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Wattson Madison LE+Madison Amplifier

Wattson Madison LE+Madison Amplifier

Miguel Marques

8 dezembro 2025


Uma inexcedível capacidade de reprodução tímbrica, independentemente do instrumento ou do género musical.


Comecei então o meu teste, usando o Madison LE como streamer e pré-amplificador no domínio digital e o Madison Amplifier, acompanhado por um NAS a correr MinimServer controlado pela aplicação Bubble UPnP. Fica aqui já um primeiro elogio à Wattson - há uns meses atrás, quando testei os Emerson, detectei um pequeno glitch no protocolo UPnP, quando havia uma troca de faixa. Esse problema foi reportado à Wattson, que me garantiu a sua resolução, e posso garantir que tudo está resolvido com o último firmware - o protocolo UPnP é gapless e sem glitches, o que significa que a Wattson ouve os comentários que lhe são enviados e os resolve, o que é excelente. O primeiro disco escolhido para audição foi o muito recente A Breath of Fresh Air (2025, Taylor Christian Records, 24-96, DR13, Peak +0,39 dB), do pianista Sean Mason - disco muito bem gravado e magistralmente composto e tocado, a confirmar Sean Mason como um dos compositores mais interessantes da cena jazz actual (o seu Southern Suite, de 2023, é também muito recomendado), tendo ainda o benefício de ser masterizado por Mark Wilder, um dos meus engenheiros de som preferidos, o que certamente contribui para o excelente som final do disco. No tema Kiss Me, nota-se rapidamente aquela que será para mim a qualidade mais evidente destes Wattson - os timbres, magníficos em todos os instrumentos, mas particularmente nos sopros. Também os transientes dos ataques mais intensos das escovas na tarola soam muito realistas, assim como a separação entre os dois sopros quando solam simultaneamente - a produção fez algum panning entre ambos, sem exagerar, e os Wattson reproduzem na perfeição o saxofone tenor e a trompete, com o nível ideal de separação (sempre distinguíveis um do outro) sem retirar coesão ou unidade ao som.

Foto 5 Watson Madison

Passei em seguida para o disco Cesária (1995, Lusafrica, 16-44.1, DR11, Peak +0,03 dB), da saudosa cantora cabo-verdiana Cesária Évora (não confundir com um disco do mesmo nome, mas de 1987). Eventualmente o seu melhor disco, muito bem gravado e composto quase na sua totalidade por mornas, era mais um bom teste para os Wattson, que voltaram a demonstrar profundos méritos nos timbres, com a voz de Cesária Évora a soar perfeitamente reproduzida, com toda a emoção e afinação que se lhe reconhece. Mais uma vez também o palco apresenta um muito bom compromisso entre coesão e separação, e a frequência de resposta soa-me tão linear quanto possível, sem acentuações de agudos ou graves, tão comuns hoje em dia, ou afundamentos / acentuações nos médios, encorpados e presentes mas sem nunca serem anasalados.

Tendo em conta a triste notícia do fim da carreira da (superlativa) pianista portuguesa Maria João Pires - muitas vezes tristemente esquecida no seu próprio país, não propriamente abundante em intérpretes desta categoria - resolvi revisitar o seu obrigatório Chopin: The Nocturnes (1996, Deutsche Grammophon, 16-44,1, DR13, Peak -0,23 dB), dedicado às peças deste nome do compositor polaco Frederik Chopin. No segundo Nocturno, em Mi Bemol Maior, o sublime uso de dinâmicas por parte de Maria João Pires é reproduzido sem mácula, tanto nos crescendos como nos diminuendos (para o qual contribui também a muita gama dinâmica do disco, como é apanágio em geral dos discos de música erudita da editora bávara). O timbre é, uma vez mais, irrepreensível, assim como a transmissão de emoção, o que é absolutamente fundamental na reprodução de um disco desta natureza - os Wattson soam tecnicamente perfeitos mas nunca «frios» ou «analíticos», quanto muito neutros, e senti-me sempre ligado à tocante interpretação de MJP destes nocturnos.

Foto 6 Wattson Madison

Para finalizar decidi ouvir um disco de rock’n roll puro e duro, para ver como é que os Wattson se aguentavam neste estilo de música, que requer dos equipamentos de alta-fidelidade características mais específicas. Escolhi para isso o disco Audioslave (2002, 16-44.1, Epic Records, DR10, Peak -0,29 dB), da banda homónima - nos anos 2000, já com o rock em forte declínio em relação às últimas três décadas, foram começando a aparecer estes supergrupos para combater esse declínio, e que geralmente combinavam membros de várias bandas importantes (no caso dos Audioslave, temos a combinação do cantor dos Soundgarden, Chris Cornell, com os instrumentistas dos Rage Against the Machine - outro bom exemplo foram os Velvet Revolver, a combinarem os instrumentistas dos Guns’N Roses com Scott Weiland, cantor dos Stone Temple Pilots). Se, nalguns casos, a música produzida por estes grupos foi uma mera reciclagem de clichés de rock para vender mais uns discos e mais uns concertos, os Audioslave foram uma excepção à regra e produziram música de grande qualidade e até razoavelmente bem gravada, certamente muito acima dos péssimos padrões da época em questão. E os Wattson brilharam mais uma vez nos timbres, com a voz de Chris Cornell, o meu cantor preferido de rock e uma perda irreparável para este género de música, a ser reproduzida com um realismo tocante e que ouvi poucas vezes até hoje, e que foi particularmente evidente no clássico Like a Stone. Para além dos timbres surpreendeu-me também pela positiva a boa energia com que a música tocou, com todo o corpo e peso que este género de música requer. Também as guitarras de Tom Morello, sempre altamente processadas, soaram low-fi, exactamente como é suposto, sem embelezamentos desnecessários.

