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PrimaLuna Floyd EVO 300

PrimaLuna Floyd EVO 300

Jorge Gonçalves

29 abril 2022

O melhor dos dois mundos


Audições

Saído fresquinho da caixa, o Floyd EVO 300 entrou no meu sistema habitual, substituindo a electrónica da Constellation e tendo como fonte digital o Roon Nucleus Plus com o Pro-Ject Pre Box RS2 Digital como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme. As colunas eram as QUAD ESL63 Pro, e os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, com o Floyd a ser ligado através do cabo Tiglon TPL-2000A. Na parte final do teste utilizei ainda o Teac UD-701N como descodificador e renderer de MQA.


São já bem conhecidas as opiniões de todos os que apreciam o som das válvulas, alguns quase que atribuindo-lhe qualidades mágicas. Eu próprio aprecio de sobremaneira as qualidades musicais dos equipamentos equipados com tubos de vácuo, embora provavelmente não pelas mesmas razões de outros. E isto porque é raro não ler afirmações tais como um som de veludo, redondo, quente e assim por diante. Ora uma coisa que as válvulas têm é uma capacidade quase incrível de responder a transientes, não se esqueçam de que os electrões no interior de uma válvula se deslocam no vácuo, logo não têm qualquer «empecilho» que atrase a sua movimentação. E porque será que esta característica raramente é mencionada? Pois talvez porque as topologias utilizadas nos circuitos a válvulas não potenciam este aspecto, ou ainda, porque na saída da maioria dos amplificadores de potência temos quase sempre um transformador de saída, como os correspondentes circuitos magnéticos, e o qual não deixa de adicionar a sua «assinatura sónica» ao som que ouvimos nas colunas. Claro que um bom transformador obvia estes inconvenientes mas aí entra a questão do custo, aquela inconveniência da qual nunca podemos fugir de falar. Mas o Floyd EVO 300 consegue dar a volta a essa situação, pois pura e simplesmente não utiliza transformadores, já que os MOSFETs de saída fornecem sinal directamente às colunas.

30624_PrimaLuna EVO 300 Hybrid Integrated Amplifier (silver front panel)

Depois da rodagem, começo por destacar aqui a audição do Quarteto para Cordas em Sol, de Debussy, interpretado pelo Quarteto de Cordas do Julliard. O Floyd apresentou-me uma meticulosa construção musical composta de várias melodias separadas e diversas técnicas de domínio dos instrumentos com uma veemência temperamental, quase fervente e emocional, transmitindo uma sensação de grande liberdade e plena de contrastes emocionais. No terceiro movimento a interpretação assume um carácter ligeiramente mais calmo, mas sempre com uma envolvência quase arrebatadora e uma amplitude perfeita em todas as proporções da imagem espacial. Foi uma entrada tão agradável que me obrigou a querer reouvir esta mesma peça várias vezes ao longo dos dias em que o PrimaLuna esteve em minha casa, o que é sempre um excelente sinal.


E de seguida descrevo as minhas impressões retiradas da audição do disco The Bush Crew, de Les Arbuckle. A música que me foi apresentada era como que saída de uma fonte impetuosa, com o baterista Victor Lewis a ser responsável por uma boa parte dessa acção, e, em faixas tais como Joe, quando temos as duas guitarras de John Abercrombie e Mike Stern a tocarem ao mesmo tempo, a energia parece redobrar, com um swing de jazz que não deixava ninguém impávido e sereno. Noutras faixas esta energia é temperada com elegantes contornos de mãos-livres e frases musicais inspiradas dos dois guitarristas a acompanharem o saxofone tenor de Arbuckle de uma maneira quase graciosa, o que faz com que este seja um disco de jazz imperdível para quem se considere apreciador deste tipo de música.

30618_PrimaLuna EVO 300 Hybrid Integrated Amplifier (switch detail)

Nas audições que fiz senti que a combinação entre as QUAD 63 e o Floyd era do tipo «Deus e os anjos» em termos quer da velocidade que ele imprimia às diversas interpretações quer da beleza da gama média, quer ainda do controlo que ele conseguia exercer que se traduzia numa grande naturalidade da reprodução dos graves, fosse em termos de poder fosse no que se referia a batida. Foi por isso que me «atrevi» a ouvir uma banda que não ouço há algum tempo, os Dead Can Dance, no disco Into The Labyrinth e foi impressionante ouvir as Quad 63 Pro atingirem níveis dinâmicos que raras vezes lhes tenho ouvido, incluindo transientes de graves quase imponentes, e um palco espacial quase surround, sempre com uma focagem perfeita e com as camadas correspondentes a cada elemento de acção no palco perfeitamente definidas.


Não podia deixar de experimentar a entrada de gira-discos mas neste caso tenho que limitar as minhas apreciações porque não tenho nenhuma cabeça MM na minha colecção, pelo que tive que utilizar a cabeça EMT JSD Pure Black, que na altura estava em teste e da qual tinha ficado com excelentes impressões, combinada com um transformador elevador Ortofon T-20 que descobri quase perdido na minha colecção de equipamentos. Em face do que já tinha ouvido da Pure Black e descontando o facto de já não ter muitas pistas sobre a performance do T-20, posso de maneira simples dizer que o andar de phono do Floyd está perfeitamente à altura da performance do resto da electrónica, ou seja, não foi acrescentado apenas «porque sim». Tem um som aberto, fresco e agradável e, novamente, de uma grande espacialidade quando da reprodução de música sinfónica tal como LP da Xerazade, de Rimsky-Korsakov, com Fritz Reiner a conduzir a Orquestra Sinfónica de Chicago. O som era imponente, com uma perfeita tradução do vigor e energia conferidos pelos compositores russos às suas obras, mas igualmente pleno de detalhe nos momentos mais calmos.

Conclusão


Este PrimaLuna Floyd EVO 300 foi uma das melhores combinações que tive cá em casa para as QUAD 63. Tem um som completo, que articula um excelente controlo com timbres belos e aromáticos com uma energia quase avassaladora nos graves e uma imagem espacial que vai daqui até ao outro mundo, esteja ele onde estiver. Recomendado sem quaisquer reservas.

Amplificador integrado PrimaLuna Floyd EVO 300

Preço 7150 €
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