Amplificador integrado Musical Fidelity B1xi

Leonel Garcia-Marques

18 outubro 2025

Chegar mais perto da música

Audição


Liguei o B1x1 a umas colunas B&W 705 S2, ao Holo Audio Cyan2 DSD DAC através da ligação balanceada XLR, ao leitor da Atoll SACD200 e ao streamer ARIES Mini e ainda ao servidor doméstico WDMyCloudEX4000 (através do DAC e através da ligação USB). Mas a componente de conversão é relativamente limitada e eu centrei-me, no essencial, na amplificação (até porque eu prefiro sempre um conversor dedicado).

A audição revelou uma assinatura sonora muito equilibrada e musical para um amplificador desta classe de preço. A gama média é onde o B1x1 mais brilha: vozes, cordas e instrumentos acústicos são reproduzidos com textura e realismo, num palco sonoro coerente. Os agudos são suaves, sem perda de detalhe. Os graves, embora não sejam avassaladores, estão presentes com definição e impacto. No entanto, quando aumentei um pouco mais o volume, a reprodução perdeu presença e a separação estéreo perdeu o foco. Por isso, uma ligeira restrição: cuidado com a dimensão da sala - para alguns melómanos ou audiófilos, pelo menos, o B1x1 possua amplificação suficiente para uma sala de 25m2 ou mais pequena.

                                    Playlist
Solomon’s Knot – Bach’s Horns – CD BR-Klassik
Clematis – Hammerschmidt Du Bist Schon und Lieblich – CD Ricercare
Art Pepper – Today – CD Prestige
Christian McBride Band – Without Further Ado Vol. 1 – CD Mack Avenue
Robert Plant & Saving Grace – Saving Grace – CD Nonesuch

Mas, passemos mais ao detalhe, começando pela clássica.
Os Solomon’s Knot, numa excelente gravação ao vivo conseguem conjugar 3 obras diferentes de Bach, de natureza muito diferente, mas têm em comum, passagens de trompa. A trompa é um instrumento limitado, mas capaz dos registos mais agudos e normalmente acrescenta-se a tuttis de orquestra ou a coros em momentos gloriosos. Nada melhor para um desafio para uma amplificação. O B1x1 saiu-se muito bem (desde que não o forcássemos a volumes mais elevados). Mas, como já disse, tal só acontecia a um volume razoavelmente elevado. Seguidamente temos os Clematis, que apresentam uma obra subtil de Andreas Hammerschmidt, interpretada por uma jovem soprano, Capucine Keller e um tenor, Maxime Melnik. Cordas e vozes, uma combinação gerada na imaginação de Deus para nos dar a intuir a perfeição. O B1x1 não desmereceu na pureza nos timbres e na solidão do palco sonoro e, aqui, foi mais robusto ao aumento do volume.

O jazz:
O inefável e inevitável Art Pepper tinha de aparecer, sobretudo agora que estou a ver de seguida as séries Bosch e Bosch Legacy, em que o detective Hieronymus Bosch exibe os seus conhecimentos acerca de jazz e particularmente de Hard Bop. É a gravação em que Art inclui a música que dedicou à filha, Patricia (e que se ouve também na série). Grande som do alto de Pepper, com o B1xi a captar o célebre ataque das notas de Pepper e preservando o seu inimitável timbre. A seguir, temos o novo disco da orquestra de Christian McBride a interpretar standards eternos com a colaboração de uma panóplia incrível de cantores como Sting, Samara Joy e Cécile McLorin Salvant, entre outros. Gravação divertida e envolvente, cujo ambiente, swing e emoção foi captado, sem dificuldade pelo B1xi.
Finalmente, o rock:
E nada melhor do que Robert Plant e os seus Saving Grave. Aqui mais próximo de um registo de New Grass, plácido e tranquilo, com Suzi Dian a dobrar frequentemente a sua voz, agora muito mais grave e ponderada. Encantador! Aqui o B1x1 fez maravilhas guardando só para nós esse ambiente mágico, pacato, mas não resignado, com óptima separação dos uníssonos e com espaço sonoro suficiente para todos os intervenientes. E também aqui, o B1x1 revelou-se muito menos susceptível aos efeitos da variação de volume.

Conclusão

O Musical Fidelity B1x1 é um exemplo perfeito de como a tradição pode conviver com a modernidade. Oferece o que mundo contemporâneo exige, mas mantém o foco tudo sem comprometer a qualidade sonora, a um preço razoável.
É um equipamento que se adapta a várias realidades: pode ser o coração de um sistema principal em espaços reduzidos ou um excelente segundo sistema para um escritório ou quarto, ou ainda uma porta de entrada para o mundo da alta-fidelidade.
Pelo preço, e tendo em conta o preço, a qualidade de construção, o pedigree da marca e a musicalidade do som, e apesar da terrível concorrência, o B1x1 é uma opção que se não deve ignorar.


Amplificador integrado Musical Fidelity b1xi
Preço             699 €
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