Fiz também um pequeno teste final à saída de auscultadores do Madison LE e voltei a gostar do que ouvi, com uns Sennheiser HD700: volume, palco, corpo, frequências equilibradas, tudo me soou correcto - fiquei particularmente impressionado com a faixa Dreams (rip de SACD para FLAC 24-88,2, DR12, Peak +0,42 dB), dos Fleetwood Mac, um clássico da música pop que soou muito bem com esta combinação entre o Madison e os Sennheiser. Não sou um especialista em auscultadores, mas creio que para um uso mais casual / ocasional, não irá haver qualquer desilusão, muito pelo contrário. Também como DAC, usando um streamer da Eversolo como transporte e um cabo coaxial S/PDIF o Madison LE manteve intactas todas as qualidades descritas acima para o modo de streamer.

Foto 7 Watson Madison

Quando escrevo estes textos busco sempre analisar os produtos por duas ópticas - como soam e como funcionam. De um ponto de vista sonoro, como referi atrás, os Wattson são ambos irrepreensíveis, como demonstram não apenas as medições do Madison LE, como as minhas impressões subjectivas - para quem busca um cheirinho de high-end e goste do usar ambos os rins em simultâneo, os Wattson são a melhor proposta que já ouvi até hoje (não tendo ouvido todas, claro), tendo ficado bastante curioso para ouvir a nova fonte para o streamer. Do ponto de vista de utilização não senti falta da aplicação (embora seja necessário frisar que já tenho um servidor completamente funcional e que lido muito bem com o Qobuz Connect, o que pode não ser o caso de todos), mas senti falta de um controle remoto. Poderá ser conservadorismo meu mas prefiro usar um elemento físico para regular o volume, até pela inerência distractiva dos nossos gadgets - mesmo no meu Eversolo A6 Master Edition Gen 2 acabei por ter de ceder a esse facto e comprar o remoto opcional, o que se traduziu numa experiência muito mais satisfatória na regulação de volume.

E, apesar de ser muito impressionante o que os controlos de volume no domínio digital conseguem hoje em dia, com negligíveis perdas de resolução, fiquei (academicamente) curioso de ouvir um pré-amplificador analógico entre o Madison LE e o Madison Amplifier, tendo a sensação de que poderia haver alguns (muito ligeiros) ganhos sonoros. Sei que a teoria dos circuitos pequenos e simples tem ganho adeptos nos últimos anos, com pessoas importantes na indústria a afirmarem-se por exemplo contra os circuitos diferenciados / balanceados pelo excesso de componentes extra que trazem, e com muitos outros a abandonarem os préamplificadores em troca de controles de volume digital, como os presentes nos DACs da Sabre ou em software como o LEEDH ou mesmo em programas como o Roon, o HQ Player ou o Foobar, que já conseguem operar em 64 bit floating point. Compreendo e respeito tal posição, mas continuo a achar que um bom pré-amplificador é peça essencial num sistema de alta-fidelidade, e embora tenha de admitir que estes dois Wattson juntos soam mesmo muito bem juntos sem préamplificador analógico, a minha curiosidade académica mantém-se (e é certamente possível, quiçá altamente provável, que esteja redondamente enganado, e que a adição do préamplificador não acrescentasse absolutamente nada). E é também necessário referir que o Wattson Amplifier não debita muitos watts e que não será aconselhado para salas muito grandes, colunas pouco sensíveis e/ou com afundamentos significativos de impedância - mas num espaço pequeno, como o meu, e com umas KEF LS50, não senti qualquer falta de volume do Wattson Amplifier (embora também não seja dado a ouvir música muito alto, raramente passando os 70 dB). E, claro, não há qualquer razão para não considerar estes produtos de forma independente, eles funcionam muito bem juntos mas também por si mesmos.

Foto 8 Watson Madison

Volto, então, pela segunda vez, a recomendar sem reservas a audição de dois produtos da Wattson a todos os que busquem um produto diferenciado e muito competente tanto objectiva como subjectivamente. Foram várias semanas de audição e os Wattson estiveram sempre à altura dos acontecimentos, tendo-me ficado particularmente na memória a sua inexcedível capacidade de reproduzir timbres, independentemente do instrumento ou do género musical em questão.


PS 1 - Para quem gosta de medições, fica em baixo um link para as magníficas medições do Madison LE, a provar que a boa engenharia e a boa alta-fidelidade não são mutuamente exclusivas.

Madison LE medições

PS 2 - Tive oportunidade, nos últimos dias do meu teste, de testar o mais recente firmware, que inclui a mais recente versão do controlo do volume, como algumas melhorias sonoras extra, e fiquei muito satisfeito com o resultado, que me pareceu melhorar um pouco mais o já excelente Madison LE. Este no firmware permitirá também ver o volume numa escala negativa de dB, o que é uma excelente notícia mas que não pude experimentar, porque a nova versão da aplicação Android não chegou com o produto ainda nas minhas mãos.


Wattson Madison LE+Madison Amplifier
Preços
Wattson Madison LE (streamer e prévio)                          4995 €
Wattson Madison Amplifier (amplificador de potência)    6495 €   
Contacto Ajasom