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Mola Mola Tambaqui

Mola Mola Tambaqui

Leonel G. Marques

5 maio 2022

Um Peixe Único no Oceano da Alta-Fidelidade


Audições


Liguei o Tambaqui à rede doméstica LAN e ao meu servidor DLNA WDMyCloudex4100 ou ainda ao serviço Qobuz (servindo ambos como fontes), através do Roon. Outras fontes foram: a partir da ligação USB, ao leitor de rede Aries Mini (que dispõe de um disco HDD), ao leitor Atoll SACD200, através da ligação coaxial. Em termos de auscultadores usei os AudioQuest NightHawk Carbon ligados na saída balanceada e uns HIFIMAN HE560 através do jack de ¼ de polegada. Em todos os casos liguei as saídas balanceadas XLR ao meu amplificador residente Rotel RA1592 MKII, o qual alimentava as colunas B&W 705 S2. A instalação na rede doméstica, através do Roon, foi bastante simples, embora lamente que a Mola Mola não disponha de uma App alternativa para os compradores que não estejam equipados com o Roon. Tive alguns problemas na reprodução de ficheiros DSD pelo componente de streaming, mas acabei por resolvê-los usando a ligação USB.
Começo por dizer que o Tambaqui é um dos melhores DACs que já ouvi. Perfeitamente ao nível de um Dave da Chord (com o M-scaler) ou do Merging NADAC MC-8. Talvez não chegue aos pináculos destes em termos de detalhe e alta resolução, mas atrever-me-ia a dizer que se aproxima mais do analógico, que habita um espaço sonoro mais natural e com um realismo extraordinário. Um som mais parecido com o ouvir música numa boa sala de espectáculos ou num bom clube de jazz. E isto aplica-se à reprodução através da amplificação da Rotel ou através de auscultadores (em especial no caso da soberba saída balanceada).


Playlist



Rachel Podger & Christopher Glynn – Beethoven Sonatas for Violin and Piano Nos. 1 – 5 & 10 – DSD256 NativeDSD
Le Caravansérail (D. Bertrand Cuiller) – Stabat Mater D. Scarlatti – CD Harmonia Mundi.
Rafaelle La Raggione & Il Pommo D’Oro (D. Francesco Corti) – Mandolin on Stage – CD Arcana
Noah Preminger & Max Light – Songs We Love – CD Steeplechase
Jenna Mammina – The Music & The Magic of Abbey Lincoln– DSD256 Blue Coast Music
Cowboy Junkies – Songs of the Recollection – CD Proper
Jake White – Fear of the Dawn – CD Third Man




Comecemos pela música clássica. Rachel Podger & Christopher Glynn começaram a escalar a montanha das sonatas para piano e violino de Beethoven. Na presente gravação sobressai a beleza e o dramatismo das melodias e o timbre muito aveludado do violino. A gravação tem um certo carácter íntimo e o Tambaqui preservou perfeitamente tal intimidade. Forneceu um palco considerável aos instrumentos e reproduziu o timbre do violino e os ataques das notas no piano com máximo realismo, precisão e enorme musicalidade. O Stabat Mater, de Domenico Scarlatti, é uma obra impressionante de onde sobressai o trabalho do coro e a coordenação entre coro e orquestra. Arrebatador, emotivo, espiritual. O Tambaqui foi capaz de traduzir isso tudo de forma controlada e coerente, dando palco suficiente a cada fonte sonoro e deixando a música respirar. Brilhante reprodução.


Finalmente, Raphalle La Raggione a interpretar os “grandes êxitos” em concertos barrocos para bandolim (Vivaldi, Galluppi, Lecce, etc.). O som brilhante das cordas do bandolim e das cordas da orquestra poderiam com outros DACs resvalar facilmente para a estridência. Mas nas mãos do Tambaqui, nada disso aconteceu. Preservando-se uma certa rudeza dos timbres, a reprodução nunca atingiu a estridência ou o brilho excessivo, permitindo uma escuta dinâmica e feliz.

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No jazz, Noah Preminger apresenta um disco de duetos com o guitarrista Max Light. O ambiente é descontraído com momentos de tensão criativa, de onde sobressai a aparente capacidade de debitar mil melodias cheias de ternura e mistério. O Tambaqui tornou esta audição em autêntico vinilo, com o arranhar das cordas e o sopro da palheta a oferecerem o total realismo à reprodução. Para onde foram as diferenças entre analógico e digital? A seguir, a voz inconfundível de Jenna Mammina, interpretando as canções da já intemporal Abbey Lincoln, numa gravação de alta resolução. O Tambaqui através da ligação USB com o Aries Mini, excedeu todas as minhas expectativas, alargando-se numa reprodução plena de realismo e musicalidade.


Finalmente, o rock. Um novo CD, principalmente com covers dos Cowboys Junkies e somos levados pela bela melancolia da voz de Margo Timmins e pelas guitarras ácidas dos seus irmãos. O Tambaqui soube reproduzir com grande qualidade a natureza característica do palco sonoro criado pelos Cowboys Junkies, a sua emoção eléctrica, a sua melancolia inelutável. E a última gravação em audição foi o novo CD de Jack White. Cheio de coisas novas e intrigantes, mas desta vez com muita electrónica. É um CD, diria “esgalhado”, mas a reprodução do Tambaqui mantém o controlo total sobre a temporização das massas sonoras, mantendo a experiência auditiva desafiante mas sempre agradável e divertida.


Conclusão



O Tambaqui tem nome de um peixe exótico de água doce e a Mola Mola, nome de peixe oceânico, mas igualmente exótico. Talvez o nome tenha sido escolhido para realçar a singularidade dos equipamentos, o pensamento e a concepção a alargarem-se fora do seu ambiente natural.
Como acima escrevi, tive um pequeno qui pro quo com a placa de streaming, Não foi grave e não ofusca de modo nenhum o essencial, e o essencial é que este é um dos melhores DACs que já ouvi. É um equipamento não está ao alcance de todas as bolsas, mas esse é o pecado original do high-end.
Como resumo, e disso tenho a certeza, aquilo que muitos felizes detentores de um Tambaqui vão contar acerca dele, vão parecer histórias de pescadores, com asseverações tais como: Tem um som DESTE tamanho!


Mola Mola Tambaqui


Preço – 10 990 €

Representante: Ajasom. – Telef.: 214748709 – Telem.: 963929510
Web: Ajasom