
Uma inexcedível capacidade de reprodução tímbrica, independentemente do instrumento ou do género musical.
Não é fácil às novas marcas de alta-fidelidade aparecerem com conceitos novos e muitas acabam por parecer cópias umas das outras - mas a Wattson Audio conseguiu, nos últimos anos, apresentar uma ideia de produto que me parece genuinamente diferente do que se costuma ver por aí: produtos pequenos, simples e minimalistas, com um design elegante e moderno e que prometem um cheirinho do verdadeiro high-end suíço (leia-se, CH Precision), a um preço bastante mais módico. Recentemente, testei dois produtos desta marca (o Emerson Digital e o Emerson Analog) e fiquei bastante impressionado, e desta vez chegaram-me o Madison Lounge Edition (LE, a partir daqui) e o Madison Amplifier, dois produtos que podem (e devem) ser usados em conjunto.

Comecemos então pelo Madison LE - que é um streamer/DAC, que pode também ser usado como pré-amplificador (com controle de volume no domínio digital) e o sucessor do Madison Streamer original. De acordo com a marca suíça, houve melhorias significativas na alimentação e nos componentes do circuito em relação ao Madison Streamer (que nunca ouvi) e haverá aqui espaço para um salto sonoro audível. O Madison LE conta então com uma entrada de rede e duas entradas em formato S/PDIF, uma óptica e a outra coaxial, que aceitam ambas sinais PCM até 24 bits/192 kHz - já na entrada de rede podemos enviar um sinal PCM até 32 bits/384 kHz e DSD 256. Como saídas analógicas, temos RCA (2 V) e XLR (4 V) (sendo que, como o Madison LE conta com um circuito completamente diferencial / balanceado, se recomenda o uso das saídas XLR) e ainda uma saída de auscultadores. Nos protocolos de rede, contamos com os habituais UPnP/DLNA, Airplay, Tidal Connect, Qobuz Connect, Roon Ready e Plays with Audirvana.
Os chips são cortesia da Wolfson, os WM8742, e temos ainda a presença de um chip da Shark para controlar todo o DSP presente, como upsampling ou equalização na forma de correcção acústica. Sobre o processo interno de upsampling, em que já agora está garantido o headroom necessário para lidar com intersample overs, trata-se uma opção comum de marcas quando usam chips mais antigos como os Wolfson ou os Burr-Brown, e deixo em baixo a descrição que me foi enviada pela marca, no original:
“The incoming single is upsampled to 384kHz PCM using our own proprietary upsampling filter processed by the Madison’s SHARC digital signal processor. Here are some technical details about the upsampling filter:
Based on cubic splines.
In other words, a set of third-order polynomials is inserted between the original digital audio samples to approximate the original continuous signal. The audio samples in the incoming data stream are not altered.
The filter is optimized for time domain behaviour (impulse response, step response) and show a very limited pre/post-ringing.
It is a very short filter with smooth slope and linear phase”

Também no controle de volume temos novidades no último firmware com a substituição do processo LEEDH por um controlo de volume digital desenvolvido internamente em colaboração com a CH Precision e do qual também quero deixar a descrição:
“Developed in collaboration with CH Precision, Wattson’s new digital volume control was created specifically for the Madison platform. Replacing the former LEEDH implementation, it’s a fully in-house design shaped by a balanced process of mathematics, measurement, and critical listening. At its core, a 64-bit digital attenuator preserves even the smallest signal changes with absolute integrity. Operating in 0.5 dB steps verified to within ±0.1 dB, it maintains exceptional accuracy and linearity by minimizing truncation and rounding errors.”
Já o Madison Amplifier, um pequeno Classe A/B completamente simétrico e completamente discreto, que debita 50 W a 8 ohm, e aceita sinais RCA e XLR, foi fortemente influenciado pela CH Precision, e é um dos amplificadores mais pequenos que já tive a oportunidade de testar que não é de tipologia Classe D - embora seja necessário referir que ambos os produtos necessitam de fonte de alimentação externa, de alguma dimensão, não ficando assim tão pequenos assim que se juntam estas peças. E, já que estamos neste tópico, a Wattson acaba de lançar o Power S, uma fonte de alimentação externa (para os streamers apenas) que combina visualmente na perfeição com o Madison LE e que acredito traga ganhos sonoros significativos face à fonte actual: Wattson Power S

E, ainda antes de iniciar o teste, importa também referir que no momento em que escrevo, os Madison só contam com uma aplicação completamente funcional para sistemas iOS, onde é possível aceder aos serviços Qobuz e Tidal, a servidores DLNA e a algumas estações de rádio - para sistemas Android contamos apenas com uma aplicação chamada Remote, que permite essencialmente regular o volume do Madison LE, mudar a entrada e regular alguma definições. Isto não me fez qualquer diferença, tendo operado principalmente através dos protocolos UPnP, através da combinação MinimServer/Bubble UPnP, e Qobuz Connect, que superam ambas qualquer aplicação nativa que tenha experimentado até hoje - mas para os que pretendam o uso de uma aplicação nativa, fica a nota que terá de ter um equipamento iOS (estando, no entanto, prometida uma aplicação Android).
