupla. Note-se que os DACs PWM tiveram durante algum tempo uma reputação não muito favorável (tal como os amplificadores classe D) e só eram praticamente aplicados em módulos que não estavam equipados com um chip dedicado de DAC. Aqui uma vez mais Putzeys a resgatar soluções de menor nota e a reinventá-las para o mundo audiófilo.

A versão do Tambaqui que me coube em sorte incluía um módulo de streaming controlável apenas por Roon (o Mola Mola tem uma App mas só para controlo remoto). Mas o Tambaqui também vem com um pequeno controlo remoto físico que permite o controlo das principais funções.
O Tambaqui processa ficheiros PCM até 384 kHz/32 bit (acima de 192kHz e 24 bit, só via USB e Roon), DoP e DSD nativo até à velocidade DSD quádrupla (também só em USB e Roon).

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